Publicado em 11/08/2025 às 16:25 - Atualizado em 25/08/2025 às 15:11
A Iniciação Científica (IC) é uma das principais atividades acadêmicas extracurriculares oferecidas pelas universidades. Ela é uma oportunidade para estudantes participarem ativamente do processo de produção de conhecimento científico, trabalhando em projetos de pesquisa sob a orientação de um professor ou um técnico.
É um componente essencial na formação do estudante, pois aprimora habilidades de pesquisa e oferece uma visão prática da área de estudo escolhida. “Ela estimula o pensamento crítico, o domínio de métodos científicos e a autonomia intelectual dos estudantes. Ao integrar ensino e pesquisa, a IC fortalece o compromisso com a produção de conhecimento de qualidade”, explica Carlos Ueira, diretor de Pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
A participação em projetos de pesquisa prepara os alunos para os desafios da vida acadêmica, como a pós-graduação, e para o mercado de trabalho, ao desenvolver competências como autonomia, organização e capacidade de análise. “Esses atributos são valorizados tanto em programas de pós-graduação quanto em setores produtivos que demandam inovação”, acrescenta Ueira.
O principal objetivo é integrar o aluno ao universo da pesquisa, permitindo que ele contribua para a ciência e a tecnologia. Por meio da IC, o estudante pode aprofundar seu conhecimento em temas específicos, validar hipóteses e, assim, participar da construção de novos saberes ao lado de pesquisadores experientes.
Na UFU, o órgão responsável por gerenciar as ICs é a Diretoria de Pesquisa (Dirpe), ligada à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (ProPP). Anualmente, a diretoria abre editais específicos para que os alunos e os orientadores se inscrevam para concorrer às bolsas ou para desenvolver pesquisas de forma voluntária. As bolsas são ofertadas pelas agências de fomento e pela UFU e variam de acordo com cada edital.
As agências de fomento são instituições, geralmente públicas, que têm como objetivo principal financiar projetos de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico. Na UFU, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) são as agências que concedem bolsas de Iniciação Científica para estimular a pesquisa.
A universidade, por sua vez, também atua no fomento à pesquisa, oferecendo bolsas e programas próprios. A principal diferença está na origem do recurso e no formato de seleção. Enquanto as bolsas do CNPq e da Fapemig são concedidas a projetos de pesquisa aprovados em editais específicos dessas agências, as bolsas da UFU são financiadas com recursos da própria universidade.
Existe uma série de programas e modalidades específicas que atendem a diferentes públicos e objetivos voltados à Iniciação Científica. Essas iniciativas, muitas vezes em parceria com agências de fomento, visam estimular a pesquisa desde o ensino básico até a graduação, abrangendo diversas áreas do conhecimento.
É um dos programas mais conhecidos, focado em estimular a pluralidade e a diversidade da pesquisa. Seu principal objetivo é fortalecer o desenvolvimento científico na UFU, abrangendo todas as áreas do conhecimento. As bolsas são concedidas pelo CNPq, pela Fapemig, além da própria UFU.
Similar ao Pibic, o Pibiti tem como foco o desenvolvimento tecnológico. A grande diferença é sua ênfase nos processos de inovação. Ele é direcionado a projetos que buscam não apenas a produção de conhecimento, mas também a criação de produtos, processos e serviços inovadores. Este programa é financiado pelo CNPq e pela UFU.
Visando despertar o interesse pela pesquisa em jovens, a UFU tem programas específicos para o Ensino Básico. O Pibic do Ensino Básico e o BIC Júnior têm o objetivo de estimular o senso crítico e a produção de conhecimento científico em estudantes de escolas públicas. A diferença entre eles reside nas agências de fomento: enquanto o primeiro é financiado pelo CNPq e UFU, com possibilidade de atuação em toda a educação básica, o segundo conta com recursos da Fapemig e da própria universidade, com foco no Ensino Médio. A Escola de Educação Básica (Eseba/UFU) também é contemplada por esses programas.
Maísa Gonçalves da Silva, professora da Eseba/UFU, destaca como essa vivência ainda na infância influencia não apenas a formação acadêmica, mas também a visão de mundo e até a escolha profissional dos jovens: “É a possibilidade de experimentar uma situação de pesquisa, ainda que seja um recorte bem pequeno, mas que tenha contato com ações dentro daquela determinada área de conhecimento. Tenho ex-alunos que hoje cursam Engenharia Civil, Medicina, Jornalismo, Relações Internacionais, Dança e diversas áreas que iniciaram ainda na Educação Básica”.
Trata-se de um programa exclusivo para os estudantes da Escola Técnica de Saúde (Estes/UFU). Financiado com recursos da própria universidade, ele busca estimular a pesquisa em uma área de conhecimento específica, contribuindo para o fortalecimento do desenvolvimento científico e tecnológico dentro da escola técnica.
Essa é uma alternativa para os estudantes que desejam participar da Iniciação Científica sem o recebimento de bolsa. Embora não haja remuneração, os participantes têm a oportunidade de adquirir a mesma experiência de pesquisa e recebem certificação ao final do projeto, o que enriquece significativamente o currículo.
Além desses programas, a UFU tem implementado editais específicos voltados para ações afirmativas e sobre diversidade sexual e de gênero. Essas iniciativas, em parceria com a Diretoria de Estudos e Pesquisas Afrorraciais (Diepafro) e com a Comissão Permanente de Acompanhamento da Política de Diversidade Sexual e de Gênero (CPDiversa), demonstram o compromisso da universidade em promover a inclusão e a equidade na pesquisa.
Anualmente, a UFU promove o Seminário de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação, um espaço de encontro, estudo e reflexão a respeito das pesquisas e das tecnologias desenvolvidas na universidade. Com o objetivo de integrar e valorizar o papel indissociável da pesquisa, da pós-graduação, da inovação tecnológica e da divulgação científica na construção da ciência, é o momento em que os alunos de IC apresentam os resultados dos seus trabalhos.
Como parte do evento, acontece a Premiação do Sistema de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação, que busca reconhecer os pesquisadores de destaque da instituição. São mais de 700 alunos que enviam seus trabalhos anualmente em categorias que se diferem em grau de ensino (básico, técnico e graduação) e também nas áreas do conhecimento (Ciências da Vida, Exatas, Humanas e Sociais, Letras e Artes).
Para além da UFU, os estudantes podem apresentar seus trabalhos em eventos científicos e participar de premiações promovidas por outras instituições. Em 2022, Maria Eduarda Ferreira representou a universidade na Feira Internacional de Ciências e Engenharia Regeneron (Isef), nos Estados Unidos. Quando estava no segundo ano do Ensino Médio, a aluna foi contemplada com uma bolsa do Pibic do Ensino Básico, em parceria com a UFU. Com sua pesquisa sobre atividade antibacteriana do própolis verde, Ferreira ganhou o Prêmio de Excelência em Pesquisa, da Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC).
Anualmente, o CNPq realiza o Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica. Neste ano, Isabelle Namias Cunha, aluna do curso de Design da UFU, venceu a categoria “Bolsista de Iniciação Tecnológica”. A pesquisa buscou desenvolver dispositivos de segurança para marcenarias que fossem mais efetivos, ergonômicos e acessíveis, através da impressão 3D. “A universidade foi fundamental para que a pesquisa fosse desenvolvida. Tudo iniciou com o projeto de iniciação tecnológica, o qual não teria sido possível sem a atuação da universidade”, destacou a aluna.
Para os estudantes, a vivência também traz ganhos pessoais e técnicos. Francisco Apolinário, aluno de Engenharia Mecânica e que desenvolve IC, afirma que o desafio vai além da parte técnica: “aprender tópicos complexos exige esforço, mas o mais difícil é criar meus próprios cronogramas e trabalhar de forma autônoma”.
Ao final, a Iniciação Científica na UFU se mostra não apenas como um caminho para formar pesquisadores, mas também como uma ferramenta de transformação pessoal e social, que amplia horizontes e oportunidades. Como resume Apolinário: “além da preparação prévia, a insistência e a demonstração de interesse fazem um papel fundamental para entrar e aproveitar ao máximo essa experiência”.
Experiência que pode também abrir portas para a carreira acadêmica, como aconteceu com Sandra Klein, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da UFU. “Foi a IC que me proporcionou, na prática, o entendimento de como funciona a pesquisa científica. Ter essa clareza foi fundamental para eu decidir seguir no mestrado e, posteriormente, no doutorado”, conta.
Silva, da Eseba, mostra ainda como a IC rompe barreiras sociais e econômicas: “estudantes que passam a ter contato com esse espaço em termos de pesquisa, acabam ganhando mais articulação e, porventura, ter acesso, por exemplo, a uma bolsa de pesquisa. Através da IC, alguns alunos fizeram a sua primeira viagem de avião, ficaram hospedados em um hotel pela primeira vez, conheceram o mar, outros estados que não tiveram oportunidade com a condição financeira e a realidade da família, além de terem criado redes de apoio e comunicação entre outros pesquisadores”.
A Iniciação Científica é mais do que uma atividade extracurricular; ela molda o futuro dos alunos, desde a escola básica até o ensino superior. A UFU, por meio de seus diversos programas e iniciativas, se consolida como um ambiente para a pesquisa, capacitando os estudantes a se tornarem agentes de transformação e inovação.
Você pode ver mais detalhes de como desenvolver uma IC no site da ProPP ou no vídeo abaixo:
É uma série institucional, desenvolvida pela Diretoria de Comunicação Social da UFU. A série tem como objetivo apresentar atividades acadêmicas que podem ser realizadas pelos estudantes de graduação da Universidade.
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