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Pesquisa

UFU Caminhos: Iniciação Científica

Programa é a porta de entrada de alunos no universo da pesquisa

Publicado em 11/08/2025 às 16:25 - Atualizado em 25/08/2025 às 15:11

UFU reúne alunos para apresentarem os resultados das suas pesquisas. (Foto: Marco Cavalcanti)

 

A Iniciação Científica (IC) é uma das principais atividades acadêmicas extracurriculares oferecidas pelas universidades. Ela é uma oportunidade para estudantes participarem ativamente do processo de produção de conhecimento científico, trabalhando em projetos de pesquisa sob a orientação de um professor ou um técnico.

É um componente essencial na formação do estudante, pois aprimora habilidades de pesquisa e oferece uma visão prática da área de estudo escolhida. “Ela estimula o pensamento crítico, o domínio de métodos científicos e a autonomia intelectual dos estudantes. Ao integrar ensino e pesquisa, a IC fortalece o compromisso com a produção de conhecimento de qualidade”, explica Carlos Ueira, diretor de Pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

A participação em projetos de pesquisa prepara os alunos para os desafios da vida acadêmica, como a pós-graduação, e para o mercado de trabalho, ao desenvolver competências como autonomia, organização e capacidade de análise. “Esses atributos são valorizados tanto em programas de pós-graduação quanto em setores produtivos que demandam inovação”, acrescenta Ueira.

 

Foto de uma sala de apresentação de ICs
Alunos de diferentes áreas do conhecimento podem desenvolver pesquisas sob orientação. (Foto: Marco Cavalcanti)

 

O principal objetivo é integrar o aluno ao universo da pesquisa, permitindo que ele contribua para a ciência e a tecnologia. Por meio da IC, o estudante pode aprofundar seu conhecimento em temas específicos, validar hipóteses e, assim, participar da construção de novos saberes ao lado de pesquisadores experientes.

Na UFU, o órgão responsável por gerenciar as ICs é a Diretoria de Pesquisa (Dirpe), ligada à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (ProPP). Anualmente, a diretoria abre editais específicos para que os alunos e os orientadores se inscrevam para concorrer às bolsas ou para desenvolver pesquisas de forma voluntária. As bolsas são ofertadas pelas agências de fomento e pela UFU e variam de acordo com cada edital.

 

Agências de fomento

As agências de fomento são instituições, geralmente públicas, que têm como objetivo principal financiar projetos de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico. Na UFU, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) são as agências que concedem bolsas de Iniciação Científica para estimular a pesquisa.

A universidade, por sua vez, também atua no fomento à pesquisa, oferecendo bolsas e programas próprios. A principal diferença está na origem do recurso e no formato de seleção. Enquanto as bolsas do CNPq e da Fapemig são concedidas a projetos de pesquisa aprovados em editais específicos dessas agências, as bolsas da UFU são financiadas com recursos da própria universidade.

 

Os diferentes programas de Iniciação Científica
Aluno apresentando IC
É possível realizar a IC recebendo bolsas de apoio e também de forma voluntária. (Foto: Marco Cavalcanti)

Existe uma série de programas e modalidades específicas que atendem a diferentes públicos e objetivos voltados à Iniciação Científica. Essas iniciativas, muitas vezes em parceria com agências de fomento, visam estimular a pesquisa desde o ensino básico até a graduação, abrangendo diversas áreas do conhecimento.

  • Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic)

É um dos programas mais conhecidos, focado em estimular a pluralidade e a diversidade da pesquisa. Seu principal objetivo é fortalecer o desenvolvimento científico na UFU, abrangendo todas as áreas do conhecimento. As bolsas são concedidas pelo CNPq, pela Fapemig, além da própria UFU.

  • Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Tecnológica (Pibiti)

Similar ao Pibic, o Pibiti tem como foco o desenvolvimento tecnológico. A grande diferença é sua ênfase nos processos de inovação. Ele é direcionado a projetos que buscam não apenas a produção de conhecimento, mas também a criação de produtos, processos e serviços inovadores. Este programa é financiado pelo CNPq e pela UFU.

  • Programas de Iniciação Científica para o Ensino Básico (BIC Jr. e Pibic Ensino Básico)

Visando despertar o interesse pela pesquisa em jovens, a UFU tem programas específicos para o Ensino Básico. O Pibic do Ensino Básico e o BIC Júnior têm o objetivo de estimular o senso crítico e a produção de conhecimento científico em estudantes de escolas públicas. A diferença entre eles reside nas agências de fomento: enquanto o primeiro é financiado pelo CNPq e UFU, com possibilidade de atuação em toda a educação básica, o segundo conta com recursos da Fapemig e da própria universidade, com foco no Ensino Médio. A Escola de Educação Básica (Eseba/UFU) também é contemplada por esses programas.

Maísa Gonçalves da Silva, professora da Eseba/UFU, destaca como essa vivência ainda na infância influencia não apenas a formação acadêmica, mas também a visão de mundo e até a escolha profissional dos jovens: “É a possibilidade de experimentar uma situação de pesquisa, ainda que seja um recorte bem pequeno, mas que tenha contato com ações dentro daquela determinada área de conhecimento. Tenho ex-alunos que hoje cursam Engenharia Civil, Medicina, Jornalismo, Relações Internacionais, Dança e diversas áreas que iniciaram ainda na Educação Básica”.

 

Alunos da Eseba recebendo premiação
Três pesquisas desenvolvidas na Eseba foram premiadas no evento internacional Milset, que aconteceu em maio deste ano, em Fortaleza (CE). (Fotos: arquivo pessoal)
  • Iniciação Científica na Escola Técnica de Saúde (IC Estes)

Trata-se de um programa exclusivo para os estudantes da Escola Técnica de Saúde (Estes/UFU). Financiado com recursos da própria universidade, ele busca estimular a pesquisa em uma área de conhecimento específica, contribuindo para o fortalecimento do desenvolvimento científico e tecnológico dentro da escola técnica.

  • Programa Institucional de Iniciação Científica Voluntária (PIVIC)

Essa é uma alternativa para os estudantes que desejam participar da Iniciação Científica sem o recebimento de bolsa. Embora não haja remuneração, os participantes têm a oportunidade de adquirir a mesma experiência de pesquisa e recebem certificação ao final do projeto, o que enriquece significativamente o currículo.

Além desses programas, a UFU tem implementado editais específicos voltados para ações afirmativas e sobre diversidade sexual e de gênero. Essas iniciativas, em parceria com a Diretoria de Estudos e Pesquisas Afrorraciais (Diepafro) e com a Comissão Permanente de Acompanhamento da Política de Diversidade Sexual e de Gênero (CPDiversa), demonstram o compromisso da universidade em promover a inclusão e a equidade na pesquisa.

 

Reconhecimento
Troféus da III Premiação do Sistema de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação da UFU, realizada em 2024
Troféus da III Premiação do Sistema de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação da UFU, realizada em 2024. (Foto: Marco Cavalcanti)

Anualmente, a UFU promove o Seminário de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação, um espaço de encontro, estudo e reflexão a respeito das pesquisas e das tecnologias desenvolvidas na universidade. Com o objetivo de integrar e valorizar o papel indissociável da pesquisa, da pós-graduação, da inovação tecnológica e da divulgação científica na construção da ciência, é o momento em que os alunos de IC apresentam os resultados dos seus trabalhos.

Como parte do evento, acontece a Premiação do Sistema de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação, que busca reconhecer os pesquisadores de destaque da instituição. São mais de 700 alunos que enviam seus trabalhos anualmente em categorias que se diferem em grau de ensino (básico, técnico e graduação) e também nas áreas do conhecimento (Ciências da Vida, Exatas, Humanas e Sociais, Letras e Artes).

Para além da UFU, os estudantes podem apresentar seus trabalhos em eventos científicos e participar de premiações promovidas por outras instituições. Em 2022, Maria Eduarda Ferreira representou a universidade na Feira Internacional de Ciências e Engenharia Regeneron (Isef), nos Estados Unidos. Quando estava no segundo ano do Ensino Médio, a aluna foi contemplada com uma bolsa do Pibic do Ensino Básico, em parceria com a UFU. Com sua pesquisa sobre atividade antibacteriana do própolis verde, Ferreira ganhou o Prêmio de Excelência em Pesquisa, da Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC).

Anualmente, o CNPq realiza o Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica. Neste ano, Isabelle Namias Cunha, aluna do curso de Design da UFU, venceu a categoria “Bolsista de Iniciação Tecnológica”. A pesquisa buscou desenvolver dispositivos de segurança para marcenarias que fossem mais efetivos, ergonômicos e acessíveis, através da impressão 3D. “A universidade foi fundamental para que a pesquisa fosse desenvolvida. Tudo iniciou com o projeto de iniciação tecnológica, o qual não teria sido possível sem a atuação da universidade”, destacou a aluna.

 

À esquerda, Maria Eduarda Ferreira no Laboratório de Ensaios Antimicrobianos da UFU, e à direita, Isabelle Namias Cunha recebendo a premiação do CNPq
À esquerda, Maria Eduarda Ferreira no Laboratório de Ensaios Antimicrobianos da UFU, e à direita, Isabelle Namias Cunha recebendo a premiação do CNPq. (Fotos: arquivos pessoais)

 

Para os estudantes, a vivência também traz ganhos pessoais e técnicos. Francisco Apolinário, aluno de Engenharia Mecânica e que desenvolve IC, afirma que o desafio vai além da parte técnica: “aprender tópicos complexos exige esforço, mas o mais difícil é criar meus próprios cronogramas e trabalhar de forma autônoma”.

Ao final, a Iniciação Científica na UFU se mostra não apenas como um caminho para formar pesquisadores, mas também como uma ferramenta de transformação pessoal e social, que amplia horizontes e oportunidades. Como resume Apolinário: “além da preparação prévia, a insistência e a demonstração de interesse fazem um papel fundamental para entrar e aproveitar ao máximo essa experiência”.

Experiência que pode também abrir portas para a carreira acadêmica, como aconteceu com Sandra Klein, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da UFU. “Foi a IC que me proporcionou, na prática, o entendimento de como funciona a pesquisa científica. Ter essa clareza foi fundamental para eu decidir seguir no mestrado e, posteriormente, no doutorado”, conta.

 

À esquerda, Francisco Apolinário apresentando sua pesquisa no Congresso Nacional de Estudantes de Engenharia Mecânica, e à direita, Sandra Klein em suas atividades no Laboratório de Biotecnologia em Modelos Experimentais da UFU
À esquerda, Francisco Apolinário apresentando sua pesquisa no Congresso Nacional de Estudantes de Engenharia Mecânica, e à direita, Sandra Klein em suas atividades no Laboratório de Biotecnologia em Modelos Experimentais da UFU. (Fotos: arquivos pessoais)

 

Silva, da Eseba, mostra ainda como a IC rompe barreiras sociais e econômicas: “estudantes que passam a ter contato com esse espaço em termos de pesquisa, acabam ganhando mais articulação e, porventura, ter acesso, por exemplo, a uma bolsa de pesquisa. Através da IC, alguns alunos fizeram a sua primeira viagem de avião, ficaram hospedados em um hotel pela primeira vez, conheceram o mar, outros estados que não tiveram oportunidade com a condição financeira e a realidade da família, além de terem criado redes de apoio e comunicação entre outros pesquisadores”.

A Iniciação Científica é mais do que uma atividade extracurricular; ela molda o futuro dos alunos, desde a escola básica até o ensino superior. A UFU, por meio de seus diversos programas e iniciativas, se consolida como um ambiente para a pesquisa, capacitando os estudantes a se tornarem agentes de transformação e inovação. 

Você pode ver mais detalhes de como desenvolver uma  IC no site da ProPP ou no vídeo abaixo:

 

UFU Caminhos

É uma série institucional, desenvolvida pela Diretoria de Comunicação Social da UFU. A série tem como objetivo apresentar atividades acadêmicas que podem ser realizadas pelos estudantes de graduação da Universidade. 

Acompanhe pelos nossos canais oficiais e conheça o que a UFU oferece para além das salas de aula.

 

 

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