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Prédios do MUnA e do Mineirão estão em processo de tombamento

Patrimônio histórico-cultural e a manutenção da identidade e da memória

Publicado em 05/10/2023 às 12:55 - Atualizado em 23/10/2023 às 10:22

O Museu Universitário de Arte da UFU (MUnA/UFU) foi criado em 1996 e inaugurado em 1998. (Foto: Milton Santos)

 

No último ano, começou o tombamento de dois importantes prédios vinculados à Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O Museu Universitário de Arte (MUnA/UFU) teve seu processo iniciado ao final de 2022 e o antigo Mineirão, bloco 1Q do campus Santa Mônica, onde hoje é o Museu de Minerais e Rochas, no segundo semestre de 2023. Ambos integram o Setor de Apoio a Museus, Centros de Documentação, Memória e Arquivos da Universidade (Seamus/UFU) e o trâmite para torná-los patrimônios histórico-culturais é feito junto à Prefeitura Municipal de Uberlândia.

Esta é uma negociação que demanda tempo e muita articulação, segundo Maria Angelotti, professora e diretora do Instituto de História da UFU. Isso porque, além de todo o processo padrão, nesse caso, se trata do tombamento de propriedades federais, que será realizado em conjunto com o Conselho Municipal de Patrimônio.

Antes de falar mais sobre como está esse processo, é preciso explicar um pouco sobre os patrimônios histórico-culturais municipais – e sua importância para a manutenção da identidade e da memória de Uberlândia.

 

O que é patrimônio histórico-cultural?

De acordo com a classificação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), patrimônios culturais são “monumentos, grupos de edifícios ou sítios que tenham valor universal excepcional do ponto de vista histórico, estético, arqueológico, científico, etnológico ou antropológico”. Assim, são definidos como bens cuja importância histórico-cultural para uma região ou um povo foi reconhecida e eternizada.

Nesse sentido, patrimônios podem ser tanto materiais, como construções e obras de arte, quanto imateriais – por exemplo, tradições e manifestações simbólicas. Em Uberlândia, por exemplo, a Biblioteca Municipal Juscelino Kubitschek é um patrimônio material, enquanto a Festa do Congado se configura como imaterial.

Além disso, por conta da ampla preservação de referências culturais como essas, a cidade foi destacada pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha). O Iepha classificou Uberlândia pelo terceiro ano consecutivo, em 2023, como o município do Triângulo Mineiro que mais volta suas ações e políticas públicas para a preservação de patrimônios culturais. A pontuação foi feita a partir do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do Patrimônio Cultural.

Nesse sentido, a importância do patrimônio se pauta no fato de que ele contribui para a preservação da memória de determinado tempo, sociedade, contexto e povo. Além disso, cria benefícios para a cidade por meio do fomento da cultura e do turismo na região. Diante disso, é necessário também discutir a preservação dos patrimônios.

 

Por que preservar?

Segundo Rodrigo Freitas, membro do Conselho MuNA e professor do Instituto de Artes da UFU,  a preservação do patrimônio está atrelada à manutenção da história da cidade. Assim, “se não houver preservação do patrimônio, não haverá, necessariamente, a perda da memória daquilo, mas dos traços que caracterizam, por exemplo, aquele local e sua história”, explica.

Somado a isso, a necessidade de manter viva a memória por meio da preservação do patrimônio histórico-cultural, principalmente no Brasil, se relaciona à riqueza cultural do país. Isso porque se trata de uma nação plural, composta por uma ampla diversidade étnico-racial. Assim, é importante conhecer, valorizar e preservar as características culturais desses diferentes grupos que convivem no território nacional.

Maria Angelotti afirma ainda que a preservação do patrimônio também está ligada ao vínculo de um povo a sua história e identidade. “Olhar para o seu passado, para o seu histórico social e se reconhecer é valorizar essa história. É isso o que o patrimônio faz”, conclui.

 

O que motiva o tombamento?

Diante disso, é possível pensar nos motivos que levam à decisão de tornar um bem, material ou imaterial, um patrimônio. O tombamento é um processo que garante a preservação da arquitetura, no caso de prédios e construções, e das características histórico-culturais de uma comunidade. Segundo Freitas, “o tombamento assegura uma melhor preservação em termos de manutenção e cuidado”.

Além disso, Angelotti também aponta que esse processo tem uma relação direta com o que a sociedade vive no momento em que a decisão do tombamento é realizada. A professora destaca, ainda, que “o patrimônio passa a ser reconhecido como algo historicamente relevante para a comunidade em questão”, e que gerar esse reconhecimento pode ser o principal motivo para tombar um bem.

Tendo isso em vista, o processo de transformar em patrimônios os prédios do MUnA e do Mineirão configuram uma tentativa de preservação destes espaços, que são importantes para a manutenção da memória e da cultura de Uberlândia. Também são uma maneira de fomentar a pesquisa e os estudos realizados pela UFU, porque são lugares-sede de arquivos históricos que possuem grande valor social.

O tombamento dos edifícios se encontra em estágio inicial. O MUnA, porém, teve seu processo iniciado há mais tempo, logo está mais avançado se comparado ao do prédio do Mineirão. Este, por sua vez, ainda precisa passar por todo o trâmite de acordos com os Institutos da UFU que utilizam de seu espaço. Conforme explica Maria Angelotti, essa fase torna o andamento mais lento, mas é necessária para que tudo ocorra de maneira legal e ele se torne, de fato, um patrimônio histórico-cultural. A previsão para que isso ocorra é de um ou dois anos.

 

O prédio do Mineirão é o bloco mais antigo e o primeiro a ser construído na UFU
O prédio do Mineirão é o bloco mais antigo e o primeiro a ser construído na UFU. Foto: Milton Santos

 

Sobre os Prédios

O Museu de Minerais e Rochas foi criado em 1987 e é vinculado ao Instituto de Geografia da UFU. Ele conta com uma exposição permanente de minerais, rochas, fósseis e recursos energéticos, além de mais de 250 exemplares de material para ensino e pesquisa na área.

Já o Museu Universitário de Arte (MUnA) foi inaugurado em 1975 e faz parte do Instituto de Artes da Universidade. Ele possui espaços expositivos, um acervo de obras modernas e contemporâneas, reserva técnica e salas de conservação e restauro. O MUnA fica localizado no Bairro Fundinho, próximo à Casa da Cultura, e se direciona à formação de profissionais e de público para as artes visuais, complementando as atividades de ensino, pesquisa e extensão da UFU.

 

Programação

O Museu Universitário de Arte (MUnA) e o Museu de Minerais e Rochas, ambos da UFU, são abertos ao público e possuem entrada gratuita. Os horários de funcionamento são:

 

MUnA

  • Terça a sexta-feira - 9h às 18h;
  • Sábado e domingo - 13h às 17h.

 

Museu de Minerais e Rochas

  • Segunda a sexta-feira - 8h30 às 11h30 e das 14h às 17h.

 

Política de uso: A reprodução de textos, fotografias e outros conteúdos publicados pela Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) é livre; porém, solicitamos que seja(m) citado(s) o(s) autor(es) e o Portal Comunica UFU.

 

 

Palavras-chave: MUnA Mineirão Tombamento

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