Publicado em 07/12/2023 às 14:00 - Atualizado em 08/12/2023 às 17:25
“Minha negritude me ajudou a entender desde a infância que é necessário vencer os obstáculos, mesmo que tudo em sua volta parece demonstrar que não é possível”. (Antônia Aparecida Rosa)
A história de uma mulher que viveu no século XIX no interior do Brasil e, por sua coragem, mudou o mundo ao seu redor. Nascida na Ilha de Itaparica, a marisqueira, pescadora e trabalhadora braçal teria liderado um grupo de 200 pessoas, entre mulheres negras, índios tupinambás e tapuias, nas batalhas contra os portugueses que atacavam a Ilha, a partir de 1822.
Conta-se que Maria Felipa era descendente de negros escravizados, vindos do Sudão e, junto ao seu grupo, tinha a façanha de incendiar algumas embarcações portuguesas, durante a Batalha de Itaparica. Esta história é contada no livro infantil "Maria Felipa", do escritor mineiro Thiago Fernandes. O lançamento da obra será realizado no próximo dia 15/12, sexta-feira, às 19h, no Centro de Cultura da Memória Negra Graça do Aché.
O livro é uma as atividades do Programa de Ocupação do Centro de Memória da Cultural Negra Graça do Aché 2023 - Edição UFU 45 anos. Além do lançamento, a noite vai reunir um bate-papo com o escritor e ilustrador da publicação, que vai mostrar os bastidores da criação dela; sorteios e show musical com o cantor, compositor, guitarrista e violonista João Víctor Queiroz e Silva. Haverá, ainda, uma roda de conversa com duas mulheres pretas atuantes no movimento negro de Uberlândia e região: Antônia Aparecida Rosa e Gláucia Matos Adeniké.
De acordo com o autor do livro, “o projeto é importante, pois conta a história de uma mulher que viveu no século XIX, no interior do Brasil e, por sua coragem, mudou o mundo ao seu redor, sendo referência para futuras gerações". Para Fernandes, isso reforça a relevância de que os estudantes em idade escolar conheçam a história dessa líder. Ele acrescenta: "Existiram muitas mulheres poderosas e fortes, que lutaram por seus ideais e pela liberdade de seu povo, que fizeram parte da história e que, muitas vezes, não são conhecidas. Reconhecer a importância de uma dessas inúmeras mulheres que mudaram de alguma forma a história do nosso país é o objetivo desse projeto.”
Convidadas da roda de conversa
Antônia Aparecida Rosa é mulher negra pedagoga aposentada pela Rede Municipal de Ensino de Uberlândia. Coordenou o Núcleo de Educação para Relações Étnico-raciais de Uberlândia, foi superintendente da Superintendência de Promoção da Igualdade Racial da mesma cidade e coordenou o Centro de Memória da Cultura Negra Graça do Aché. É capitã e presidente do Terno Marinheiro de Nossa Senhora do Rosário.
Gláucia Matos Adeniké é educadora e promotora legal popular; feminista negra antirracista, pedagoga, especialista em Filosofia da Educação, Gestão Pública, Democracia e Movimentos Sociais; faz parte da coordenação do Comitê da Marcha Mundial das Mulheres de Uberlândia e Região (COMMM UDI Mulheres); militante do Fórum Nacional das Mulheres Negras, (FNMN) e é integrante da Articulação de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB) e do Fórum da Promoção da Igualdade Racial de Uberlândia (Fopir).
Sobre o autor
Natural de Estrela do Sul, município de Minas Gerais, Thiago Fernandes é ator, escritor, graduado em Teatro e mestre em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Uberlândia. Sua pesquisa abrange comédia, cultura caipira e audiovisual. Como amante da literatura, ele se inspira em grandes nomes como Agatha Christie, Jorge Amado e Monteiro Lobato.
É o organizador do livro "O dia de Alan: caderno de memórias" e autor de obras como "Fake news: a raposa, o lobo e a menina", "Rainha Tereza de Benguela" e das HQs "O menino e o mutirão" e "Casa de Avós". Sua expressão artística também se estende ao cinema e ao teatro, onde atua como diretor, produtor, ator e roteirista.
O Graça do Aché fica localizado na Av. Cesário Crosara, 4187, bairro Presidente Roosevelt, em Uberlândia.
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Palavras-chave: Livro Maria Felipa Graça do Aché Edital ocupação Graça 2023
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