Publicado em 19/07/2024 às 17:55 - Atualizado em 25/07/2024 às 10:25
O Núcleo de Inovação e Avaliação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal de Uberlândia (Niats/UFU) recebeu, entre 15 e 19 de julho, uma equipe de professores estrangeiros que colabora no projeto que deu origem ao RehaBEElitation, um jogo 3D que combina uma narrativa baseada na ação das abelhas a movimentos fisioterapêuticos para tratamento de pacientes com a doença de Parkinson. A ferramenta será utilizada em Cuba, Espanha e França.
Inicialmente, o jogo foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica da UFU (PPGEB/UFU), em conjunto com a Université de Lorraine, na França, de onde o professor Yann Morèrem acompanha o projeto desde o princípio. “O jogo está funcionando muito bem, nós testamos com diferentes pessoas e estamos muito contentes com todos os resultados, publicações e os retornos das pessoas que têm a doença de Parkinson”, comemora.
Já o professor Eduardo Rocon, da Universidad Politécnica de Madrid, Espanha, conta que trabalha em parceria com o coordenador do Niats desde 2005, quando ambos eram doutorandos. “Ele estava na Inglaterra e eu estava na Espanha e já começamos a trabalhar em estudos sobre tremor”, lembra. Agora, Rocon atua na análise dos dados obtidos a partir do jogo. “Na Espanha, eu desenvolvi uma série de sistemas para poder monitorar o tremor, principalmente em Parkinson, para entender como ele se expressa nessas pessoas. Aqui, estou atuando no processamento dos dados gerados pelo jogo para quantificar o tremor”, detalha.
Nos últimos anos, o professor Alberto Lopez, da Universidad de Oriente, de Cuba, também passou a integrar o projeto, que agora terá novas etapas. “Meu papel nesse projeto de avaliação multidimensional de Parkinson está na avaliação de sinais de eletromiografia, que permite avaliar o processo de reabilitação de pacientes com a doença, a partir dos parâmetros estabelecidos”, explica.
Além dos pesquisadores estrangeiros, a equipe envolvida no projeto é grande. O professor Adriano Andrade, coordenador do Niats, ressalta que “fazer jogo é um desafio, pois envolve várias competências: desenho, modelagem, narrativa, psicologia, ciências da computação, engenharias, medicina, entre outras. Nosso jogo incorpora muito conhecimento técnico que viemos adquirindo ao longo do tempo e também incorpora conhecimento clínico”.
Aplicação em Cuba
A partir de agora, o projeto alcança uma nova etapa. Lopez conta que aplicará o RehaBEElitation no Hospital Clínico Cirúrgico, em Santiago de Cuba. “Faremos os testes com os equipamentos médicos que desenvolvemos. E a ideia é, a partir do estudo que vamos fazer com pacientes com Parkinson, aplicar e avaliar a aplicação do jogo sério em Cuba. Para nós, é a primeira vez que testaremos as potencialidades dessa tecnologia”, revela.
“Nós estamos agora em um momento em que a gente deseja fazer testes com ele em Cuba, centros de reabilitação e hospitais. Está na hora de colocar ele isso na prática”, reflete Andrade, coordenador do Niats.
Os projetos envolvidos nesta parceria internacional têm apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Programa Institucional de Internacionalização da UFU (PrInt), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil (Cofecub).
A doença de Parkinson e o jogo
Causado por uma degeneração das células que conduzem as correntes nervosas pelo corpo, o Parkinson é uma doença neurológica, degenerativa, crônica e progressiva, que causa tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio e alterações na fala e na escrita. Aproximadamente 200 mil pessoas sofrem com a doença no Brasil.
O RehaBEElitation é uma alternativa para estudo e tratamento do Parkinson. Nele, o paciente deve controlar os movimentos de uma abelha em um ambiente 3D, por meio de um dispositivo de interface vestível que incorpora sensores táteis. O jogo tem quatro fases. Primeiro, o jogador precisa polinizar as flores. Em seguida, deve alimentar as larvas e depois coletar o néctar. Por fim, secar o néctar.
As tarefas do jogo foram projetadas para imitar movimentos utilizados na avaliação da doença, tais como abertura e fechamento da mão, extensão da mão e flexão, adução e abdução da mão, batida dos dedos e supinação e pronação do antebraço. Segundo a pesquisadora Luanne Cardoso Mendes, que projetou as fases do game, "a narrativa propicia mais engajamento para os exerícios de fisioterapia".
O jogo estimula principalmente os movimentos da parte superior do corpo, mas o grupo se prepara para ir além nas aplicações. “Inicialmente, ele foi concebido para lidar apenas com as mãos das pessoas. Agora, a gente está adicionando módulos para fazer a avaliação dos membros inferiores, como as pernas”, revela Andrade.
Em 2023, o RehaBEElitation foi vencedor na décima primeira edição do “Challenge Handicap & Technologie”, evento realizado anualmente em Metz, na França, com o objetivo de estimular técnicas de auxílio e compensação de deficiências, abrangendo desafios nas áreas de comunicação e acessibilidade, inclusão, autonomia e paradesporto. No mesmo ano, recebeu também o Prêmio SBEB-Boston Scientific de Inovação em Engenharia Biomédica.
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Palavras-chave: RehaBEElitation jogo
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