Publicado em 06/08/2024 às 10:01 - Atualizado em 07/08/2024 às 09:28
As cerca de 20 espécies de pererecas nominadas Aplastodiscus são amplamente distribuídas na Mata Atlântica, com raras ocorrências no Cerrado. Esses pequenos anuros (30-40mm de tamanho total) frequentemente têm cores verde esmeralda e olhos alaranjados e seus cantos curtos e monótonos lembram notas de flauta doce.
Caracteriza o grupo, também, o fato de as fêmeas porem ovos em câmaras escavadas na lama à beira de cursos d’água rasos onde, depois da eclosão, os girinos crescem. São espécies de riachos de montanha que têm atividades noturnas, como alimentação e reprodução.
Em trabalhos recentes, colaboradores e eu formalizamos o reconhecimento de duas espécies de grupo: Aplastodiscus lutzorum (2017), da Chapada dos Veadeiros (GO) e Aplastodiscus aulophonus (2024), do Parque Estadual do Forno Grande (ES).
O termo “lutzorum” faz referência à memória do médico sanitarista (e zoólogo) Adolfo Lutz e sua filha, a antiga deputada federal (e zoóloga) Bertha Lutz; “aulophonus” faz referência a aulos, um tipo de flauta, coerente com o canto produzido pelas espécies.
Esses formalismos nomenclaturais foram baseados em trabalhos em campo e análises laboratoriais de morfologia, genes e vocalizações (canto).
Os sequenciamentos genéticos e a tecnologia moderna de gravações e análises de sons – no caso, cantos de atração de parceiros –, têm revolucionado o estudo da diversidade de anuros e revelado muitas espécies previamente desconhecidas.
Como toda a fauna e flora da Mata Atlântica e Cerrado, as populações de Aplastodiscus estão em declínio devido, principalmente, ao desmatamento com fragmentação de hábitats.
O trabalho de 2024 é particularmente relevante para a comunidade UFU, pois tem no elenco de autores dois egressos do Laboratório de Taxonomia e Sistemática de Anuros Neotropicais do Instituto de Ciências Exatas e Naturais do Pontal (Icenp/UFU). O acadêmico Pedro Marinho (MSc) hoje é doutorando da Universidade Estadual Paulista (Unesp-Rio Claro) e o Dr. Thiago R. Carvalho é professor assistente na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG-Belo Horizonte).
Trabalhos como esses se integram aos muitos da UFU, dos seus diversos departamentos dedicados ao estudo da biodiversidade e no importante papel da formação de recursos humanos de alto nível técnico em pesquisa e educação. Para saber mais: https://pt.wikipedia.org/wiki/Aplastodiscus.
Trabalhos relativos ao texto: Berneck, B. von M., A. A. Giaretta, R. A. Brandão, C. A. G. Cruz, and C. F. B. Haddad. 2017. The first species of Aplastodiscus endemic to the Brazilian Cerrado (Anura, Hylidae). ZooKeys 642: 115-130. doi: 10.3897/zookeys.642.10401. - Marinho, P.; Santos T.T.; Faivovich, J.; Lyra, M.L.; Giaretta, A.A.; Haddad, C.F.B. Carvalho, T.R. New Species of the Aplastodiscus albosignatus Group (Hylinae: Cophomantini) from the Northern Mantiqueira Mountain Range. Herpetologica, 80(1), 2024, 51–66. doi.org/10.1655/Herpetologica-D-23-00008.
*Ariovaldo Antonio Giaretta é docente no Instituto de Ciências Exatas e Naturais do Pontal (Icenp/UFU) onde leciona Zoologia de Vertebrados e coordenador do Laboratório de Taxonomia e Sistemática de Anuros Neotropicais da UFU.
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Palavras-chave: perereca Cerrado Mata Atlântica Biologia anuros
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