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ECOLOGIA

Paisagismo de Cerrado: bióloga cataloga árvores nativas na UFU

Perfil no Instagram tem vídeos sobre mais de 50 espécies

Publicado em 16/10/2025 às 14:32 - Atualizado em 21/10/2025 às 08:59

Bianca Bonami Rosa e uma das Sibipirunas (Cenostigma pluviosum) do Campus Santa Mônica (Foto: Milton Santos)

 

Pés de pitanga, jenipapo, cedro, mama cadela, imbiruçu, sangra d'água e outras dezenas de espécies nativas da flora do Cerrado podem ser apreciadas por quem circula pelo Campus Santa Mônica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Elas estão sendo catalogadas, há dois anos, pela pesquisadora Bianca Bonami Rosa e divulgadas no perfil @rosadecerrado, no Instagram. 

Graduada em Ciências Biológicas e mestre em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais pela UFU, Rosa retornou à instituição para cursar graduação em Teatro. O nome do perfil no Instagram é um trocadilho que combina o sobrenome da cientista com o da planta Kielmeyera rubriflora, conhecida como Rosa-do-cerrado.

Rosa defende um paisagismo feito com espécies nativas, em contraponto ao que utiliza predominantemente espécies exóticas, de outros continentes, como resedá, magnólias e palmeira imperial. “Isso sempre me frustrou, sabe? Porque o Brasil tem tantas espécies nativas belíssimas. Só no Cerrado, a gente fala de um potencial de 12 mil espécies, e eu queria mostrar como que o paisagismo e a arborização urbana podem ser feitos com árvores nativas”, explica.

As espécies de plantas, animais ou quaisquer outros organismos são consideradas exóticas quando são introduzidas, geralmente por ação humana intencional ou acidental, em um lugar fora da sua área de distribuição natural. Em alguns casos, elas podem se beneficiar da ausência de predadores naturais, multiplicar-se rapidamente e prejudicar o ecossistema, competindo por recursos e ameaçando as espécies nativas.

Entre as árvores próprias do Cerrado, destacam-se os ipês como possibilidade de composição na arte e na ciência de projetar espaços esteticamente agradáveis, funcionais e sustentáveis. São originários daqui os ipês verdes, os brancos e sete variedades de amarelos. “As espécies do gênero Erythrina, que são os mulungus, são árvores que têm flores laranjas ou vermelhas, que são estonteantes de belas”, acrescenta Rosa.

As árvores do Cerrado tendem a não danificar construções, segundo a pesquisadora, porque as raízes são mais longas e profundas que suas copas. Por isso, esse bioma é chamado de “floresta invertida”. Essas raízes podem chegar a até 15 metros de profundidade, uma adaptação que permite às plantas encontrar água durante a seca e se proteger do fogo, além de estabelecer uma simbiose com microrganismos que contribuem com a fertilidade do solo e atuar no equilíbrio hídrico, recarregando os aquíferos.  

A importância do Cerrado é abordada por Rosa na forma de divulgação científica, por meio dos vídeos curtos publicados no Instagram. “Eu acredito que a divulgação científica é a melhor maneira de conscientizar as pessoas. É fazer isso de uma maneira acessível, com um linguajar que as pessoas entendam, sem jargões, mostrando para as pessoas em que elas devem prestar atenção”, diz a pesquisadora, que também produz vídeos sobre os problemas relacionados ao Cerrado, como as queimadas criminosas.

“Eu tenho na minha mente que as pessoas têm mais afeto por aquilo que elas conhecem. Então, a gente trazendo a divulgação científica de uma maneira acessível, para que as pessoas entendam e vejam o quanto que a nossa biologia é rica, é diversa, é bela, acho que é a melhor maneira de propagar a educação ambiental e incentivar as pessoas a quererem proteger o meio ambiente”, afirma.

Rosa já catalogou mais de 50 espécies nativas do Cerrado no Campus Santa Mônica e pretende dar continuidade ao projeto nos outros campi da UFU. Aqui também tem espécies encontradas tanto no Cerrado quanto em outros biomas brasileiros, como pau brasil e jacarandá. Acompanhe a jornada da bióloga no perfil @rosadecerrado, no Instagram, e veja algumas fotos na galeria abaixo.

O Setor de Jardinagem da UFU, responsável por cuidar dessas e de todas as outras árvores dos campi, é vinculado à Prefeitura Universitária. Mais informações estão disponíveis no site institucional.

Para os interessados em obter mudas de espécies do Cerrado para plantar em suas próprias casas, Rosa indica o Viveiro do Instituto Estadual de Florestas (IEF), espalhadas pelo estado de Minas Gerais. As mais próximas estão nos seguintes endereços: Av. 51, Setor Sul, em Ituiutaba; Rodovia Sebastião Alves do Nascimento, Distrito Industrial II, em Patos de Minas; e Jardim Espírito Santo, em Uberaba. Nos viveiros de Uberlândia, é possível encontrar mudas de espécies nativas, porém, predomina o comércio de espécies exóticas.

 
Angico-vermelho (Anadenanthera macrocarpa) (Foto: Milton Santos)
Angico-vermelho (Anadenanthera macrocarpa) (Foto: Milton Santos)
Jatobá-da-mata (Hymenaea courbaril), atrás do Restaurante Universitário (Foto: Milton Santos)
Jatobá-da-mata (Hymenaea courbaril), atrás do Restaurante Universitário (Foto: Milton Santos)
Pé de Jabuticaba (Plinia peruviana) frutificando (Foto: Milton Santos)
Pé de Jabuticaba (Plinia peruviana) frutificando (Foto: Milton Santos)
Embiruçu (Pseudobombax tomentosum) em flor (Foto: Milton Santos)
Embiruçu (Pseudobombax tomentosum) em flor (Foto: Milton Santos)
Aroeira-pimenta (Schinus terebinthifolia) (Foto: Milton Santos)
Aroeira-pimenta (Schinus terebinthifolia) (Foto: Milton Santos)
Indivíduos de Mogno-brasileiro (Swietenia macrophylla) na praça em frente ao bloco 3Q, espécie considerada ameaçada de extinção (Foto: Milton Santos)
Indivíduos de Mogno-brasileiro (Swietenia macrophylla) na praça em frente ao bloco 3Q, espécie considerada ameaçada de extinção (Foto: Milton Santos)
Jenipapo (Genipa americana) espécie culturalmente importante (Foto: Milton Santos)
Jenipapo (Genipa americana) espécie culturalmente importante (Foto: Milton Santos)
Ingá-branco (Inga-laurina) sombreando uma das áreas de estacionamento da UFU (Foto: Milton Santos)
Ingá-branco (Inga-laurina) sombreando uma das áreas de estacionamento da UFU (Foto: Milton Santos)
Indivíduo jovem de Pau-Brasil (Paubrasilia echinata), árvore simbólica para o nosso país e considerada ameaçada de extinção (Foto: Milton Santos)
Indivíduo jovem de Pau-Brasil (Paubrasilia echinata), árvore simbólica para o nosso país e considerada ameaçada de extinção (Foto: Milton Santos)
Canafístula (Peltophorum dubium) perto da entrada da Avenida Segismundo Pereira (Foto: Milton Santos)
Canafístula (Peltophorum dubium) perto da entrada da Avenida Segismundo Pereira (Foto: Milton Santos)
Jacarandá-de-Minas (Jacaranda cuspidifolia) em plena floração (Foto: Milton Santos)
Jacarandá-de-Minas (Jacaranda cuspidifolia) em plena floração (Foto: Milton Santos)
Pé de Mama-cadela (Brosimum gaudichaudii), espécie típica de Cerrado (Foto: Aléxia Vilela)
Pé de Mama-cadela (Brosimum gaudichaudii), espécie típica de Cerrado (Foto: Aléxia Vilela)


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