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INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Pesquisas da UFU sobre evasão no ensino superior serão apresentadas em congresso na Costa Rica

Alunos de Relações Internacionais e Ciências Sociais participarão do evento, que é o maior da América Latina sobre o tema

Publicado em 10/09/2024 às 08:26 - Atualizado em 10/09/2024 às 10:22

O tema das pesquisas se torna um ponto de interseção entre os cursos Relações Internacionais e Ciências Sociais (Foto: João Damasio)

O Congresso Latino-americano sobre Abandono na Educação Superior (Clabes) de 2024, que ocorre de 23 a 25 de outubro na Costa Rica, contará com cinco alunos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Desde 2011, o evento reúne diferentes universidades de toda a América Latina para a criação de um ambiente focado na pesquisa e discussão de ações que possibilitam e promovem a permanência no ensino superior. 

Os trabalhos "Repensando as ferramentas de diagnóstico e mensuração do abandono na educação superior: O caso da Universidade Federal de Uberlândia" e "Políticas de enfrentamento da evasão entre Instituições de ensino superior no Brasil e na América Latina", desenvolvidos por discentes dos cursos de Ciências Sociais e Relações Internacionais e orientados pelo professor Leonardo Barbosa e Silva, do Instituto de Ciências Sociais (Incis), foram aprovados para serem apresentados no evento.

"Esse é o maior congresso que fala sobre o tema, e vamos estar lá representando a UFU, representando os cursos de Ciências Sociais e Relações Internacionais como graduandos ainda", comenta a estudante de Ciências Sociais, Maria Fernanda Lino Vinhal, uma das autoras da pesquisa que trata sobre os casos de evasão na UFU.

 

Evasão na América Latina 

Um dos estudos a serem apresentados faz parte da Iniciação Científica das alunas do curso de Relações Internacionais, Aline Rafaela Lopes de Faria, Beatriz Teles de Menezes e Maria Gabriela Oliveira Pereira, que abordam as políticas contra a evasão no ensino superior existentes na América Latina.

O trabalho busca entender as formas como governos e instituições da América Latina lidam e mensuram a evasão, visto que cada universidade aborda o tema de maneira diferente. Para chegar aos resultados, as graduandas fizeram uma investigação documental e usaram de fontes governamentais com o objetivo de comparar as políticas contra a evasão nas universidades e seus respectivos países.

Para o projeto de IC, foram escolhidos quatro países latino-americanos – Brasil, Colômbia, Bolívia e Argentina. Cada aluna foi responsável por escolher um no qual se aprofundar durante a pesquisa. Faria, por exemplo, escolheu estudar a Colômbia após uma conversa com o orientador da pesquisa. Juntos, concluíram que o país tem um dos melhores sistemas para medir a evasão na América Latina e, por conta disso, haveria dados interessantes a serem estudados. Após a escolha, ela precisou comparar dados do governo com dados das universidades colombianas.

A pesquisa aponta que, em todos esses países, mesmo com alguns esforços, dificilmente as trajetórias dos sujeitos evadidos foi considerada. Ou seja, ainda há uma generalização do tema e existe uma concentração das políticas de enfrentamento em apenas uma parte do problema.

"Existem casos variados, até casos de falecimento. O que a UFU faz, o que todas as universidade brasileiras fazem, o que o governo brasileiro faz, o que a Colômbia, Bolívia e Argentina fazem é simplesmente contar o número de pessoas que saem sem contar suas histórias ", adiciona Barbosa e Silva, professor orientador da IC.

Professor Leonardo falando
Professor Leonardo Barbosa e Silva, orientador dos trabalhos, estuda evasão no ensino superior desde 2018 (Foto: João Damasio)

 

Evasão na UFU

Enquanto um grupo se dedicou à comparação das políticas de evasão em diversos países, outro – desenvolvido como iniciação científica voluntária por três graduandos de Ciências Sociais, Lucy Abranches Fernandes de Oliveira, Maria Fernanda Lino Vinhal e Matheus Henrique Pereira da Silva – avaliou a realidade local, com foco nas subjetividades que envolvem o conceito de evasão dentro da UFU. Com a pesquisa, os sujeitos evadidos da universidade deixam de ser apenas números e se transformam em indivíduos com rostos e histórias. 

Para conhecer essas histórias, os discentes precisaram ir além dos meios tradicionais de estudo e não apenas montar o perfil da evasão, mas entender de forma profunda cada evadido. Foi preciso compreender questões mais profundas, por exemplo: a experiência universitária, as dificuldades dentro da universidade, como a UFU auxiliou na formação pessoal de cada sujeito, detalhes do processo de evasão e também de entrada na UFU. 

A partir dessas perguntas, foi montado um formulário eletrônico, que foi encaminhado aos 13.189 evadidos entre 2019 e 2023. O grupo de pesquisa recebeu ao todo 504 devolutivas ao questionário e, por meio delas, foi possível concluir, por exemplo, que parte dos evadidos não perdeu o vínculo com a UFU, apenas se deslocou entre cursos. Com os resultados, percebe-se a necessidade de alterar a classificação das evasões. 

De acordo com o professor orientador, é difícil saber exatamente onde se localiza o problema da evasão. Não se sabe se o responsável é o docente sem boa didática, se é a falta de assistência estudantil ou se é por conta do curso ser matutino e não noturno. Sem saber qual é o problema, não é possível  propor uma solução eficaz, por isso o pesquisador defende que a evasão é um fenômeno multicausal. 

“Então como é que contabiliza o fracasso? Como é que a universidade pública brasileira contabiliza seus fracassos sem olhar a trajetória dos estudantes? Nós vemos nas entrevistas que existem pessoas felizes saindo da UFU de forma antecipada, a universidade pode cumprir esse papel. E por conta disso, a evasão precisa ser revista, a história da evasão precisa ser recontada“, conclui Barbosa e Silva. 

O próximo passo do grupo é aprofundar nos relatos de alguns dos sujeitos que evadiram, por meio de entrevistas em profundidade. “Nós temos o nome dessas pessoas, o número de matrícula e de qual curso elas eram, mas não sabemos o que essas pessoas estavam passando na época em que elas evadiram. Nós desconhecemos o que perpassou a vida delas para saírem da universidade ou até para ela não sair, mas simplesmente mudar de curso dentro da instituição. Às vezes a pessoa não evadiu da UFU, ela evadiu do curso. Penso que nós buscamos entender as subjetividades desses casos, esse é nosso objetivo principal”, conta Vinhal, integrante da pesquisa. 

 

Colaboração

Para participar do Congresso, Menezes e Faria, que apresentarão o estudo comparativo da evasão universitária entre países latino-americanos, iniciaram a venda de rifas para auxiliar nos custos gerais da viagem. As rifas são no valor de 5 e 10 reais, e toda quantia arrecadada visa viabilizar o deslocamento até a Costa Rica. Para colaborar, entre em contato com as alunas pelos números de celular: (34) 98846-2800 - Beatriz Menezes e (34) 99141-3370 - Aline Faria. 

Assim como as futuras internacionalistas, os alunos Vinhal e Silva, que estão estudando casos de evasão na UFU, também estão arrecadando fundos para possibilitar a viagem até o Congresso por meio de uma rifa no valor de 5 reais com prêmio no valor de 300 reais. Para colaborar, entre em contato com os alunos pelos números de celular: (34) 99787-4187 - Maria Fernanda Vinhal e (34) 99755-3359 - Matheus Silva.

 

 

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Palavras-chave: Bolsas; Iniciação Científica; Pesquisa; congresso evento internacional Relações Internacionais Ciências Sociais

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