Apresentação do Requiem Op.48 de Fauré encerra atividades do Workshop de Canto Coral

Neste final de mês, o Coral da Universidade Federal Uberlândia (UFU) apresenta o Requiem Op. 48, de Gabriel Fauré. Os eventos são gratuitos e estão acontecendo entre os dias 24 e 30 de outubro. A programação é composta por oficinas de canto e apresentações com convidados de outros estados. Promovido pelo maestro e pianista Jôfre Goulart, o evento tem por objetivo difundir a arte do canto coral, realizando apresentações para a comunidade. Jôfre é regente dos grupos Coral da UFU e Madrigal do Triângulo.

As oficinas ocorreram na semana passada, dos dias 24 a 26, com o Coral da UFU e o Madrigal do Triângulo, abrangendo técnicas de sonorização coral, de ensaio e técnica vocal. Os professores Germano Lopes, do Instituto Federal de Goiás (IFG), e Angelo Dias, da Universidade Federal de Goiás (UFG), foram convidados para ministrar as oficinas. Angelo também vai reger a apresentação final de encerramento dos workshops. No dia  25, uma oficina extra foi ministrada aos alunos do Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli.

No dia 26, sábado, a apresentação aconteceu na Paróquia São Pedro. Já na noite desta terça-feira (29/10), os integrantes do coral se dirigiram até a Paróquia Nossa Senhora das Dores. Por fim, no dia 30, duas sessões serão oferecidas ao público, às 19h e às 20h30, no Cineteatro Nininha Rocha, em Uberlândia.

No palco, um grande grupo da comunidade externa composto por mais de 50 pessoas forma o coro. Além disso, estudantes e professores da UFU, do Conservatório e outros profissionais da música também se juntam às apresentações.

Um dos músicos que vai marcar presença no evento é Jackson Lázaro, que vem de Natal, Rio Grande do Norte. Jackson é gerente de um atacarejo de material de construção e divide sua vida com o lado artístico. Além disso, é ator formado e estudante de Comunicação Social-Rádio e TV.

Ele integrou o Coral da UFU de 2013 a 2021 e foi convidado no ano passado para participar do “Workshop de Canto Coral” promovido pelo Madrigal Triângulo com colaboração do Coral da UFU/Setor Coral. Já em 2024, Jôfre relembrou seu sonho de apresentar o Requiem de Fauré e o convidou para participar da peça musical.

Jackson diz estar feliz por voltar a Uberlândia. Conta que tem muito apreço pelo Coral da UFU: “Estar aqui mais uma vez e poder trabalhar com o maestro Angelo Dias nesse workshop e ter ainda a oportunidade de apresentarmos essa obra; com certeza, será algo muito rico pra mim.”

Sobre o Requiem Op.48 

Escrita no fim do século XIX, a obra é baseada na Missa dos Mortos da Igreja Católica. Traçando um paralelo com outras composições do mesmo tema, é perceptível que Fauré exalta um maior sentimento de fé no descanso eterno. Outros compositores ofereceram sonoridade mais densa, tratando a morte com temor. Trata-se de uma das mais importantes obras musicais do repertório coral universal.

Completam-se, em 2024, 100 anos da morte da Fauré. Por causa deste fato, vários corais estão fazendo essa apresentação ao redor do planeta. 

Relevância do evento

Além de promover a cultura, ela também democratiza um conteúdo que pode ser considerado inalcançável - a música erudita. O regente do coral Jôfre Goulart afirma que “estamos levando à população um repertório erudito para desconstruir sobretudo a ideia de que música erudita é para elite, pois não é”. Ele é formado em Música com habilitação em Piano e se dedica a atuar como regente de coros.

Outro ponto ressaltado pelo maestro como algo que pode ser desestimulante é o fato da missa ser em latim. Por isso, para aproximar a plateia da música, serão colocadas traduções durante a apresentação, sendo um modo de fazer com que a plateia compreenda melhor a peça e possa se relacionar com ela. A tradução contou com a ajuda de uma das professoras do Instituto de Letras (Ileel/UFU), Julia Avellar, que revisou a tradução buscando aproximá-la da compreensão de todos.

O regente entende que além desses fatores, o coral mostra não só para eles mesmos, mas também para o público, que “quando você trabalha junto, o resultado não pode ser outro, senão uma coisa muito grandiosa”. 

Ele também fala que manter um ambiente saudável no grupo é um desafio. A competição é algo que pode surgir, mas acredita ter conseguido permear isso: “Através de diálogo, conversa, ensaios leves, percebemos que estamos juntos buscando um objetivo final, que é levar isso para a plateia.”

O Coral da UFU

Este é um projeto de extensão que foi fundado em 1977 pelo professor Carlos Alberto Storti, sendo criado inicialmente como uma disciplina do curso de Música. Os regentes mudaram ao longo dos anos, sendo Jôfre o atual. O coral é direcionado às pessoas de Uberlândia, sendo aberto tanto para estudantes da UFU quanto à comunidade externa. Ele se tornou corpo artístico em 2017, sob os cuidados da Diretoria de Cultura (Dicult), marcando a aprovação de seu estatuto e regimento.

Uma das pessoas que faz parte do coral é Rosimeire Nunes, funcionária pública e aposentada. Ela já sabia da existência do coral, mas achava que era fechado apenas para a comunidade acadêmica da UFU. Sua filha teve a oportunidade de conversar com Jôfre e descobriu que seria possível entrar no grupo, bastando a aprovação em um teste. Rosimeire se submeteu a esta avaliação e conseguiu realizar o sonho de cantar em um coral. 

Ela diz estar adorando a experiência, elogiando o grupo, o comprometimento e o clima, além de ressaltar o trabalho de Jôfre Goulart, “que tem uma dinâmica sensacional para tornar o trabalho leve e prazeroso”. Por fim, Rosimeire comenta que o Requiem Op.48 de Gabriel Fauré é uma obra bela e difícil, mas “o grupo se dedicou muito e, nesta reta final, estamos ansiosos para entregarmos nosso melhor e fazermos jus à beleza que ela nos oferece”.

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