Vacina oral x injetável: entenda a mudança na imunização contra a poliomielite

Hoje, 17 de outubro, é o Dia Nacional da Vacinação. Este ano será marcado por uma mudança no esquema de imunização, já que, a partir de 4 de novembro, a Vacina Oral Poliomielite (VOP), popularmente conhecida como "gotinha", será substituída pela Vacina Inativada Poliomielite (VIP), que é aplicada de forma injetável. De acordo com o Ministério da Saúde, no novo esquema vacinal, as três doses permanecem, enquanto o número de reforços será reduzido de dois para apenas um. Mas você sabe qual a diferença da vacina oral para a injetável?

A vacina contra a poliomielite em formato de gotas começou a ser aplicada no Brasil no final da década de 1980, introduzida como parte de uma campanha nacional de vacinação contra a paralisia infantil, que, inclusive, criou o personagem Zé Gotinha para promover a imunização. O Brasil não registra casos de poliomielite desde 1989, quando o último ocorreu na cidade de Souza, na Paraíba. Em 1994, a região das Américas foi a primeira no mundo a ser certificada como livre da doença.

Cláudio Vieira da Silva, professor de Imunologia na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), explica que ambas as vacinas, VIP e VOP, são altamente eficazes na prevenção da poliomielite paralítica. A VIP contém o vírus inativado e induz uma resposta imune com produção de anticorpos que impedem o vírus de atingir o sistema nervoso central. Já a VOP contém o vírus atenuado, que induz imunidade, estimula a produção de anticorpos e a ativação de células que destroem as que estão infectadas. 

“A VIP, por ser produzida a partir de partículas de vírus inativados, é mais segura que a VOP e também pode ser aplicada em crianças com sistema imunológico com algum grau de comprometimento, garantindo a inclusão adicional de grupos de crianças que não eram elegíveis para receber VOP”, explica Jair Pereira da Cunha Júnior, do Departamento de Imunologia da UFU. Silva acrescenta que, ainda de forma raríssima, a VOP, por conter o vírus atenuado, pode causar a poliomielite associada à vacina (VAPP), um evento adverso em que o vírus da vacina oral causa a doença na pessoa vacinada.

Desse modo, alguns dos benefícios da mudança para a vacina injetável é evitar, ainda mais, efeitos colaterais, já que há uma diminuição das doses de reforço, além da simplificação do esquema vacinal e do alinhamento com as recomendações da Organização  Mundial  da  Saúde (OMS) para a erradicação global da poliomielite. Cunha Júnior relembra também que a VIP já está incorporada no Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Brasil desde 2016 e que não é uma vacina que foi recentemente desenvolvida, já sendo utilizada por diversos países há décadas.

Vale destacar que é fundamental a realização de uma campanha de comunicação eficaz  para informar a população sobre os benefícios da mudança e esclarecer eventuais dúvidas, combatendo a hesitação vacinal. “A vacina em gotas apresentou um papel muito importante na redução da transmissão do poliovírus selvagem em todo o mundo. Certamente, ela tem seu papel histórico no sucesso da vacina para poliomielite. No entanto, a VIP apresenta algumas vantagens importantes para a adoção no Brasil neste momento”, finaliza Cunha Júnior.

Veja abaixo como ficou o novo esquema de vacinação:

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