Publicado em 29/05/2024 às 10:14 - Atualizado em 19/06/2024 às 16:09
Pesquisa publicada na revista Vaccines por cientistas do Laboratório de Alergia e Imunologia Clínica do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de Uberlândia (Icbim/UFU), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), investigou a ocorrência de efeitos colaterais dos imunizantes utilizados durante a pandemia de covid-19 em pessoas com alergias respiratórias, como asma e rinite.
O estudo foi conduzido no Hospital de Clínicas (HC) da UFU, onde os pesquisadores acompanharam a imunização de 305 voluntários com idades entre 18 e 50 anos. Foram aplicadas três doses em cada voluntário, respeitados os intervalos entre as aplicações, de julho de 2022 a setembro de 2023. “Trata-se de um estudo de vida real, quando as vacinas já estão em uso”, conta o professor Rafael Resende, do Icbim e da Fiocruz.
Nesse período, cada participante da pesquisa utilizou um dos três imunizantes testados – Pfizer, AstraZeneca ou CoronaVac – e relatou os efeitos adversos para a equipe. Os pesquisadores também levaram em consideração o histórico clínico dos voluntários para efetuar comparações.
Do total de voluntários, 166 apresentavam condições como rinite alérgica e asma. Estes tiveram mais dores musculares, febre e calafrios do que os 139 pacientes não alérgicos e isso foi mais frequente na vacina da AstraZeneca. “Isso sugere que a vacina baseada na tecnologia de vetores virais pode apresentar algum mecanismo particular que ativa o sistema imunológico de forma diferenciada nestas pessoas, mas não de modo a tornar os efeitos mais graves”, explica Resende.
Todos os indivíduos, com ou sem problemas respiratórios, relataram pelo menos um efeito adverso, mas todos podem ser considerados reações leves. Os cientistas sublinham que não houve nenhum caso de anafilaxia (reação alérgica aguda), nem outras reações graves. Resende destaca que “o principal achado deste estudo foi a ausência absoluta de efeitos adversos considerados severos em qualquer uma das vacinas analisadas, o que indica que todas foram seguras em pessoas com alergias respiratórias”.
Parceria
O estudo foi viabilizado por meio de um convênio interinstitucional de caráter técnico-científico entre a UFU e a Fiocruz, a partir da demanda do Ministério da Saúde para reduzir os impactos da pandemia de covid-19 no país. A estrutura disponibilizada pelo HC/UFU em termos de assistência clínica e gestão da pesquisa facilitou o recrutamento de voluntários.
Na área da imunologia, ainda havia poucas pesquisas abordando o tema junto a um grande número de pacientes com alergias respiratórias. As evidências agora alcançadas apoiam a segurança da vacinação contra a covid-19 também em indivíduos com esse perfil. Segundo Resende, outras pesquisas já estão em andamento para avaliação do impacto da vacinação em outros perfis de pessoas.
Vacinação no Brasil hoje
Os primeiros casos de covid-19 foram reportados em dezembro de 2019, pouco mais de quatro anos atrás, ocasionando uma pandemia que persistiu de janeiro de 2020 até maio de 2023. Na época, cientistas do mundo todo desenvolveram vacinas em tempo recorde. Para Resende, “a estratégia do Brasil em adotar vacinas com tecnologias diferentes permitiu que o país fosse rapidamente conduzido de um cenário nebuloso para uma redução considerável de hospitalizações e óbito pela doença”.
Atualmente, apenas a vacina Pfizer, que se manteve eficaz diante das novas variantes, integra o Programa Nacional de Imunizações (PNI) no país. O estudo do Icbim se une aos esforços de cientistas do mundo todo para avançar em estratégias de vacinação e mitigar os riscos nas populações vulneráveis.
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Palavras-chave: COVID-19 vacina pesquisa Ciência
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