Pular para o conteúdo principal
Saúde

Professora da UFU realiza pesquisa sobre substâncias tóxicas no leite

Presença do carrapaticida alfacipermetrina e de furfural em substâncias lácteas pode até causar câncer

Publicado em 22/02/2024 às 15:10 - Atualizado em 26/02/2024 às 09:23

A pesquisadora ressalta que a experiência com os métodos eletroanalíticos é fundamental para o desenvolvimento de seu projeto. (Foto: Ítana Santos)

 

O projeto “Detecção de resíduos do carrapaticida alfacipermetrina e de furfural em leite in natura e derivados lácteos: aplicação de uma abordagem eletroanalítica”, orientado pela professora Djenaine de Souza, foi aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), no edital “Ciência por Elas: Fomento à participação feminina na ciência, inovação e colaboração internacional”. A pesquisa terá duração de 36 meses e conta com três alunos de mestrado e um de iniciação científica, todos estudantes do Campus Patos de Minas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O projeto vai receber o suporte financeiro no valor de R$ 87.344,00.

Com base no controle de qualidade e priorizando os produtores de menor porte, Souza busca detectar a presença do carrapaticida e do furfural no leite in natura, que seria seu estado puro, para assim descartar lotes iniciais do produto que contenham doses excessivas dessas substâncias. 

O carrapaticida alfacipermetrina é um tipo de pesticida que é borrifado no couro das vacas para evitar que carrapatos e moscas infectem o gado por meio de picadas que causam lesões na pele do animal. Já o furfural é um subproduto gerado quando alguns tipos de açúcar são aquecidos a altas temperaturas, e que pode também ser obtido durante a produção de alguns produtos lácteos, tais como queijos e doces de leite.

Tanto o carrapaticida quanto o furfural, se ingeridos em menor quantidade, não são nocivos à saúde. Por outro lado, a coordenadora do projeto ressalta que o perigo está, a longo prazo, no consumo contínuo desse leite pela população. Isto porque essas substâncias são contaminantes e, caso se acumulem no organismo humano, podem causar danos gástricos, neurológicos e até resultar em alguns tipos de câncer.

Considerado objetivo, efetivo e com custo mais acessível, o método utilizado na pesquisa, eletroanalítico, mede uma propriedade elétrica (como corrente, condução, resistência e condutividade) e oferece respostas para análise da quantidade de cada contaminante que pode estar presente no leite e derivados lácteos. A abordagem também é mais fácil e operacional, com a possibilidade de ser usada por um pesquisador que pode levar o equipamento na linha de produção, e conseguir analisar diretamente na amostra de leite, por exemplo, sem precisar eliminar toda sua gordura e proteína, diferentemente de outros métodos, como o cromatográfico.

 

Ciência por Elas

Em abril de 2023, a Fapemig anunciou a primeira edição do edital “Ciência por Elas”, com o objetivo de apoiar e financiar pesquisas feitas por cientistas, que ressaltam a importância da participação feminina na ciência. Para Souza, ele também é importante por ser exclusivo para mulheres, e por valorizar o movimento “Parent in Science”, que reconhece o currículo das pesquisadoras e leva em consideração a queda na produtividade pela licença maternidade.

Graduada em Química pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e com mestrado e doutorado em Análise de Traços e Química Ambiental pela Universidade de São Paulo (USP), Djenaine de Souza possui experiência em química analítica aplicada aos alimentos. Ela une esse conhecimento ao apoio do “Ciência por Elas” para dar continuidade à pesquisa, que agora terá o auxílio financeiro para a compra de equipamentos e materiais de laboratório. 

  A pesquisadora ainda coordena outros dois projetos, um com financiamento da Fapemig (Universal 2022) e outro com financiamento do CNPq (Demanda Universal 2023). Também colabora com projetos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Faculdade de Zootecnia em Engenharia de Alimentos da USP.

Além da aprovação do seu projeto de pesquisa, as conquistas podem continuar para a professora, que ainda solicitou à sua unidade acadêmica, o Instituto de Química da UFU (IQ), um espaço físico para a instalação de um laboratório dentro do Campus Santa Mônica, para onde foi transferida desde agosto de 2023. Até o momento, as pesquisas ainda estão sendo desenvolvidas no Campus Patos de Minas.


 

Política de uso: A reprodução de textos, fotografias e outros conteúdos publicados pela Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) é livre; porém, solicitamos que seja(m) citado(s) o(s) autor(es) e o Portal Comunica UFU.

 

Palavras-chave: leite pesquisa Ciência carrapaticida gado Divulgação Científica

A11y