Publicado em 01/03/2024 às 13:15 - Atualizado em 07/03/2024 às 17:44
No mundo que compõe a universidade, existem espaços que buscam promover educação e letramento científico também para as novas gerações. Na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), esse trabalho é realizado desde a Escola de Educação Básica (Eseba) – que você pode conhecer no episódio #96 do podcast Ciência ao Pé do Ouvido, intitulado “Ciência ao Pé do ouvidinho: crianças pesquisadoras” – , até projetos e grupos nas mais diferentes áreas do conhecimento que abarquem jovens do ensino fundamental e médio da região.
Anna Julia Andrade Simão Silva, Kamilly Martins Santos e Sarah Hesse Lisboa, são jovens estudantes uberlandenses que participaram, juntas, de um projeto de Iniciação Científica vinculado à Diretoria de Sustentabilidade da UFU no ano de 2023, com bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq, e da Fundação de Amparo às Pesquisas do Estado de Minas Gerais, a Fapemig.
Orientadas pelo coordenador da Divisão de Planejamento Socioambiental (DIPSA), Eunir Augusto Gonzaga, e pelo professor da Escola Técnica em Saúde (Estes), João Carlos de Oliveira, a IC foi desenvolvida dentro da Sala Verde, um projeto do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA), que tem como objetivo desenvolver e incentivar a Educação Ambiental, por meio de um espaço dedicado a oferecer informações e formações ambientais, que proporcione diálogos e reflexões sobre o tema.
Elas se conheceram no projeto, uma vez que são de escolas diferentes - todas de instituições públicas. As três participaram, como bolsistas, da Iniciação Científica para Formação de Agentes Ambientais, que muitas vezes foi associada à IC de Monitoramento de Ovitrampas do Mosquito Aedes aegypt. Ovitrampas são um tipo de armadilha feitas com um vaso de plantas escuro, com um pouco de água e uma palheta de madeira dentro. Elas são posicionadas em pontos estratégicos com maior umidade e baixa luminosidade, atraentes para os mosquitos colocarem ovos. A coleta demonstra em qual período e em quais condições os mosquitos colocam mais ou menos ovos; uma informação muito importante para a tomada de medidas a respeito dos cuidados com o Aedes aegypt
Além disso, participaram de palestras, eventos da universidade, e atividades em campo. Assistiram ao Comunica Ciência, evento de divulgação científica realizado pela Diretoria de Comunicação (Dirco) e Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp), e visitaram a inauguração do Doce Jardim Educativo do Campus Santa Mônica, projeto que instalou “hotéis” para abelhas no fundo da biblioteca, junto com o plantio de algumas mudas de plantas, para conscientizar a comunidade da importância das abelhas para o ambiente.
As atividades relacionadas com a IC envolveram aprendizados em diferentes setores e atividades, no qual elas produziram conteúdos sobre educação ambiental, mas também experienciaram a relevância do trabalho científico, especialmente o produzido e realizado dentro da universidade pública.
A relação com a ciência ocorreu de formas diferentes para cada uma, mas sempre conectadas por memórias da escola, de visitas em laboratórios, mostras científicas, e até programas de TV de experimentos e criações, e até canais do YouTube, como Manual do Mundo. Uma geração que cresceu com grande aproximação desse universo de curiosidades científicas e tecnológicas.
Sarah conta que participava de projetos e premiações da escola desde muito cedo, e sempre se deu bem com todas as matérias. Anna Júlia e Kamilly contam que conheceram mais desse mundo com a Iniciação Científica e com a realização de cursos técnicos; Kamilly cursou Recursos Humanos, e Anna Júlia, Enfermagem.
As três já estão no Ensino Médio. Kamilly, inclusive, já está no cursinho pré-vestibular, com o objetivo de cursar Medicina Veterinária. Anna Júlia se descobriu apaixonada pela área da saúde, e pelo cuidado (seu experimento favorito nos tempos de escola foi o clássico de cultivar um grão de feijão, acompanhando e cuidando de suas etapas) e, depois do curso técnico de Enfermagem, decidiu que quer cursar Medicina na UFU, e se tornar pediatra. Sarah transita por várias áreas, e quer manter segredo sobre seus planos, apenas diz que vai continuar estudando.
Falam da Iniciação científica com carinho, orgulho, mas também certa tristeza por estarem finalizando essa etapa. Se lembram das excursões pelo campus, da visita ao IFTM, do envolvimento na organização da Mostra UFU Sustentável, da visita ao Doce Jardim, e das palestras do Comunica Ciência que assistiram. Nunca tinham chegado a entrar na UFU antes do projeto, dizem que inicialmente foi intimidador, mas falam muitas vezes a palavra “oportunidade”, de viver essa experiência. Anna Júlia diz que sempre ouviu que “tinha que entrar numa federal”, e após conhecê-la, entendeu essa frase e pensou “é mesmo aqui que eu tenho que continuar minha vida acadêmica”.
Uma vez que ainda estão no Ensino Médio, as três estão se descobrindo e se posicionando na ciência, mas já contaram algumas histórias para o Comunica UFU. Confira:
Quem é você dentro e fora do Lattes? Quem é você enquanto pesquisadora, e quando não está pesquisando o que você gosta de fazer?
Kamilly: Bom, eu estudo no ensino médio normalmente, atualmente estou no terceiro ano, e (quanto à trajetória enquanto pesquisadora) no ano passado fiz curso técnico de RH e também a Iniciação Científica aqui na UFU, de Formação de Agentes Ambientais. E… Nossa! Gosto de fazer muitas coisas. Gosto de tudo que é diferente e de experimentar coisas novas, principalmente coisas que envolvam pessoas. Acho que sou da área de Humanas, então tudo que envolve cuidar e dar atenção às pessoas, principalmente a quem necessita, eu gosto bastante. Aqui foi onde pude explorar isso, como é fora da sala de aula, aqui pude conhecer pessoas e coisas novas.
Sarah: Eu meio que sempre fui muito centrada nos estudos. No sexto ano ganhei menção honrosa nas Olimpíadas de Matemática, e no segundo ano ganhei menção na Olímpiada de História que aconteceu aqui na UFU. Também fui campeã da Corrida de Orientação, um projeto lá da minha escola… Fui familiarizada com esse contexto de pesquisa. Todo ano no meu ensino médio a escola fazia uma Mostra Científica, e normalmente eu ficava com trabalhos sobre literatura e cultura. Me dava melhor com as Ciências Humanas, mas gostava das outras também. E entrar na Iniciação Científica foi muito bom porque tive que me tornar ainda mais centrada para tudo fluir melhor. Ajudei a organizar a Mostra Sustentável, participei do Comunica Ciência, fui na inauguração do Doce Jardim, fiz a coleta das ovitrampas de mosquitos da dengue aqui no Campus Santa Mônica e no IFTM, vivi muitas coisas. Fora dessa vida acadêmica, gosto muito de cozinhar e confeitar, ver filmes de terror, ouvir muita música! Gosto de rock, pop, samba, pagode, sertanejo raiz… muitas coisas.
Anna Julia: Eu nunca tinha participado de uma pesquisa antes, comecei a participar [de projetos sobre ciência] no ensino médio, quando começamos a fazer Mostras científicas na escola. Então, quando eu entrei na UFU foi o primeiro projeto maior, de pesquisa, onde fizemos mobilizações sociais, então foi aqui que minha vida de pesquisadora começou. Nas mostras científicas, o que mais gostei foi de falar de meio ambiente e das estações do ano, mas também sempre gostei das Ciências Humanas. Por aqui fui no laboratório de tratamento de água também, e pude ver as etapas de tratamento, além de ter participado dos mesmos eventos que as meninas. Fora da escola, gosto muito de ler, escutar música, escrever, e ver muitas séries, mais que filmes.
Você se lembra de alguma história que viveu como pesquisadora que te marcou e você gosta de contar para as pessoas?
Kamilly: O evento da Mostra! Me senti muito importante, pensei “nossa, é real!”, nunca achei que eu pudesse fazer coisas assim na UFU sem ser estudante dela, percebi que eu posso e consigo.
Sarah: Como minhas matérias do novo ensino médio eram relacionadas ao meio ambiente, eu gostava muito de falar do projeto da IC por lá. Eu conseguia aplicar o que aprendia aqui nas aulas.
Anna Julia: As coletas das ovitrampas! Como o dia que vimos uma pupa. E a Mostra UFU Sustentável, o pessoal que ia no evento vinha perguntar de onde éramos, o que estávamos fazendo [risos].
E qual mensagem você deixaria para outros estudantes de ensino médio que estão pensando em fazer Iniciação Científica?
Kamilly: Diria pra aproveitar, porque abre muito a mente, e infelizmente não é uma oportunidade que muitas pessoas têm. Se você conseguir entrar, aproveite todos os momentos e atividades; se te pedirem para escrever um texto, gravar um vídeo, vai lá e faz! É difícil às vezes, mas eu tenho certeza que vai me ajudar muito no futuro, como já está ajudando
Sarah: Esse projeto que a gente participou abre muitas oportunidades, e abriu minha mente pra coisas que eu não sabia que podia fazer. Então se eu puder dar um conselho para quem está em dúvida se começa uma Iniciação Científica, seria: façam! Comece com qualquer coisa, nem que seja algo que você não goste, mas faça, porque você vai ter um outro ponto de vista sobre esse mesmo assunto. Por exemplo, eu me inscrevi para fazer IC em algo como história, e vim parar na geografia e meio ambiente, que não tinha muita familiaridade, mas comecei a fazer e amei! Acho que é pra isso que servem essas oportunidades: pra você se jogar!
Anna Julia: Eu tinha muito medo de participar, porque era uma coisa nova e acho que muitas pessoas têm medo mesmo, mas… nossa! Eu não me arrependo de nada e tenho muito orgulho de ter conseguido passar! Só tenho a agradecer por tudo que vivi aqui, e recomendo muito.
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Palavras-chave: iniciação científica série Mulheres meninas pesquisa Ciência Divulgação Científica
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