Publicado em 06/12/2023 às 11:09 - Atualizado em 12/01/2024 às 14:12
Dentes representam tecidos mineralizados duros, portanto, com maiores chances de serem fossilizados depois de soterrados e, também, normalmente são trocados em grandes quantidades ao longo da vida de muitos vertebrados, o que também aumenta as chances de serem encontrados.
Os dentes de dinossauros de grande porte hoje extintos (muitos terópodos, como o tiranossauro) permitem a identificação dos produtores com base na comparação da morfologia dentária entre espécies do grupo.
Os dinossauros abelissaurídeos eram carnívoros de médio a grande porte (até 8m de comprimento) que foram comuns no Cretáceo, principalmente onde é hoje África, Índia, Madagascar e América do Sul. No Brasil, quatro espécies foram nomeadas e seus fósseis são conhecidos principalmente do interior do estado de São Paulo, Triângulo Mineiro e Mato Grosso.
Os abelissaurídeos eram distintos por terem uma cabeça larga e focinho, pescoço e braços curtos (braços como os do tiranossauro). Eles deviam ter também enfeites de cabeça, como chifres, que provavelmente usavam em embates entre rivais da mesma espécie. Os dentes dos dinossauros carnívoros são achatados no sentido lábio/língua e normalmente têm serrilhas pontudas.
Com base em escavações em campo e nos dentes fósseis lá desenterrados por mim e colegas (S.C. Rodrigues, da Universidade Federal de Uberlândia/UFU e P.V. Buck, da Universidade do Estado de Minas Gerais/UEMG), reconhecemos a presença de dinossauros abelissaurídeos em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro.
O reconhecimento foi possível por comparações com extensa base de dados da literatura de dentes do mundo todo e por comparações com dentes de idade comparável provenientes de Uberaba (MG).
Nossos dentes de abelissaurídeos indicam, então, sua presença na Ituiutaba do fim do Cretáceo, o que significa que, na época, eles tinham uma distribuição bem ampla no sudeste e centro-oeste brasileiros.
A continuidade dos estudos em Ituiutaba, incluindo a obtenção de dados sobre as espécies que ocorriam junto com esses dinossauros, como suas presas, ajudarão a compreender o antigo ambiente em que viveram, ou seja, o de Ituiutaba e região de 70 milhões de anos atrás.
Ituiutaba entra assim na rota das localidades com registro de dinossauros Cretáceos brasileiros, o que, além do interesse científico, é relevante em termos educacionais e sociais pelas questões culturais e filosóficas que esse tema abarca e do potencial turístico a ele associado.
Artigo em breve em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0895981123005345.
Para ir além: https://pt.wikipedia.org/wiki/Abelisauridae: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/td/article/view/8656403.
*Ariovaldo A. Giaretta é docente no Instituto de Ciências Exatas e Naturais do Pontal, em Ituiutaba (MG).
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Palavras-chave: Dinossauro Ituiutaba dente Cretáceo Ciência Divulgação Científica Leia Cientistas
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