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CIÊNCIA

Polinização explosiva: a disputa por ascensão entre flores

Descoberta de pesquisa publicada por professor da UFU repercute no noticiário internacional, ao revelar competição das plantas por espaço nos polinizadores

Publicado em 12/11/2024 às 15:27 - Atualizado em 14/11/2024 às 10:41

Teste empírico do momento exato em que planta realiza polinização explosiva. (Foto: Bruce Anderson e Vinícius Brito)

No mundo das plantas, existem diversas estratégias de reprodução. Assim como no reino animal, as plantas também possuem uma certa competitividade entre espécies, uma delas é a polinização explosiva – quando a planta decide a quantidade de pólen que irá depositar no agente polinizador. Vinicius Brito, professor do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (Inbio/UFU), e Bruce Anderson, pesquisador da Universidade Stellenbosch, fizeram testes empíricos, com uma planta endêmica do Brasil, que explicam esse fenômeno.

Com o objetivo de simular o processo de polinização por explosão, os pesquisadores coletaram uma flor que evidencia o fenômeno e fizeram a coloração dos grãos de pólen que seriam utilizados no teste para que o fenômeno pudesse ser acompanhado de forma explícita por meio de imagens e vídeo. 

Imagem da pesquisa
Grãos de pólen vistos por fonte de luz UV no bico do crânio de um beija-flor. (Foto: Bruce Anderson e Vinícius Brito)

No artigo publicado no The American Naturalist, Brito e Anderson escolheram a flor Hypenea macrantha como objeto de pesquisa. Vermelha e de tubo longo, localizada em um campo rupestre, perto de Diamantina/MG, a planta possui como principal agente polinizador o beija-flor. Para que o fenômeno fosse acompanhado de perto, os pesquisadores utilizaram, por meio de taxidermia (técnica de preservação de pele ou corpo de um animal morto), um crânio de beija-flor, simulando as visitas à planta, como ocorre na natureza. 

A simulação experimental capturou, em câmera lenta, o momento em que a flor remove com eficiência o pólen anteriormente alojado no beija-flor, depositando o seu pólen rapidamente no bico do animal.  Após o pólen anterior ser descartado, ele perde a sua função, enquanto o conteúdo atual é transportado para as demais plantas, revelando uma rivalidade de reprodução entre as flores. 

No mundo animal, diversas espécies de machos possuem, em seus pênis, mecanismos de retirada de espermas de machos anteriores, favorecendo suas estratégias de competição na reprodução. Plantas não possuem contato direto entre gametas femininos e gametas masculinos, como os animais, mas, observando a polinização explosiva, é possível notar uma similaridade entre as estratégias de reprodução. 

“Esse tipo de reprodução, analogicamente relacionada ao mundo animal, é algo novo no mundo das plantas. Existe uma dificuldade de rastreamento dos grãos de pólen, algo que não acontece com os animais, lá podemos observar facilmente os processos de reprodução. As plantas são diferentes dos animais, mas o processo de mecanismo de competição entre machos é o mesmo. Acredito que por essa razão o artigo ganhou tanta repercussão”, explica Brito. 

A pesquisa ganhou evidência em periódicos científicos de ciência e meio ambiente como EurekAlert!, Earth e New Atlas. “Nunca tinha acontecido algo assim, nessa proporção, tem sido muito interessante e gratificante participar disso", completa Brito. 

 

 

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Palavras-chave: Biologia plantas flores polinização Ciência

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