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PESQUISA

4 em cada 10 uberlandenses já tiveram contato com cigarros eletrônicos, mas nem todos percebem riscos

Estudo desenvolvido na UFU investigou níveis de conhecimento, uso e opiniões sobre o dispositivo

Publicado em 11/02/2025 às 08:44 - Atualizado em 17/02/2025 às 14:51

A popularização dos cigarros eletrônicos e a percepção equivocada de que eles são menos prejudiciais que outros dispositivos de fumo reforçam a urgência de campanhas educativas sobre os riscos à saúde, especialmente entre os jovens. (Arte: Maria Clara Medeiros)

 

Um estudo desenvolvido na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) mostrou que 90% dos uberlandenses sabem o que são cigarros eletrônicos, sendo que 37,9% já experimentaram. Apesar da popularidade desses dispositivos, dois dados se mostraram preocupantes: 11,3% ainda acreditam que os aparelhos eletrônicos são menos prejudiciais que cigarros comuns e 15,1% pensam que ele pode ajudar a parar de fumar.

A pesquisa a respeito do conhecimento, uso e opiniões sobre cigarros eletrônicos foi desenvolvida pelo Grupo de Estudos sobre Saúde Mental na Integralidade do Cuidado (Gesmic), coordenado pela professora Marcelle Aparecida de Barros Junqueira, da Faculdade de Medicina (Famed/UFU). Entre agosto e dezembro de 2024, os pesquisadores coletaram dados de 202 adultos (124 mulheres e 77 homens) em diversos espaços públicos com grande circulação, como praças, parques, feiras livres e terminais de ônibus, na cidade de Uberlândia (MG).

O Gesmic tem como propósito compreender temas relacionados à saúde mental e sua influência na vida, na saúde e nas condições ambientais de forma geral. O grupo é responsável pelo projeto de extensão “Livre de Fumar”, realizado no Hospital das Clínicas (HC-UFU/Ebserh) com o objetivo de oferecer gratuitamente tratamento para ajudar tabagistas a deixarem o cigarro. Durante a pesquisa, foi constatado que 15,1% dos entrevistados acreditam que os cigarros eletrônicos podem ajudar a parar de fumar cigarros comuns. No entanto, segundo o grupo, essa percepção não é respaldada por evidências científicas robustas, o que reforça a importância de orientações claras sobre métodos comprovados para a cessação do tabagismo

E foi por meio do projeto que surgiu o interesse em entender melhor o que a população adulta conhece sobre os cigarros eletrônicos, já que, de acordo com Junqueira, existe pouca informação a respeito do assunto. “Inicialmente, o grupo fez uma busca na literatura para saber se teria algum estudo parecido e quais instrumentos de pesquisas eram utilizados. Achamos, basicamente, aqui no Brasil, estudos voltados para a população acadêmica, mas não de uma forma mais abrangente para a população adulta. Então, levantamos os principais questionários e os adaptamos para criar um com os nossos objetivos de estudo, pois gostaríamos de saber se as pessoas conhecem os cigarros eletrônicos. Tínhamos a impressão de que a população jovem sim, mas os mais velhos, a gente não sabia qual era a opinião deles", acrescenta Junqueira sobre a criação da pesquisa.

O infográfico a seguir mostra os principais achados do estudo com moradores de Uberlândia:

Infográfico
Arte: Maria Clara Medeiros

 

Interpretando os resultados 

O estudo mostrou que 90% da população estudada sabe o que é cigarro eletrônico. Para a coordenadora do projeto, existe a necessidade de investigar também o nível de conhecimento sobre o assunto entre os adolescentes e de reforçar campanhas de conscientização que alcancem todos os públicos.

“As campanhas que a gente realiza são mais direcionadas para o jovem, mas eu percebo que as pessoas da faixa etária de 40 e 50 anos, elas precisam estar informadas sobre isso. Porque elas são, hoje, as responsáveis por essas pessoas mais jovens; então, isso tem que ser desmitificado”, finaliza Junqueira.

Dos entrevistados, quase 38% já usaram cigarros eletrônicos pelo menos uma vez. De acordo com a pesquisadora, este é um número que reflete a popularidade crescente desses dispositivos, especialmente entre adultos jovens, visto que a faixa etária de 18 a 27 anos é a que mais utiliza os aparelhos.

O alto nível de conhecimento sobre o que são os cigarros eletrônicos indica que o tema está amplamente difundido na população uberlandense. No entanto, o estudo mostrou que esse conhecimento diminui com a idade, o que sugere que os mais jovens estão mais expostos a informações sobre o tema. Apesar da alta popularidade, 11,3% acreditam que o cigarro eletrônico é menos prejudicial que o cigarro comum – um dado preocupante diante das evidências científicas sobre os danos dos dispositivos eletrônicos de fumar. 12,6% dos usuários relataram já ter experimentado algum efeito negativo. 

Apesar de não haver diferença estatística significativa no uso de cigarros eletrônicos entre homens e mulheres, o Gesmic aponta que as mulheres são mais propensas a relatar efeitos negativos do uso, enquanto os homens têm maior tendência a acreditar que esses dispositivos são menos prejudiciais do que os cigarros convencionais. “O estudo nos alerta para o fato de quando formos falar da saúde da mulher, principalmente da mulher jovem, a gente precisa levantar essa questão de consumo de substâncias, em especial o consumo de cigarros eletrônicos. Porque isso é muito pouco abordado quando se fala em saúde da mulher”, completa Junqueira.

A pesquisa aponta que 22,2% dos usuários de cigarros eletrônicos consideram parar de fumar. Como este é um dos focos do projeto, o Gesmic aposta em estratégias de comunicação adaptadas para diferentes faixas etárias, com foco em informar os jovens sobre os riscos e os mais velhos sobre a existência e os perigos, combatendo crenças perigosas.

 

 

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Palavras-chave: cigarros eletrônicos Famed Projeto de Extensão Comunidade

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