Publicado em 10/02/2025 às 15:08 - Atualizado em 17/02/2025 às 14:51
O ano de 2025 iniciou com inovação na área de saúde da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O projeto de desenvolvimento do Biobanco do Laboratório de Imunoparasitologia se tornou o primeiro deste tipo na instituição a ser aprovado na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde (Conep/CNS). O credenciamento obteve parecer favorável em reunião realizada pelo órgão federal em Brasília, no dia 9 de janeiro.
Coordenado pelo professor José Roberto Mineo, do Instituto de Ciências Biomédicas (Icbim/UFU), o espaço é utilizado na formação de profissionais de diversos cursos na área da saúde e atende a instituições e pesquisadores de todo o país, fornecendo amostras biológicas diversas.
Um biobanco armazena amostras biológicas, como tecidos, sangue e outros fluidos orgânicos, além de células, órgãos, DNA, RNA e informações clínicas, genealógicas e ambientais. Esses materiais são utilizados em pesquisas de várias áreas, aprimorando o diagnóstico de doenças infecciosas e a compreensão sobre genética, imunidade e outros processos biológicos.
Materiais desse tipo são estudados pelo laboratório da UFU desde 1982, quando a instituição começou a armazenar um conjunto de amostras biológicas para estudos diagnósticos. “E nós fomos acumulando esse material. A primeira epidemia de dengue que teve aqui na cidade, na década de 1990, a prefeitura de Uberlândia nos procurou para ajudar. Depois, fomos cadastrados pelo Ministério da Saúde como centro colaborador para outro agravo de saúde pública, a toxoplasmose, e passamos a receber amostras do Brasil inteiro”, conta Mineo, ao explicar como o espaço se tornou um dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens).
Na década de 1990, a iniciativa ganhou novos impulsos com a criação do Programa de Pós-graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicada, que atualmente oferta cursos de mestrado e doutorado com nota máxima no Ministério da Educação (MEC). A pesquisadora e médica veterinária Ana Cláudia Pajuaba, que faz parte da equipe responsável pelo biobanco, teve sua formação marcada pelo Programa. “Trabalho nesse laboratório desde 2004 e vim com o intuito de desenvolver pesquisas sobre doenças infecciosas, as protozoonoses, como a toxoplasmose, que é um dos focos do laboratório”, pontua.
Mineo lembra também do papel central que o laboratório teve no enfrentamento à pandemia de covid-19. “Em situações emergenciais, intensifica-se nosso trabalho. Temos um conjunto de amostras anteriores à vacinação contra covid-19, que vieram para nós sob diagnóstico de dengue. Mas, quando começamos a analisar, vimos que na verdade era covid-19, que estava sendo subestimado”, relata.
Pajuaba conta que o biobanco armazena amostras sobre surtos de várias doenças, alcançando o Brasil inteiro: “Cada surto tem sua peculiaridade e sua epidemiologia. Como começou? O que provocou? Os estudos confirmatórios sobre essas amostras são fundamentais para responder essas questões. Em 2018, houve um surto muito sério em Santa Maria/RS, com mais de 700 casos agudos de toxoplasmose, o maior surto do mundo. Nós colaboramos na coleta de amostras, com as quais os profissionais de epidemiologia conseguiram mapear todo o entorno e identificar as causas, relacionadas à contaminação da água nos reservatórios da cidade”.
Ao longo desse período, o laboratório desenvolveu-se em diversas atividades de ensino, pesquisa, extensão e inovação. “Desde o início, tivemos uma interação muito forte com o Hospital de Clínicas. Muitos setores contam conosco, muitos fazem residência conosco. Temos parcerias com órgãos municipais, estaduais e federais, atentos às necessidades de saúde pública”, relata Mineo.
Com o credenciamento do biobanco da UFU pela Conep, a instituição pode, entre outras funções, desenvolver novos estudos para identificar padrões úteis na rotina laboratorial de unidades de saúde e solucionar problemas relacionados a resultados falso-negativos e falso-positivos. Os pesquisadores ressaltam que esse trabalho aprimora a tomada de decisão em situações hospitalares, sobretudo em relação às infecções por protozoários (microorganismos diversos) e arbovírus (aqueles transmitidos por mosquitos e carrapatos, por exemplo).
Atualmente, já existem mais de cem biobancos no Brasil, conforme mapa do CNS. Esses locais seguem rigorosos procedimentos de segurança e garantem o completo sigilo e respeito à confidencialidade dos dados relativos às pessoas que permitem o cadastramento e codificação de amostras biológicas. O novo protocolo autoriza o biobanco da UFU a atender demandas internas e externas, potencializando a pesquisa biomédica no país.
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Palavras-chave: biobanco laboratório de imunoparasitologia imunoparasitologia biomedicina saúde
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