Pular para o conteúdo principal
EVENTO

Encontro de Gramaticografia Ibero-Americana reflete as transformações da linguagem

Pesquisadores de diversos países se reuniram entre 14 e 16 de abril

Por: Mateus de Oliveira
Publicado em 23/04/2025 às 15:05 - Atualizado em 28/04/2025 às 08:59

Professores Ariel Novodvorski, Cristiane Brito, Leandro Silveira de Araújo e retiro da UFU, Carlos Henrique de Carvalho, durante a mesa de abertura. (Fotos: Milton Santos)

 

A gramaticografia é uma área do conhecimento que analisa, a partir de uma perspectiva histórica, como as regras de uma determinada língua são descritas ao longo do tempo. Esse campo de estudos investiga as transformações da linguagem desde as gramáticas clássicas até as mais modernas.

Pesquisadores de diversos países discutiram a atualidade do tema no I Encontro de Gramaticografia Ibero-Americana, evento organizado pelo Núcleo de Estudos da Norma Linguística (NormaLi) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em parceria com o Centro de Documentação em Historiografia da Linguística da Universidade de São Paulo (Cedoch/USP), entre 14 e 16 de abril, no Autório 5R, no Campus Santa Mônica da UFU.

Na abertura do evento, que contou com uma apresentação da Orquestra Popular do Cerrado (OPC/UFU), estiveram presentes o reitor da UFU, Carlos Henrique de Carvalho, e os professores do Instituto de Letras e Linguística (Ileel/UFU) e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (PPGEL), Leandro Silveira de Araujo – que é organizador e idealizador do encontro –, Cristiane Carvalho de Paula Brito e Ariel Novodvorski.

 

Público do evento
Pesquisadores de diversos países se reuniram no anfiteatro 5R do Campus Santa Mônica da UFU

 

Debate internacional

Araújo considera que o evento promove a reflexão sobre a língua, a linguagem e a gramática, auxiliando a compreender sua constituição histórica nas comunidades ibero-americanas. Participaram pesquisadores do Chile, Espanha, Argentina, Uruguai e Portugal, como também professores e alunos de outras universidades brasileiras.

Ao longo dos três dias de evento, forma debatidos temas relacionados à história da gramática na Argentina, Chile, Portugal e Brasil; a gramática escolar brasileira no século XIX; as tradições da gramática na Espanha e América Latina a partir dos estudos gramáticas de Antonio de Nebrija; teoria, métodos e resultados da pesquisa em gramaticografia no contexto ibero-americano, dentro outros assuntos. O organizador do encontro considera que, “por mais que seja um evento de especificidade de pesquisa particular, que naturalmente possui um grupo menor, o evento conseguiu encher o auditório da universidade”.

Laís Vitória do Nascimento, mestranda em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), estuda sobre o tratamento dos artigos na gramaticografia do espanhol como língua estrangeira no Brasil. O tema encontrou eco na conferência do professor da Universidad de Córdoba, Alfonso Zamorano Aguila, sobre as tradições da gramática de Antonio de Nebrija na Espanha e na América Latina. A mestranda conta que, “as informações apresentadas pelo professor relacionadas à metodologia e suas pesquisas serão utilizadas para desenvolver minha pesquisa de mestrado”.

Como participante, ela reflete que a realização do primeiro encontro é crucial para entender a construção de um ensino da língua de qualidade, uma vez que a gramaticografia busca compreender o que pode funcionar melhor para gramáticas didáticas, a partir da perspectiva histórica, que analisa como as línguas foram e são produzidas ainda hoje.

“O conhecimento é sempre público. Ele nunca acontece numa sacada brilhante que nós temos numa noite de sonho. É sempre em grupo, coletivamente”, reflete também a professora Cristina Altman, linguista brasileira e docente da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP), que proferiu a conferência “A pesquisa em gramaticografia no contexto ibero-americano: teoria, métodos e resultados”. Para a professora, este primeiro encontro é fruto de um trabalho coletivo e contribui para a valorização das ciências humanas, que têm enfrentado diversos desafios.

 

A gramaticografia da língua portuguesa

Durante o segundo dia de evento, o encontrou teve a presença de José Borges Neto, professor no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que abordou sobre a gramaticografia da língua portuguesa em Portugal e no Brasil, expondo como o desenvolvimento da gramaticografia ibérica é herdeira da gramaticografia latina, além de influências do pensamento francês de caráter racionalista. Segundo o professor, esses pontos impactaram decisivamente a gramaticografia brasileira.

 

José Borges Neto, sentado, falando ao microfone
José Borges Neto apresentou autores históricos que fundamentaram a gramaticografia da língua portuguesa durante sua conferência

 

Sessões de Comunicação

No decorrer dos três dias de encontro, ocorreram ainda sessões de comunicação sobre o campo da linguística e seu impacto histórico e social. Foram apresentados temas como “A participação feminina na gramatização da língua francesa no Brasil”, apresentada por Sofia Perrone Medina; “A importância da cartilha ‘Caminho Suave’ para a alfabetização brasileira”, apresentada por Liliam de Oliveira; “A herança saussiriana em gramáticas pedagógicas de PT-BR no século XXI”, por Leonardo Giamarusti; entre outras palestras que permitiram um amplo debate de como se formam as gramaticografias durante o seu percurso histórico.

Confira a cobertura fotográfica completa do evento na sessão "UFU em Imagens".

 

 

Política de uso: A reprodução de textos, fotografias e outros conteúdos publicados pela Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) é livre; porém, solicitamos que seja(m) citado(s) o(s) autor(es) e o Portal Comunica UFU.

 

Palavras-chave: Encontro de Gramaticografia Ibero-Americana gramaticografia ILEEL linguística Evento

A11y