Suporte para leitura favorece inclusão, ergonomia e praticidade

Lucas, uma criança de 12 anos, é campeão de leitura em sua escola em Uberlândia. Um obstáculo se colocou contra seu interesse pelas letras: a condição de baixa visão. Foi a partir dessa demanda real que um grupo de professores e alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design da Universidade Federal de Uberlândia (FAUeD/UFU) desenvolveu um exclusivo Suporte para Leitura.

O equipamento, desenvolvido inicialmente para Lucas, tornou-se uma inovação registrada como desenho industrial e pode favorecer a inclusão, a ergonomia e a praticidade nos mais diversos ambientes de estudo. Diferenciando-se de produtos similares, o suporte da UFU é leve, fabricado em um único material, sem necessidade de acessórios ou embalagem e adaptável a múltiplos perfis de usuários. 

O registro do produto, que agora pode ser adotado no mercado, em escolas e universidades, foi feito pela Agência Intelecto em nome do grupo de pesquisadores envolvidos no processo: Juliana Cardoso Braga, Ana Júlia Monteiro Pastore, Hítalo Doroteu Vieira de Sousa, Márcio Peres de Souza, Cleudmar Amaral de Araújo, Diego Augusto Costa Alves, Arthur Alves Fiocchi e Cristiane Alves de Paula.

A professora Juliana Cardoso Braga apresenta a inovação:

Confira a entrevista completa:

Qual é a principal área de aplicação dessa tecnologia?

A principal área de aplicação do Suporte para Leitura é a acessibilidade em ambientes educacionais e institucionais, com foco em pessoas com deficiência, especialmente com baixa visão. No entanto, trata-se de uma tecnologia universal, que beneficia também idosos e estudantes em geral. Pode ser amplamente utilizada em escolas, universidades, bibliotecas, centros de reabilitação e residências.

Além disso, é especialmente útil para pessoas que estudam por longos períodos, como candidatos a concursos públicos, vestibulares ou provas como o Enem, contribuindo para uma postura mais saudável e maior conforto durante a leitura intensiva.

Como foi o desenvolvimento da tecnologia? Quais foram os principais marcos alcançados durante esse processo?

O processo de desenvolvimento começou com a identificação de uma demanda concreta de

usuários com baixa visão. Foram realizados estudos de ergonomia, análise de necessidades e testes com usuários reais.

Podemos dizer que os principais marcos foram:

• Concepção de um design funcional e inclusivo;
• Prototipagem via manufatura aditiva (impressão 3D);
• Criação de encaixes que permitem duas angulações diferentes;
• Inclusão de alça de transporte e compartimento para materiais;
• Testes de estabilidade com uso de borrachas na base;
• Consolidação de um modelo leve, portátil e com boa aceitação pelos usuários.

Quais problemas ou necessidades a tecnologia busca solucionar?

O suporte resolve dois conjuntos de problemas:

1. A necessidade de uma postura ergonômica que evite desconforto físico durante a leitura – especialmente para pessoas com deficiência visual e idosos;

2. A falta de soluções acessíveis e funcionais no mercado voltadas a quem estuda por longos períodos, como concursandos, vestibulandos, crianças ou estudantes universitários.

Com isso, o produto melhora a ambiência de estudo e reduz dores cervicais e fadiga ocular, promovendo o bem-estar durante o aprendizado.

Qual o aspecto inovador na abordagem adotada por esta tecnologia em comparação com as soluções convencionais?

Este suporte para leitura apresenta uma série de diferenciais que o tornam inovador em relação a produtos convencionais de apoio para leitura e escrita. Sua abordagem é centrada na inclusão, na ergonomia e, sobretudo, na funcionalidade e praticidade do dia a dia.

Entre os aspectos mais relevantes, destacam-se:

• Design modular e intuitivo, com peças que se encaixam facilmente, sem parafusos ou ferramentas, permitindo montagem e desmontagem em segundos;
• Duas possibilidades de angulação, adaptáveis às necessidades visuais e posturais de cada usuário;
• Base com curvatura funcional, que serve também como compartimento para armazenar lápis, canetas e outros materiais;
• Estabilidade garantida por borrachas na base, que evitam o escorregamento sobre superfícies lisas;
• Perfuração superior com cantos arredondados, funcionando como alça de transporte integrada;
• Alta portabilidade: o suporte pode ser desmontado e transportado como uma pasta, ou ainda guardado dentro de uma mochila, sem necessidade de embalagem específica, o que favorece o uso escolar, doméstico ou em ambientes institucionais.

Um diferencial tecnológico importante é o uso da manufatura aditiva (impressão 3D), que, além de possibilitar a produção sob demanda e de baixo custo, permite:

• Customização das cores do suporte, adequando-se ao gosto ou às necessidades visuais do usuário;
• Gravação do nome do proprietário em alto-relevo, facilitando a identificação e a personalização do produto, especialmente útil em ambientes escolares e coletivos.

Como a tecnologia pode impactar o mercado?

O impacto esperado envolve:

• Educação inclusiva: escolas e universidades podem adotar o suporte para promover ambientes mais acessíveis;
• Tecnologia assistiva acessível: atende políticas públicas e programas de inclusão;
• Estudos intensivos: torna-se um aliado ergonômico para quem estuda diariamente, com conforto e eficiência;

Como tecnologia social, tem potencial para ser licenciado ou adotado em escala por meio de parcerias com governos e instituições.

Política de uso: A reprodução de textos, fotografias e outros conteúdos publicados pela Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) é livre; porém, solicitamos que seja(m) citado(s) o(s) autor(es) e o Portal Comunica UFU.