Publicado em 30/09/2025 às 14:51 - Atualizado em 09/10/2025 às 10:21
O mês de setembro, conhecido como Setembro Verde, é dedicado à luta pela inclusão e o combate ao capacitismo contra pessoas com deficiência. Com o objetivo de tornar a sociedade mais igualitária e respeitosa, a Editora da Universidade Federal de Uberlândia (Edufu) tem ampliado a publicação de obras que permitam a troca de conhecimentos e informações acerca da acessibilidade. Além de propiciar o ensino, também tem implementado elementos que possibilitem uma leitura menos excludente.
A obra “Patrimônio: histórias de um bairro em quadrinhos”, de Luiz Rogério Rodrigues, narra sobre a formação da cidade de Uberlândia, em específico sobre um dos bairros mais antigos, o Patrimônio. Por meio de cinco histórias em quadrinhos embasadas por dados históricos, o livro propõe um retorno ao passado em meio aos primeiros povoamentos na região, o início das atividades industriais no bairro e as festividades tradicionais que formaram a cultura da cidade.
Além das histórias envolventes de um tempo antigo, o livro também traz personagens que deram sentido à trama e a vida real, que contam e recontam casos vividos e mergulham no passado para trazer significado ao presente e futuro. Assim, expõe uma memória que ainda tenta resistir, apesar das diversas formas de apagamento.
O caráter de resistência está para além do conteúdo em si, o material “Patrimônio” também propõe um enfrentamento à desigualdade ao inserir o recurso de audiodescrição, que apresenta as imagens da história por meio da descrição oral das cenas, permitindo que pessoas cegas, com baixa visão ou não alfabetizadas tenham acesso integral ao conteúdo.
A ferramenta inserida apresenta não somente a narração e descrição das cenas, mas possui um fundo musical e efeitos sonoros que funcionam como um produto à parte. Ou seja, há um equilíbrio entre as informações e um respiro para que o ouvinte possa formar as imagens mentais acerca das descrições. Segundo o autor Luiz Rogério: “Descrever a atmosfera de uma ilustração vai além do factual, é necessário encontrar palavras que transmitam a expressividade dos atores, a linguagem visual da cena ou o estilo artístico de uma imagem, mantendo a fidelidade à obra original.”
As etapas para implementação da audiodescrição foram trabalhadas com muita atenção. Além de um profissional que roteirizou com uma linguagem simples e direta, a participação de consultores com deficiência visual tornaram a produção ainda mais clara e eficaz. O processo foi pensado e formalizado pelo autor em conjunto com outros especialistas, como a graduada em Letras pela UFU Sara Fernandes, que trabalhou na roteirização dos conteúdos, e o mestre e doutorando em audiodescrição Heverton Rodrigues, que validou os áudios.
Esse processo de validação vai além da verificação ao final, os consultores participam do processo de roteirização como um todo, desde a alteração de palavras até a criação em conjunto com os roteiristas. Heverton contou sobre como foi desenvolvida essa etapa: “A produção foi bem demorada, porque são cinco capítulos com autores e estilos de desenhos diferentes, então temos que estudar cada autor e cada obra em detalhes. Foi um processo longo, mas valeu a pena no final, já que pode beneficiar muitas pessoas, não somente quem tem deficiência, mas todos aqueles que queiram utilizar a audiodescrição.”
Para o autor Luiz Rogério, ferramentas como essa surgem como uma forma de ampliar a autonomia dos leitores com deficiência visual, que permite a interpretação por si mesmo sem depender exclusivamente da mediação de um professor ou colega. Além disso, também pode auxiliar crianças com dificuldade de interpretação visual, organizando o pensamento e melhorando a compreensão geral do conteúdo.
Por meio de uma coletânea repleta de estudos com autores diversos, a obra “Tecendo em Libras: Pesquisas em educação, linguística e literatura”, traz um olhar profundo sobre a educação da pessoa surda, levando em consideração suas vivências e necessidades.
Com o objetivo de promover conhecimentos teóricos e práticos sobre acessibilidade e inclusão, o livro foi dividido em duas partes: “Estudos Linguísticos e de Literatura Surda”, em que aborda as pesquisas e processos sobre Libras, e “Educação e Aprendizagem”, que tem como foco a aprendizagem de pessoas surdas, levando em consideração recursos pedagógicos e de alfabetização, além de expor experiências educacionais de estudantes surdos ao longo desta parte.
A obra foi produzida por quatro organizadores, entre eles o Doutor em Estudos Linguísticos pela UFU José Carlos de Oliveira, que reuniu, em conjunto com outros professores, uma série de pesquisas relacionadas às diferentes áreas do conhecimento da pessoa surda. Segundo ele: “Esperamos que o livro contribua com os processos educativos e inspire novas pesquisas, além do aprofundamento daquelas que já foram iniciadas.”
Tanto o livro “Patrimônio” quanto a obra “Tecendo em Libras: Pesquisas em educação, linguística e literatura”, têm a educação e o conhecimento como chaves para uma sociedade mais inclusiva, mas assim como afirmou o professor José Carlos, esse processo deve ser colocado em prática considerando e respeitando as peculiaridades daqueles que serão incluídos. “Não basta conhecer, é preciso considerar e respeitar aquilo que é peculiar ao outro, ter empatia pelo outro.”
Para mais informações, siga as redes sociais da Editora da UFU (@edufu_oficial) ou acesse o site da Edufu.
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Palavras-chave: edufu inclusão Capacitismo
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