Publicado em 03/11/2025 às 16:28 - Atualizado em 06/11/2025 às 09:20
Uma parceria entre pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) gerou uma inovação em nanotecnologia para combater o câncer de mama triplo negativo – um dos tipos mais agressivos da doença. Esses tumores acometem, principalmente, mulheres jovens e afrodescendentes. A combinação de compostos já foi patenteada e testada com resultados animadores em animais, mostrando eficácia no combate às células tumorais do triplo negativo.
Desenvolvida no Laboratório de Genética e Biotecnologia (GBio), do Instituto de Biotecnologia (Ibtec/UFU), Campus Patos de Minas, em colaboração com o Instituto de Química (IQ/UFU) e a UFJF, o estudo fez parte do doutorado de Paula Marynella. “A pesquisa é pioneira porque combina um composto desenvolvido pelo grupo de pesquisa com um medicamento já utilizado na clínica, com maior eficácia comprovada nos modelos já testados. Assim, essa combinação poderá superar a resistência dessas células aos regimes atualmente adotados, auxiliando no tratamento dessas pacientes”, explica a doutoranda.
O câncer de mama triplo negativo é um desafio para a medicina, devido ao seu comportamento mais agressivo, com taxas de crescimento rápidas e maior probabilidade de metástase, principalmente para cérebro e pulmões. A principal característica é a falta de três receptores-alvo mais comuns: estrogênio, progesterona e a proteína HER2, capazes de responderem aos tratamentos. Sem esses "alvos", as terapias hormonais e os medicamentos anti-HER2, eficazes para outros tipos de câncer de mama, não funcionam.
O projeto foi coordenado pela professora Thaise G. Araújo, da Rede Mineira de Pesquisa Translacional em Imunobiológicos e Biofármacos no Câncer (Remitribic). “A pesquisa em rede, em especial o trabalho da Remitribic, visa superar os desafios da oncologia. Diferentes pesquisadores, com linhas de pesquisas afins, colaboram diretamente e vem alcançando resultados animadores. Esse projeto em específico conta com a colaboração do professor Geovanni Dantas Cassali, da UFMG, coordenador da Remitribic”, acrescenta a coordenadora do projeto.
Foram necessários 10 anos de pesquisa para se chegar aos resultados que animaram o grupo de trabalho das universidades e institutos de pesquisa envolvidos. O produto abre o caminho para novas alternativas terapêuticas contra um câncer que ainda é um dos maiores desafios da medicina. “O maior desafio reside em superar a complexidade do câncer de mama triplo-negativo, com um produto eficaz, seguro e que não esbarre na resistência desses tumores. O caminho ainda é longo, estamos ampliando os ensaios em novos modelos animais, mas acreditando no produto que desenvolvemos. Esperamos trazer mais boas notícias nos próximos anos”, comentou Thaise G. Araújo.
De acordo com o Ministério da Saúde a estimativa de risco de câncer de mama é de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. E, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o triplo-negativo representa de 15% a 20% deste total, com taxa de morte variando entre 30% e 40% em cinco anos. Estatísticas globais indicam que ele é mais frequente em mulheres de 40 a 50 anos de idade e em afrodescendentes.
O desenvolvimento de um produto nacional é uma notícia de relevância para a saúde pública. “Nosso grupo trabalha no desenvolvimento de produtos que atendam às necessidades da população, que sejam acessíveis e que coloquem nosso Estado e nosso país no cenário de desenvolvimento científico e tecnológico. Estamos atentos às demandas sociais e comprometidos com ciência inovadora e de qualidade. Importante destacar o auxílio da Fapemig aos nossos projetos. Para esta pesquisa, a Fapemig está financiando, além da Remitribic, a pesquisadora Paula Marynella, com uma bolsa de pós-doutorado, sob minha supervisão”, destaca a pesquisadora coordenadora do projeto.
Os recursos para projetos de pesquisa desenvolvidos pela UFU passam pela Fundação de Apoio Universitário (FAU), que é responsável pela gestão de projetos de pesquisa, ensino e extensão, garantindo inovação e desenvolvimento institucional. A FAU atende instituições de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, totalizando oito instituições federais de ensino superior, entre elas, a UFU e o Hospital de Clínicas da UFU/EBSERH.
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Palavras-chave: Câncer de mama câncer nanotecnologia
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