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Opinião

25/11: Dia Internacional da Não-Violência contra Mulheres e início da campanha 16 Dias de Ativismo

Leia o artigo de Cláudia Guerra

Publicado em 18/11/2014 às 15:14 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:10

Cláudia Guerra é voluntária, membro fundadora e da diretoria da ONG SOS Mulher e Família de Uberlândia; mestre em História; doutoranda em História/UFU sobre violência de gênero/conjugal/doméstica, professora universitária; pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero sobre Mulheres/UFU e conselheira do Conselho Municipal da Mulher

O dia 25 de novembro foi declarado Dia Internacional da Não-Violência contra Mulheres, no Primeiro Encontro de Mulheres da América Latina e Caribe, realizado na cidade de Bogotá em 1981. Foi uma justa homenagem a “Lás Mariposas”, codinome utilizado em atividades clandestinas pelas irmãs Mirabel, heroínas da República Dominicana, brutalmente assassinadas em 25 de novembro de 1960.
Minerva, Pátria e Maria Tereza ousaram se opor à ditadura de Rafael Leônidas Trujillo, uma das mais violentas da América Latina. Por tal atitude, foram perseguidas e presas juntamente com seus maridos. Como plano para assassiná-las, uma vez que provocaram grande comoção popular enquanto estavam presas, o ditador acabou por libertá-las, para em seguida simular um acidente automobilístico, matando-as quando iam visitar seus maridos no cárcere. Seus corpos foram encontrados no fundo de um precipício estrangulados e com ossos quebrados. A notícia do assassinato escandalizou e comoveu a nação.
Suas ideias, porém, não morreram. Seis meses mais tarde, em 30 de maio de 1961, Trujillo foi assassinado e, com ele, caiu a ditadura. Iniciou-se, então, o processo de libertação do povo dominicano e de respeito aos direitos humanos, como quiseram Pátria, Minerva e Maria Tereza, cuja memória converteu-se em símbolo de dignidade, transcendendo os limites da República Dominicana para a América Latina e o mundo.
As organizações participantes da Campanha Internacional 16 Dias de Ativismo contra a Violência de Gênero realizarão, neste ano, ações e debates. Como nos anos anteriores, a campanha terá início em 25 de novembro, Dia Internacional de Ação Não Mais Violência contra as Mulheres, e terminará no dia 10 de dezembro, data em que se celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Em Uberlândia, desde 1997, há o SOS Mulher e Família de Uberlândia para os atendimentos a pessoas que vivenciam a violência conjugal e intrafamiliar, seja física, sexual, patrimonial, psicológica ou moral, com trabalho interprofissional (sócio-histórico, psicológico, jurídico) e atividades educativas e preventivas junto à comunidade. Os serviços são gratuitos e predominantemente voluntários. O telefone é (34) 3215-7862.
Além desse serviço, a cidade conta também com a Casa Abrigo Travessia de Uberlândia, um abrigo temporário e sigiloso para mulheres e filhos(as) menores em situação de risco, em virtude da violência conjugal e intrafamiliar. O serviço é coordenado pelo Setor de Atenção Especial/SMDST/PMU e os telefones são (34) 3239-2538 e 3239-2620. A Casa Abrigo tem o SOS Mulher como centro de referência, em parceria com a Delegacia de Mulheres para os atendimentos iniciais e encaminhamentos.
Há também o serviço pioneiro realizado pela Patrulha de Atendimento Multidisciplinar (PAM), com abordagens domiciliares a casos de violência intrafamiliar, uma parceria entre a ONG SOS Mulher e Família, Polícia Militar de Minas Gerais, UFU e Prefeitura Municipal de Uberlândia. Juntos, SOS Mulher e Família e programa PAM têm atendido uma média de 2.000 novas famílias ao ano, no primeiro atendimento. O Centro Integrado da Mulher contempla a Defensoria da Mulher e a Delegacia de Mulheres, que acolhe representações, abre inquérito e dá encaminhamentos para aplicação da Lei Maria da Penha. Os telefones são (34) 3231-5310 e 3231-3756.
Durante dos 16 Dias de Ativismo haverá o V Seminário Anual da PAM e Rede, dia 28/11, na 9ª RISP, e o bazar beneficente da ONG SOS Mulher e Família. Nessa data faz-se necessário um balanço da Lei Maria da Penha, seus avanços e dificuldades de operacionalização. Com essas e outras políticas públicas passou-se a "meter a colher em briga de marido e mulher", buscando ajuda, para que a violência existente não se intensifique.
Afinal, sem as mulheres os direitos não são humanos. A vida recomeça quando a violência termina e onde há violência todos perdem. A construção da paz começa em casa e é possível viver sem violência.

Palavras-chave: Mulher Opinião Cláudio Guerra

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