Publicado em 08/01/2018 às 11:29 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:56
Dentre trabalhos, provas e outros meios pelos quais se avalia um aluno durante sua graduação, o trabalho de conclusão de curso (TCC) é considerado o que exige mais dedicação e empenho. O estudante, orientado por um professor, se debruça durante alguns meses sobre a pesquisa, a partir de questões norteadoras, justificativas e objetivos.
O estudante Lucas Correia, do curso de Biotecnologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), fez recentemente a defesa do seu TCC. Porém, o aluno e a sua orientadora, a professora Renata Rodrigues, tiveram a iniciativa de realizar a pesquisa de forma distinta dos trabalhos já defendidos na Biotecnologia. O TCC de Correia foi o primeiro do curso a ser escrito e apresentado em inglês.
Lucas Correia pesquisou a peçonha da formiga Ectatomma opaciventre (Foto: Arquivo pessoal)
“Todos os artigos que são desenvolvidos no laboratório [de Bioquímica e Toxinas Animais (Labitox)] são publicados em inglês. Para facilitar nosso trabalho, [ao invés de] escrever em português e depois passar pro inglês, resolvemos já pular essa etapa e escrever em inglês direto”, afirma Rodrigues.
Foi necessário solicitar autorização ao colegiado do curso. A justificativa apresentada convenceu os membros e foi elogiada. Outros alunos ficaram sabendo, se interessaram por desenvolver trabalhos nesse formato e procuraram Rodrigues.
A formiga Ectatomma opaciventre
A pesquisa de Correia foi sobre a formiga Ectatomma opaciventre, uma espécie tipicamente predadora encontrada no cerrado. Sua peçonha tem como funções principais a defesa contra predadores, captura de presas e comunicação social.
“A ideia de trabalhar com formiga surgiu por motivo que na literatura existem poucos estudos sobre peçonha de formiga. Em comparação com as serpentes elas rendem muito pouco no que se refere ao material para trabalho e também pela dificuldade em coletar [a peçonha]”, relata o estudante.
A coleta das formigas aconteceu na Reserva Ecológica do Panga, uma estação ecológica da UFU, onde professores da área da ecologia realizam suas pesquisas. “O trabalho começou com a ideia do Lucas; se fosse da minha parte a gente continuaria com serpentes [linha de pesquisa da professora]”, acentua Rodrigues.
Defesa aconteceu no dia 14 de dezembro (Foto: Arquivo pessoal)
Inicialmente foi necessário o auxílio de um professor da ecologia para identificar essa espécie de formiga. Ao fazer busca em banco de dados sobre essa temática, não se teve nenhum resultado, o que significa que o trabalho é pioneiro no que se refere à peçonha dessa espécie.
Durante a pesquisa, que durou por volta de três anos, trabalhou-se de vários modos, a fim de caracterizar da melhor forma a peçonha da formiga. E por não haver muitos estudos anteriores, basicamente tudo que se tem sobre a Ectatomma opaciventre foi realizado no Labitox.
“O trabalho ficou com três eixos: caracterização bioquímica da peçonha; caracterização enzimática, [pois] conseguimos identificar algumas classes de enzimas nesta peçonha; e caracterização funcional”, afirma Correia. O discente afirma que, para o TCC, usou apenas uma parte dos resultados e que existem outros dados para publicações futuras, quando prosseguir na pós-graduação.
A pesquisa contou com colaborações internas do Labitox, onde existem quatro linhas de pesquisas, e de fora dele: Laboratório de Parasitologia (Ciências Biomédicas da UFU) e Laboratório Toxinas Animais (Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto).
Veneno e peçonha
Existe uma diferença entre veneno e peçonha. O primeiro refere-se a toxinas que entram no corpo através do trato digestivo ou do respiratório. Já a peçonha é quando o animal realiza algum contato injetando no corpo da vítima, que é o caso da Ectatomma opaciventre.
Palavras-chave: biotecnologia TCC Ectatomma opaciventre Ciência Divulgação Científica
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