Publicado em 05/02/2019 às 08:37 - Atualizado em 18/07/2024 às 20:04
Membro do corpo docente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (Famed/UFU) desde 2014 e atualmente à frente do seu Departamento de Saúde Coletiva e do Núcleo de Gestão Estratégica do Hospital de Clínicas (HCU), Nilton Pereira Júnior estudou a fundo dados das 50 instituições da rede hospitalar universitária federal do nosso país. Elas foram o objeto de pesquisa de sua tese de doutorado, intitulada “Política, Planejamento e Gestão dos Hospitais Universitários Federais” e defendida no último mês de dezembro, no Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O trabalho, cuja orientação ficou a cargo do professor Gastão Wagner de Sousa Campos, analisou aspectos estruturais, de gestão de pessoas, financiamento, planejamento e a percepção dos dirigentes dos hospitais sobre a implementação da Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP) nas suas unidades. Outros aspectos observados foram os impactos de reformas administrativas e gerenciais dos últimos anos, como o Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (REHUF) e a efetivação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).
Banca de defesa da tese foi realizada no dia 14 de dezembro, na Unicamp. (Foto: Arquivo pessoal)
Com base nos dados e depoimentos que levantou, o docente da Famed concluiu que o modelo atual de gestão administrativa e financeira tem sido ineficiente e ineficaz devido à pouca padronização. “A gestão não é compartilhada, com ausências de espaços coletivos para a comunicação e a tomada de decisões. Também observei que a atenção à saúde é fragmentada, não centrada nas necessidades dos usuários, sem visão integral e interdisciplinar, além de apresentar baixa humanização, qualidade e segurança ao paciente”, comenta.
Na avaliação de Nilton Pereira Júnior, entre os principais desafios a serem superados pelos hospitais universitários federais, estão: a integração com as universidades e faculdades; a relação com a Rede de Atenção à Saúde, as Políticas Públicas e os gestores do Sistema Único de Saúde (SUS); e a democratização de sua gestão, com maior participação dos usuários, estudantes e trabalhadores.
Pontos positivos
Ainda de acordo com o professor da UFU, também foram verificados aspectos dignos de reconhecimento e que geram boas perspectivas: “Em oposição ao quadro geral de hospitais brasileiros, o parque hospitalar universitário federal aproxima-se de tendências internacionais por apresentar hospitais com maior número médio de leitos, concentração de densidade tecnológica e que se constituíram em centros de pesquisa e formação de profissionais de saúde e em referência para a atenção de média e alta complexidade.”
Variação da quantidade de leitos entre 2005 e 2018 foi um dos aspectos pesquisados. (Imagem: Reprodução)
Falando especificamente sobre as reformas administrativas e gerenciais, na qual se inserem o REHUF e a EBSERH, o pesquisador aponta que elas trouxeram possibilidades concretas de superação dos alguns desafios históricos de hospitais no SUS. “Mesmo assim, há ainda controvérsia sobre a alternativa gerencial com caráter de gestão indireta adotada pelo governo federal”, adverte.
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