Publicado em 01/10/2019 às 16:35 - Atualizado em 22/08/2023 às 20:33
Projeto Ágora, inspirado na Grécia Antiga, que pretende estimular a democracia na escola e a valorização da praça enquanto um espaço público de sociabilidade. (Fotos: Alexandre Costa)
Ao invés da sala tradicional com carteiras, quadros, livros e computadores, alunos do 5º ano da Escola de Educação Básica (Eseba), da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), tiveram uma aula diferente, na manhã desta terça-feira, 1º de outubro. Vestidos de túnica, munidos de argumentos consistentes e acompanhados por professores, mães e monitores, os estudantes fizeram da Praça Osvaldo Vieira Gonçalves, no bairro Aparecida, o local de debate, discussão e votação de regras de comportamento para situações do dia a dia da escola, definidas pelos próprios alunos. A iniciativa faz parte do Projeto Bairro-Escola, criado em 2015 na Eseba e coordenado pelo Grupo de Estudo e Pesquisas em Espaços Educativos Inovadores (Gepeei), que reconhece o entorno da instituição como espaço com potenciais educativos. “Como discutimos sobre a ágora grega, que era um espaço de celebração, manifestação e de convívio social, nós também ocupamos a praça como espaço público e é claro, isso fica marcado na formação dos alunos”, explica o professor de história da Eseba, Christian Alves Martins.
Protagonismo
A ideia, segundo Martins, surgiu de demandas dos próprios alunos que reivindicavam por mais representatividade. Inicialmente foram realizadas assembleias na sala de aula com o objetivo de desenvolver o protagonismo estudantil e, com essa prática, os estudantes entenderam a possibilidade de praticar a democracia além interior da própria escola. “Como a demanda era contemplada no currículo escolar pelas disciplinas de História e Filosofia, nós percebemos que existia um diálogo entre a democracia grega, na antiguidade, e a formação das nossas cidades. A ágora, representada pela praça, seria o ponto de conexão entre os dois conteúdos. E então percebemos que seria possível desenvolver o conceito fora da escola para atingirmos esses resultados”, conta Martins.
Contribuição
Na Grécia antiga o diálogo era mais bem estruturado e era parte do cotidiano das pessoas e em nossa cultura essa prática está se perdendo, explica o professor de filosofia da Eseba, Rones Aureliano de Sousa. “É um desafio trabalhar esses temas e dessa forma, pois isso que os alunos estão realizando aqui, era uma prática normal para os gregos, o que não ocorre na nossa sociedade atual, que está acostumada a ditar regras. O adulto dita a regra e a criança segue”, explica Sousa. A possibilidade do resgate da autonomia dos alunos, afirma o professor, é um dos principais objetivos da atividade. “Fazer com que a pessoa se consciente de que a ações dela impactam na sua própria vida e também na vida sala inteira. Essa autonomia é um ganho muito grande para a nossa escola e para a nossa sociedade, como um todo” conclui.
Palavras-chave: Ágora política democracia Eseba UFU
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