Publicado em 19/06/2020 às 15:56 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:52
Aluna do curso de Fisioterapia avaliando paciente, em outubro de 2019, de forma supervisionada (Foto: Alexandre Costa)
Enfermagem
“Ser enfermeiro vai muito além da visão centrada em doenças. A formação qualificada desse profissional impacta diretamente nos cuidados integrais aos portadores de Covid-19 e outras síndromes respiratórias agudas graves”. Essa é a fala do professor Omar Pereira de Almeida Neto, enfermeiro, doutor em Atenção à Saúde, e docente da Faculdade de Medicina (Famed-UFU).
Desde 1999, a UFU forma bacharéis e licenciados dessa profissão para trabalhar em vários níveis de assistência à saúde. Apesar de ser uma doença nova, o preparo que a UFU concede aos estudantes de graduação em áreas similares é fundamental para o tratamento.
No terceiro período, os alunos aprendem sobre as síndromes respiratórias, começam a realizar exame físico respiratório - como anamnese, inspeção, percussão, palpação e ausculta. Os estudantes de Enfermagem têm contato com os pacientes sempre supervisionados pelos professores.
“O cuidado realizado pelo Enfermeiro e sua equipe técnica tem potencial de reduzir infecções relacionadas à assistência à saúde, otimizar a qualidade de vida do paciente, reduzir tempo de internação e custos hospitalares. Além disso, o enfermeiro é a ponte entre decisões multiprofissionais. Toda conduta da equipe impacta nos cuidados do enfermeiro e de técnicos de enfermagem”, explica o professor.
De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem 19.942 profissionais foram infectados pelo coronavírus e 209 faleceram. Neto garante que a biossegurança e os protocolos para não contaminação são ensinados desde o início do curso, e ressalta: “Enfermeiros definitivamente são os profissionais mais atentos aos cuidados relacionados à biossegurança e redução de infecções durante a assistência à saúde”.
Por fim, apesar da desvalorização profissional, o docente conclui propondo reflexões: “em uma unidade básica de saúde, qual profissional faz visitas e avalia seu caso clínico? quem estudou durante a formação assuntos relacionados à administração de saúde, de pessoal e de recursos humanos? a resposta é: o enfermeiro”.
Fisioterapia
Se algum dia você precisar de uma consulta com fisioterapeuta na região de Uberlândia, as chances do atendimento ser feito por um profissional formado pela UFU são altas: desde 2009, a universidade formou cerca de 400 fisioterapeutas.
Essa ciência da saúde ainda é pouco reconhecida quando o assunto é a Covid-19. Porém, o coordenador de graduação Angelo Piva Biagini - docente da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia (Faefi\UFU) - informa que os fisioterapeutas contribuem para atenuar os sintomas ocasionados pela doença.
“De acordo com o Ministério da Saúde, em seu protocolo de manejo clínico no tratamento da Covid-19, os profissionais da saúde atuam em três cenários – na Atenção Primária à Saúde; nas Unidades de Urgência (unidades de pronto-atendimento e hospitais); e na assistência a pacientes críticos em Unidades de Terapia Intensiva. A atuação do fisioterapeuta pode ocorrer em qualquer um desses três setores de assistência”, explica o docente.
Por se tratar de um vírus que afeta principalmente os pulmões e o sistema respiratório, os fisioterapeutas são preparados para o manejo dos aparelhos de ventilação mecânica. Eles controlam os parâmetros do respirador, calculam os índices de oxigenação, fazem a limpeza das vias aéreas como a aspiração para a remoção de secreções brônquicas (que impedem a passagem do ar) e, consequentemente, melhora a função respiratória.
Além disso, nos quadros mais avançados da doença, o trabalho do fisioterapeuta nas unidades de terapia intensiva (UTI’s) é imprescindível. “Alguns estudos mostram que a presença de fisioterapeutas 24 horas dentro de um ambiente de terapia intensiva reduz em até 40% o tempo de internação do paciente com Covid-19”, afirma Biagini.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina a presença mínima de um fisioterapeuta para cada dez leitos de terapia intensiva. Nos quadros mais graves da doença, os fisioterapeutas devem evitar a perda muscular e preservar a qualidade de vida dos pacientes.
“A tendência em pacientes hospitalizados é que fiquem restritos ao leito, portanto, exercícios e mobilizações para preservar e melhorar a integridade do sistema musculoesquelético, como manter as amplitudes articulares, melhorar força e flexibilidade e incentivar a saída precoce do leito, são também funções do fisioterapeuta”, afirma o professor.
A Fisioterapia é uma ciência da saúde que tem evoluído bastante nos últimos anos, e obteve mais destaque e reconhecimento. Dessa forma, o curso de graduação da UFU precisa acompanhar os avanços da área, a fim de conferir à sociedade profissionais mais bem preparados.
A professora Julia Maria dos Santos, membro do Núcleo Docente Estruturante do curso, informa que, com a mudança do projeto pedagógico, será possível incluir a Covid-19 em ementas de disciplinas, para aprofundamento do conhecimento dos futuros fisioterapeutas. “A Covid-19, deverá ser incluída como temática transversal abordada por várias disciplinas dentro do novo currículo. Assim, nossos alunos terão competências e habilidades para compreender e atuar nas questões relacionadas à doença nos três níveis de saúde: primário, secundário e terciário”, conclui a docente.
Medicina
Na noite do dia 8 de junho, Fellipe Leonardo Torres Dias e outros 74 alunos do curso de Medicina começaram a assistir a aulas online sobre a o novo coronavírus. Os acadêmicos participam da capacitação ‘e-COVID UFU’, que tem duração prevista para dois meses. “Eu achei as aulas incríveis, por serem bastante organizadas e pela atenção que a Dra. Letícia [coordenadora] dá aos alunos, fazendo questão de saber se todos estão entendendo, respondendo às dúvidas”, relata o futuro médico.
Entre os temas abordados, os alunos vão aprender os aspectos epidemiológicos da Covid-19, as formas de transmissão, como é o quadro clínico e manejo de pacientes nos hospitais, as formas atuais de diagnóstico e outros temas necessários à prática médica.
A capacitação é opcional para o currículo dos acadêmicos, uma vez que as aulas de graduação estão temporariamente suspensas. A infectologista Letícia de Melo Mota, docente da Faculdade de Medicina (Famed\UFU), organizou o curso e ministra aulas.
Um dos objetivos das aulas online é reaproximar o corpo docente da Famed aos alunos. Por ser infectologista e ministrar as disciplinas dessa área, Mota sentiu a necessidade de passar os seus conhecimentos por causa do amontoado de novas informações sobre a doença, como os vários artigos científicos que estão sendo publicados. Por ser uma doença nova, que vai fazer parte do quadro epidemiológico brasileiro, é importante que os profissionais de saúde estejam bem preparados.
“Nós, profissionais da área da saúde, devemos ter o conhecimento sobre esse vírus, sobre as mudanças e mutações ao longo do tempo etc. O meu desejo como professora, por ser um tema da minha área, é que a gente possa com esse curso começar uma semente de capacitação, e até fazer outras versões dele no futuro, para capacitar ao máximo a comunidade acadêmica”, explica a professora.
A infectologista conta com a ajuda de quatro acadêmicos, além de professores da Famed e médicos infectologistas de Uberlândia que trabalham ativamente no tratamento da doença. Segundo ela, 246 alunos de medicina se inscreveram. Pela alta demanda, e pela importância do conteúdo, Mota tem planos de disponibilizar os vídeos e os materiais da capacitação para acesso aos demais alunos. Inclusive, no instagram do projeto de extensão, há divulgação de flash cards úteis aos estudantes de medicina que queiram entender mais sobre a Covid-19.
Felipe Dias, participante da capacitação, espera que o curso contribua para que ele entenda melhor a doença, e que possa “tratar o paciente da melhor maneira de modo a responder às expectativas dele, além de me disponibilizar a capacidade de difundir o conhecimento que eu estou obtendo com outras pessoas”, conclui.
Além do ensino de graduação, a UFU também oferece especializações na forma de residência médica, entre elas, a em Infectologia, que dura três anos.
Alunos da turma 93 da graduação em Medicina durante a primeira semana de aulas. (Foto: Dionata Tinoco - Diretório Acadêmico Dr. Domingos Pimentel de Ulhoa)
Palavras-chave: Ensino Medicina Enfermagem fisioterapia coronavírus COVID-19
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