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Economia

Webnário especial marca celebração do 44º aniversário do Cepes

Evento comemorativo, realizado na última quarta-feira, teve divulgação de seis publicações, abordando os mais recentes dados socioeconômicos de Uberlândia e da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba

Publicado em 19/03/2021 às 13:39 - Atualizado em 22/08/2023 às 20:26

O Webnário, como são chamados os seminários on-lines, dos 44 anos do Cepes contou com a participação de economistas do órgão. (Arte: Cepes/UFU)

Na tarde desta quarta-feira (17/03), um webnário especial marcou a comemoração dos 44 anos da criação do Centro de Pesquisas Econômico-Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU). Vinculado ao Instituto de Economia e Relações Internacionais (IERI) e criado em 1977, o Cepes se dedica à produção de levantamentos dos indicadores econômicos e sociais a respeito dos municípios da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. No evento comemorativo, foram apresentadas seis novas publicações, que abordaram os seguintes temas: Estudos Populacionais; Comércio Exterior; Receita Corrente; Geração de Emprego; Privatização no Saneamento; Inflação e Cesta Básica.

A responsável por mediar o evento foi a gerente de pesquisa do Cepes, Ester Ferreira. Ela destacou a importância que estas publicações assumiram, ao longo dos anos. "Nós esperamos manter a produção, dentro das possibilidades. A preocupação em preservar a saúde e a vida dos trabalhadores do Cepes vem antes de tudo - tanto dos pesquisadores externos, que fazem coleta de preços, quanto dos pesquisadores internos", ressaltou.

As principais informações divulgadas no evento foram a expansão das importações e exportações da Região Intermediária de Uberlândia, em 2020, com valores superiores a toda a série histórica. Para a cidade de Uberlândia, registrou-se a geração de mais de 3 mil postos formais de trabalho no ano passado. Além disso, a inflação para o mês de fevereiro de 2021 ficou em 0,72% e a Cesta Básica foi avaliada em R$ 548,04, com queda de 3,10% em relação ao mês anterior.

Ademais, destaca-se a divulgação de uma nota informativa com análise histórica de dados populacionais, que aponta para as demandas evidenciadas nas pesquisas que não foram atendidas e continuam atuais, propiciando o grave momento da pandemia no município. Confira, abaixo, mais informações sobre cada uma das seis novas publicações divulgadas pelos economistas do Cepes durante o evento de comemoração dos 44 anos do órgão.

 

Inflação e Cesta Básica

O Boletim do Índice de Preços ao Consumidor de Uberlândia (IPC-Cepes), calculado desde 1979, e o Boletim da Cesta Básica de Alimentos de Uberlândia, publicado desde 1983, refletem o gasto mensal de famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos. Conhecer a dinâmica econômica local a partir da variação mensal dos preços praticados em produtos e serviços que refletem diretamente nas questões de desenvolvimento da cidade é o objetivo do levantamento. Nesta edição, a pesquisa ocorreu por telefone, internet ou presencialmente - neste caso, apenas em alguns estabelecimentos e de maneira segura. Ao todo, foram obtidos dados de mais de 500 informantes/estabelecimentos na cidade de Uberlândia.

O IPC-Cepes de fevereiro de 2021 apresentou variação de 0,72%, ficando 0,46% acima da taxa registrada no mês anterior. A variação acumulada nos últimos doze meses é de 5,83%. Dentre os nove grupos analisados pelo Cepes, seis tiveram índice inflacionário positivo, ou seja, com aumento no preço. Apenas os grupos “Alimentação e Bebidas”, “Vestuário” e “Comunicação” registraram deflação, com queda na variação mensal. Os grupos “Transportes” (variação de 2,34%) e “Habitação” (variação de 1,90%) foram os principais contribuintes para aceleração nos preços, com destaque para a alta de 8,43% verificada no item "Combustíveis (veículos)”.

A maior queda, de 0,97%, foi registrada no grupo ‘Vestuário’. (Arte: Cepes/UFU)

Para adquirir a Cesta Básica de Alimentos de Uberlândia no último mês eram necessários R$ 548,04, um valor 3,10% inferior ao registrado em janeiro de 2021. A redução nos preços foi apresentada por 10 produtos, com destaque para a batata (-18,37%), o tomate (-7,16%) e o leite (-4,38%). Os principais responsáveis por aumento nos preços foram a margarina (2,39%), o açúcar (2,17%) e o feijão (1,44%).

Foi constatado que, em fevereiro, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família uberlandense constituída por dois adultos e duas crianças era de R$ 4.604,12. O resultado mostra que o salário mínimo oficial - de R$ 1.100,00 - equivale a 23,89% do salário mínimo necessário do mês para o maior município do interior de Minas Gerais.

Tomate é o único produto que registrou queda nos meses de fevereiro de 2020 e 2021. (Arte: Cepes/UFU)

"Metade do tempo do trabalhador que ganha o mínimo e trabalha o máximo de horas possíveis é para adquirir a cesta básica. A gente vê que o descompasso entre isso e o salário mínimo fica muito evidente, porque em fevereiro do ano passado bastavam 91 horas de trabalho e hoje o trabalhador precisa de 109 horas", analisou o economista Henrique Barros, responsável pela divulgação desses dois boletins.

 

Comércio Exterior da Região Intermediária de Uberlândia

O Boletim quadrimestral “Comércio Exterior da Região Intermediária de Uberlândia: setembro a dezembro / 2020” tem como objetivo divulgar os dados do comércio internacional da Região Intermediária de Uberlândia. Na publicação, realizada pelo pesquisador Henrique Souza, foi informado que as vendas e compras da Região Intermediária de Uberlândia apresentaram expansão, com valores anuais superiores a toda a série histórica, iniciada em 1997.

"No ano de 2020, a região teve uma expansão das exportações em mais de 23% do valor e expansão da quantidade em mais de 45%. Ou seja, houve um maior número de vendas de mercadorias para o exterior em relação a toda série histórica", informou Souza.

Em 2020, Uberlândia foi o principal responsável pela elevação das exportações da região, com vendas no valor de US$ 658,39 milhões, frente aos US$ 454,80 milhões de 2019. (Arte: Cepes/UFU)

A cidade de Tupaciguara foi a principal responsável pelo aumento das exportações da região no terceiro quadrimestre, elevando suas vendas externas em 257,08% no passar de um ano. O principal comprador da região continuou sendo a China, que adquiriu 38,73% das exportações totais.

Dos 161 produtos exportados pela região, no mesmo período, nota-se que a carne bovina congelada, a soja e o farelo de soja concentram 62,83% de todo valor exportado. "Destaque para expansão das vendas de soja e para as vendas de açúcar. Os negócios da soja, principalmente por Uberlândia e Araguari, e as expansões da venda de açúcar, principalmente por Tupaciguara e Ituiutaba", citou o economista.

A quantidade importada, em termos de peso, mais que dobrou de 2018 para 2020. (Arte: Cepes/UFU)

Em se tratando das importações, verificou-se que as compras externas nos meses de setembro a dezembro (US$ 135,76 milhões ou R$ 732,62 milhões) foram superiores aos valores de toda a série histórica, como também o total do ano de 2020. Souza disse acreditar que o aumento das importações da região nos últimos dois anos tem maior relação com a dinâmica externa do que com a economia interna.

 

Emprego

Realizado quadrimestralmente, desde 2012, o novo “Boletim do Emprego de Uberlândia” traz uma análise da geração de emprego em 2020, com dados do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial), que faz parte do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A principal abordagem do informativo é a intensificação da crise sanitária e econômica provocada pela Covid-19 e como esses fatores alteraram a dinâmica do emprego formal no município.

No primeiro quadrimestre de 2020 registrou-se um déficit de mais de 4 mil postos de trabalho formal no município de Uberlândia, enquanto de setembro a dezembro evidenciou-se o expressivo saldo de 6.505 vínculos empregatícios. No total, o ano de 2020 fechou com a geração de mais de 3 mil postos formais de trabalho, um resultado considerado impressivo pela economista Alanna Oliveira, que alertou para a não contemplação dos dados do mercado informal.

A cidade de Uberlândia, em 2020, registrou três meses de saldo negativo nos números de empregos formais. (Arte: Cepes/UFU)

Em Uberlândia, todos os grupamentos de atividade econômica tiveram saldos positivos no acumulado do último quadrimestre, sendo que o maior saldo correspondeu ao do setor de serviços, que gerou 2.814 vagas nesse período. Ao longo de 2020, o município registrou três meses de saldo negativo, enquanto foram observados quatro no Estado e cinco no Brasil. A taxa de desemprego no país segue em 14%, conforme levantamento no trimestre móvel de setembro a novembro de 2020.

Para a economista, as políticas de assistência econômica foram essenciais neste cenário e em 2021 pode ser apresentada uma queda nos números com a vigência da pandemia e com a restrição das políticas assistenciais. "O último quadrimestre costuma ser positivo, mas tivemos um desempenho extremamente positivo. Isso cabe tanto à questão sazonal, quanto à questão do benefício emergencial, que foi de suma importância para a manutenção do emprego", concluiu Oliveira.

 

Estudos populacionais

A nota informativa “CEPES 44 anos: as pesquisas populacionais que ampliaram o conhecimento do Município de Uberlândia e de sua Universidade Federal” coloca em discussão sete estudos populacionais no município de Uberlândia, realizados pelo Cepes entre 1996 e 2014. O responsável pela divulgação foi Luiz Bertolucci, coordenador do Cepes, que realizou a nota em parceria com a economista Ester Ferreira.

As pesquisas analisadas na nota abordam dados sobre Uberlândia-MG, Santa Juliana-MG, Pessoas com Deficiência em Uberlândia, Servidores da UFU e Alunos das Instituições Federais de Ensino Superior no País. O objetivo é conhecer em detalhes diferentes agentes demográficos e econômicos que atuam no município e região, demonstrando possíveis consolidações de informações trazidas em antigas pesquisas, como melhorias de acessibilidade na cidade e um ambiente universitário mais inclusivo na UFU.

Sete estudos populacionais do Cepes foram objeto de análise. (Arte: Cepes/UFU)

O coordenador do Cepes destacou que os resultados da primeira pesquisa populacional, de 1996, intitulada “Condições Sócio-econômicas das Famílias na Periferia de Uberlândia”, demonstraram uma Uberlândia bastante diferente do que aquilo que se tinha em mente, "como sendo uma ilha de prosperidade". Há 25 anos, as famílias entrevistadas requeriam necessidades básicas, principalmente se tratando de melhorias no sistema de saúde.

Bertolucci reiterou que, se a população não sabe os dados do presente, não há como se planejar o futuro. "Esse recorte nos mostrou que ainda vivemos grandes desafios, em termos da população em geral. Essas pesquisas já demonstravam diversas necessidades e requisições que, se tivessem sido atendidas, hoje estaríamos tendo um contingente muito menor de mortes", comentou, ao final de sua apresentação no webnário.

 

Receita Corrente de Uberlândia

O “Desempenho da Receita Corrente Líquida do Município de Uberlândia no período de janeiro de 2016 a dezembro 2020” traz informações sobre a queda na arrecadação de impostos importantes para a cidade, com destaque para a dominância das transferências correntes e a representação dos impostos e contribuições de melhoria em 18,78%.

Os autores Rick Galdino, Tarcísio de Paula, Carlos Diniz e Rodrigo Fernandes destacam que o levantamento foi possibilitado por meio de fontes oficiais do governo federal - principalmente, a partir de informações reportadas pela Prefeitura Municipal de Uberlândia no Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi).

Foi registrada, no ano de 2020, uma receita corrente 41,22% maior do que a obtida pelo município de Uberlândia em 2016. (Arte: Cepes/UFU)

Galdino, que ficou responsável pela divulgação, comentou que parte desses recursos podem estar sendo gastos com despesas de capital: "A gente vê que as transferências correntes têm uma participação bastante expressiva; e isso não é de hoje, há algum tempo é assim. Especialmente no último ano, ela subiu com uma participação bastante significativa, chegando a 66,6% das receitas.”

Após analisar as consequências do congelamento de recursos, o pesquisador ponderou que, até o terceiro trimestre de 2020, todos os impostos municipais estavam marcando quedas. “O ISS teve uma queda de 5,96% até o mês de junho e depois passou por um período de recuperação", exemplificou Galdino.

 

Privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais

O texto para discussão “Privatização da COPASA: o que se pode esperar?”, de Welber Oliveira, pesquisador na área de saneamento, discute a possibilidade e possíveis consequências da desestatização, também conhecida como privatização, da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). A apresentação se baseia no contexto do Novo Marco Legal do Saneamento Básico (NMLSB), Lei Federal nº 14.026 de 2020, e, no plano estadual, na Política Estadual de Desestatização (PED) positivada no Decreto Estadual nº 47.766, bem como na contratação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para estudos de desestatização.

Após contextualização do setor de saneamento básico no Brasil, são apresentados dados do Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS) para o estado de Minas Gerais e comparativos entre provedores público e privado. A análise dos estudos que o banco realizou para os estados de Alagoas e Rio de Janeiro, no período recente, sugere que a desestatização poderá ocorrer por venda da empresa estadual ou delegação dos serviços de atendimento domiciliar às empresas privadas, mantendo parte da operação pública, em ambos os casos, o fornecimento de água bruta. A responsável pela prestação de serviços de saneamento atualmente tem como seu maior acionista o estado mineiro.

A linha tracejada aponta para a privatização da companhia de saneamento de Pará de Minas, que ocorreu em 2015. (Arte: Cepes/UFU)

O objetivo da publicação é apresentar o histórico recente e a discussão de privatização. O economista apontou que a Copasa consegue ser mais produtiva que a média do grupo dos privados, mas que as tarifas apresentaram o maior aumento nos últimos anos. “É interessante observar que, de 2015 a 2019, a tarifa de Pará de Minas aumentou 19,64%, enquanto a tarifa da Copasa aumentou 51,01%. Ou seja, a tarifa da Copasa aumentou mais do que a da empresa privada", evidenciou.

Nesse contexto, eventualmente, a população mineira poderá ser convocada para decidir sobre a desestatização da Copasa. "No estado de Minas Gerais tem uma particularidade: para se vender uma empresa, a constituição estadual prevê o referendo popular. O BNDES não apresentou proposta e isso está em discussão na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e, indo para frente, provavelmente a população mineira vai ser convocada para opinar sobre essa possibilidade de venda”, informou o economista.

O ano de 2020, em que foram realizados 20 webnários pelo Cepes, foi um marco nos 44 anos de história. (Arte: Cepes/UFU)

O Cepes está localizado na sala 132 do Bloco IJ do Campus Santa Mônica. É possível entrar em contato pelo telefone (34) 3239-4527 e e-mail cepes@ufu.br.

Todas as publicações já produzidas pelo Cepes podem ser acessadas AQUI.

 

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