Publicado em 06/05/2021 às 08:17 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:51
Luciana Muniz, coordenadora do Espaço CriAtiva Criança. Foto: Arquivo da pesquisadora
No ensino superior, os estudantes têm a oportunidade de fazer iniciações científicas. Mas e no ensino fundamental, existem iniciativas que incentivam a pesquisa? Na Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia (Eseba/UFU), os estudantes do 1º ao 9º ano têm a chance de participar de projetos que envolvem essa área.
A professora Luciana Muniz coordena um projeto chamado Espaço CriAtiva Criança, com alunos do 1º ao 3º ano do ensino fundamental. Os alunos desenvolvem trabalhos coletivos e individuais, investigando temas do seus interesses.
Muniz comenta que a pesquisa já é muito própria do cotidiano das crianças: “elas são extremamente curiosas e investigadoras do mundo ao seu redor e trazem para as aulas perguntas e inquietações que elas gostariam de investigar mais profundamente.”
Incentivar a pesquisa desde os primeiros anos da escola traz as questões teóricas ensinadas em aula para a realidade dos alunos. “A investigação é algo que conecta o estudante com aquilo que ele está aprendendo. Favorece um pertencimento deles ao universo dos estudos e dos conteúdos curriculares e traz uma proposta de impacto na vida dessas crianças”, explica a professora.
Já os alunos do 4º ao 9º ano têm a oportunidade de participar do Grupo de Estudos, Pesquisas e Inovações Tecnológicas (Gepit), coordenado pela professora Maísa Silva. A proposta desse projeto é a alfabetização científica, ou seja, oferecer ao aluno o primeiro contato com o ambiente da pesquisa, que, nesse caso, ocorre através da iniciação científica.
A pesquisa na educação básica auxilia no desenvolvimento amplo dos alunos, trabalhando áreas que não são tão exploradas no espaço escolar. “Existe um impacto direto no desenvolvimento tanto em termos de educação, quanto no desenvolvimento de um cidadão mais crítico e questionador, que não só questiona como também busca soluções e visualiza um problema de forma diferente”, conta Silva.
Espaço CriAtiva Criança
De acordo com Luciana Muniz, o projeto “possibilita à criança o espaço de autoria e protagonismo frente aos conteúdos curriculares e aos seus gostos e interesses, abordando aquilo que a criança quer investigar e que às vezes nem está contemplado nos conteúdos curriculares daquele ano de ensino, mas faz parte de um repertório de interesse dos estudantes naquele momento.”
Trabalhando em conjunto com a proposta do Diário de Ideias, no qual as crianças registram suas experiências, a proposta do Espaço CriAtiva Criança é levar em consideração as singularidades das vivências dos alunos e, coletivamente, decidir um tema para desenvolver como projeto da turma.
“Levantamos caminhos que vamos seguir metodologicamente, quem vai participar da pesquisa, como vamos alcançar nossos objetivos e assim a gente segue com as crianças aprofundando nas temáticas e nos objetivos que elas definiram conjuntamente com o professor”, explica Muniz.
Em 2019, alunos do 1º ano do ensino fundamental desenvolveram o projeto Transformando o Lixo em Brinquedo. “As crianças aprofundaram os seus conhecimentos em toda a parte de separação do lixo, organização e reutilização de materiais e reciclagem. Trabalhamos as questões do meio ambiente de forma bem profunda e a culminância foi a produção de brinquedos que foram trocados com uma outra escola”, relata a professora.
Foram arrecadados mais de 350 brinquedos graças a uma campanha realizada na Eseba. Essas arrecadações foram compartilhadas com uma escola municipal de Uberlândia.
Professoras Luciana Muniz, à esquerda, e Vaneide Dornellas, à direita, na troca de brinquedos entre alunos da Eseba e da Escola Municipal Profa Josiany França, em 2019. Foto: Arquivo pessoal
Muniz enfatiza que o projeto atua com toda a comunidade aprendente: “a família tem participação expressiva, indo para a escola e fazendo momentos de diálogo e investigação com as crianças, trazendo também seus conhecimentos.”
Gepit
Abertura oficial do Gepit em 2021. Foto: Arquivo da professora Maísa Silva
Oficializado em 2014, o Grupo de Estudos, Pesquisas e Inovações Tecnológicas (Gepit) trabalha a pesquisa com alunos do 4º ao 9º ano do ensino fundamental, sendo eles divididos em duplas ou trios para desenvolverem suas iniciações científicas.
Inicialmente, o tema do Gepit era sustentabilidade. Com o desenvolvimento das pesquisas, o projeto passou a abranger também os temas anuais da Semana de Ciência e Tecnologia, lançados anualmente pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
No projeto, o aluno é um sujeito ativo nos processos que ocorrem dentro do grupo. “É uma dinâmica diferente. Na escola, você tem um conteúdo e aí você olha para o problema. No Gepit não, você tem um problema e então vai olhar para diferentes áreas do conhecimento para analisá-lo”, explica Silva.
Com o desenvolvimento de pesquisas em diversas áreas, o projeto oferece formações complementares, disciplinas de nivelamento e minicursos. Feitos com a ajuda dos professores da Eseba ou em parceria com a UFU e outras universidades, a proposta é auxiliar na formação dos novos pesquisadores.
Participantes do Gepit na Feira Mineira de Iniciação Científica, Femic, em 2019. Foto: Arquivo da professora Maísa Silva
O projeto reúne, além de professores e alunos da Eseba, graduandos e pós-graduandos da UFU e estudantes do ensino médio de outras escolas. Atualmente, o grupo tem 10 bolsistas do ensino fundamental, sendo que todas as bolsas são vinculadas a outras universidades, enquanto os bolsistas de ensino médio são vinculados ao programa de pibic júnior da UFU.
Para concorrerem às bolsas, a professora comenta que os alunos mantém seu currículo lattes atualizado. “Todos os bolsistas têm mais um ano de experiência em pesquisa e o aluno que tem mais tempo dentro do Gepit tem aproximadamente cinco anos de iniciação científica.”
Confira os currículos Lattes de alguns alunos que participam do Gepit:
Davi Santiago
Mariana Zuffi
Pedro Baliano
Ana Laura Silva
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Palavras-chave: Eseba educação pesquisa ensino fundamental
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