Publicado em 16/06/2021 às 15:46 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:51
Os trabalhos premiados abordaram a temática da violência (Foto: Marco Cavalcanti)
Dois trabalhos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (Famed/UFU) foram premiados no 8º Congresso Mineiro de Educação Médica, que ocorreu entre os dias 3 e 5 de junho. Os trabalhos foram desenvolvidos por estudantes do curso de Medicina, orientados pela professora Mariana Hasse.
Premiados no eixo temático “Currículo e metodologias de ensino-aprendizagem”, um dos trabalhos foi um relato de experiência sobre o estudo da escravidão moderna, enquanto o outro pesquisou como o tema da violência é abordado nos currículos dos cursos de medicina das Instituições de Ensino Superior Federais de Minas Gerais.
Mariana Hasse afirma que a violência ainda é muito prevalente e tem consequências bastante danosas para a saúde das pessoas, por isso é importante desenvolver trabalhos sobre o tema. “Os profissionais que vão ser médicos precisam saber lidar com o problema da violência minimamente, para saber identificar casos suspeitos, fazer um acolhimento sem julgamento, seguro e que garanta a continuidade da busca do cuidado”.
O relato de experiência foi fruto da disciplina Saúde Coletiva II, do curso de Medicina da UFU. Nessa aula, vários tipos de violência são discutidos, como as cometidas contra mulheres e pessoas LGBT, o racismo e também a escravidão moderna, um tipo de violência que atinge especialmente crianças e adolescentes e a população negra.
“A escravidão é um problema que acontece muito na nossa sociedade mas é pouco reconhecido. Ele tem impactos enormes na vida das pessoas que vivem essa situação, devido às condições sociossanitárias e ocupacionais incoerentes com a legalidade e dignidade humana, a exposição a doenças e incidentes, a insegurança alimentar, problemas de saúde mental e até morte”, explica a professora.
“Aqui na região de Uberlândia [a escravidão moderna] é tão prevalente que temos uma clínica dentro do Hospital de Clínicas que se chama Clínica do Trabalho Escravo, para cuidar das consequências que a violência traz para a saúde das pessoas”, completa.
/sites/comunica.ufu.br/files/conteudo/noticia/anexo_voce_sabia_que_ainda_existem_pessoas_trabalhando_analogamente_a_escravidao.pdf
Com o intuito de caracterizar, visibilizar e coibir o problema, além de divulgar os canais de denúncia, o relato dos estudantes tratou sobre a importância dos estudantes de medicina terem contato com o tema. “Violências, Trabalho Escravo e a Prática Clínica: Vivências de Estudantes de Medicina em Componente de Saúde Coletiva” foi feito pelos alunos Amanda Colmanetti, Gabriel Reron Gonzaga Mendes, Lucas Ferreira Cesar, Pamella Cunha Lúcio e Victor Custódio Ribeiro.
Já o segundo trabalho investigou como os projetos político-pedagógicos de universidades federais mineiras abordaram a temática da violência. “Analisamos o tipo de violência, se as disciplinas são optativas ou obrigatórias, em que período do curso estão e se é abordado de forma integrativa ou biomédica”, esclarece Hasse.
No trabalho, os alunos mostraram que o estudo da violência ganhou importância no currículo médico. “A presença desses temas demonstra a preocupação das escolas médicas federais em discutir a temática e formar médicos preparados para o acolhimento e cuidado qualificado da situação de violência”.
Essa pesquisa ainda está em andamento e o intuito é analisar todas as instituições federais que têm curso de Medicina no país, com projetos pedagógicos a partir de 2014. “Ensino sobre Violências nas Escolas Médicas do Estado de Minas Gerais” foi desenvolvido pelos estudantes Kathrein Barbosa Alves, Pamella Cunha Lúcio, Vinícius Ferreira Rende e Laura Mateus Borges, e pela mestranda Kethellen Gerkman Kil.
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Palavras-chave: Medicina Prêmio violência Escravidão Moderna médico
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