Pesquisa faz reflexão sobre vida pessoal e profissional de pós-graduandas

Artigo premiado no EnAnpad foi escrito por quatro pesquisadores

“Pensar como as mulheres estão vivenciando os espaços acadêmicos na área de negócios, e como tais espaços ainda precisam de melhorias e ações práticas para que as mulheres e outros grupos não hegemônicos tenham experiências positivas em suas trajetórias”.

Esse é o propósito de um artigo, originado da tese defendida na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP) por Camilla Soueneta Nascimento Nganga, docente da Faculdade de Ciências Contábeis da UFU. O texto foi duplamente premiado na edição deste ano do Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (EnAmpad), considerado o maior evento científico da área de Administração no Brasil.

“Na tese, busquei compreender a influência dos processos de formação e de socialização experienciados por doutorandas de programas de pós-graduação em Ciências Contábeis na construção de suas identidades profissionais docentes. Destaco que tais programas são caracterizados pela baixa oferta de ações relacionadas à formação para o ensino, pelo foco em publicações e por serem ambientes masculinizados”, conta Nganga.

A discussão presente no artigo corresponde a uma das sete categorias de análise em que as entrevistas que serviram de base para a tese se dividem. Intitulado “Há tanta vida lá fora! Work-life Conflict, Mulheres e Pós-Graduação em Contabilidade”, o trabalho conquistou dois prêmios na 45ª edição do evento, ocorrido no período de 4 a 8 de outubro deste ano.

O primeiro foi o prêmio de artigo que mais contribuiu para a sociedade no âmbito do tema do evento: “Desigualdade & Diversidade: Pensando organizações e sociedades inclusivas”. Ele foi o vencedor entre 1.621 artigos. A pesquisa também foi premiada em uma das 11 Divisões Acadêmicas, a de Contabilidade, dentre 82 concorrentes. Essas divisões congregam temas de interesse da área de Administração e afins.

“É importante frisar que, ainda que a discussão derive da minha tese de doutorado, o referido artigo foi construído a oito mãos: além das minhas mãos e das mãos de Silvia Casa Nova (FEA/USP), que foi a minha orientadora, as mãos de Sandra Maria Cerqueira da Silva (Universidade Estadual de Feira de Santana) e de João Paulo Resende de Lima (FEA/USP) teceram valiosas reflexões para que chegássemos à costura final que deu forma ao presente artigo, apresentado, discutido e duplamente premiado”, destaca a docente.

Nganga acredita que o artigo foi premiado porque traz uma reflexão que ficou ainda mais evidente e necessária a partir da pandemia: como equilibrar vida pessoal e profissional?

“No artigo nós discutimos como as estruturas das universidades impõem às mulheres um falso dilema: 'ou' você é mãe e vive sua vida pessoal de maneira completa 'ou' você tem uma carreira acadêmica. Isso pode acabar trazendo consequências negativas para as carreiras das mulheres, e nosso artigo acaba atuando como uma espécie de denúncia. É um artigo que reflete sobre as experiências de mulheres e engendra a possibilidade de pensarmos uma nova pós-graduação”,  salienta a pesquisadora.

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