Publicado em 19/07/2021 às 08:39 - Atualizado em 22/08/2023 às 20:25
Elas se conheceram na antiga Faculdade de Artes, Filosofia e Ciências Sociais da UFU em 2002. Mariza Barbosa de Oliveira e Mara Rúbia de Almeida Colli fizeram parte da mesma turma do curso de Artes Plásticas e não demorou para que se tornassem próximas. Juntas, cursaram muitas disciplinas e participaram de diversas atividades no Museu Universitário de Arte (MUnA) da UFU. Depois da graduação, cada uma seguiu um caminho diferente.
Mariza terminou a graduação em 2007, mas, bem antes de se formar, atuou como monitora de montagem e desmontagens de exposições no MUnA. “Eu tive a oportunidade de montar trabalhos de gravuristas que eu adoro”, conta. “Ter contato com os artistas e com os trabalhos e aprender a manuseá-los e a cuidar do acervo artístico foi uma experiência muito rica”. Tão rica, que ajuda Mariza em sua atuação no ofício que escolheu para a vida - professora - até hoje.
Mariza também atuou como Diretora de Cultura na Associação de Docentes da UFU (ADUFU) entre 2017 e 2019. Foto: Acervo pessoal.
A sua primeira experiência como professora de Artes Visuais se deu na Escola Estadual Bueno Brandão, ainda em 2007. Pouco tempo depois, trabalhou como professora substituta na graduação em Artes Visuais, na UFU, ministrando aulas sobre gravura. Então, passou a ministrar aulas para crianças das escolas municipais. Imersa nesse contexto, foi se formando ao mesmo tempo como professora e artista. “Uma coisa vai interferindo e me dando a condição de pensar na outra”, reflete.
Em 2012, Mariza tornou-se Mestra pelo Programa de Pós-graduação em Artes da UFU. A perspectiva da pesquisa, muito baseada na sua experiência com práticas pedagógicas até aquele momento, foi pensar ações artísticas no espaço público. Depois desse trabalho, o envolvimento com a cidade levou-a a “pensar a prática docente de outra forma, mais acessível”. A defesa da sua dissertação aconteceu no espaço expositivo do MUnA.
A exposição de Mariza, “Trânsitos Poéticos”, esteve em cartaz entre fevereiro e março de 2012. Foto: Acervo Pessoal.
Ainda em 2013, Mariza passou em um processo seletivo para exercer o cargo de professora de Artes Visuais na Eseba, colégio de aplicação da UFU e, no ano seguinte, tomou posse. Ela trabalha na escola até hoje, onde desenvolveu diversos projetos. Entre eles, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) que reunia a Eseba e duas escolas estaduais em parceria com o MUnA. Foi na Eseba que Mariza e Mara se reencontraram.
Mara graduou-se em Artes Plásticas em 2007, cursando disciplinas da nova matriz curricular do recém-estabelecido curso de Artes Visuais da UFU. Em 2009, ela se especializou em Artes Visuais: Cultura e Criação, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), em Belo Horizonte. Em 2015, tornou-se Mestra pelo Programa de Pós-graduação em Artes da UFU, debruçando-se sobre as dinâmicas do processo de criação em Artes Visuais. A defesa da sua dissertação aconteceu no Mercado Municipal de Uberlândia.
Durante a graduação, Mara fez minicursos de Aquarela e de Montagem de Exposição no MUnA. Foto: Acervo pessoal.
Mara atuou como professora de Artes Visuais em faculdades e escolas públicas e privadas de Uberlândia, como a UNIESSA, Escola Municipal Professor Inácio Castilho e Instituto Teresa Valsé. Hoje, ela cursa Doutorado na Universidade Nacional de Rosário, na Argentina. A sua pesquisa perpassa os processos de criação e produção em Arte, os quais toma como referência no âmbito educacional, de pesquisa e de poética. Mara se tornou professora de Artes Visuais na Eseba em 2014.
Muito interessada pelos processos formativos, assumiu, em 2018, a coordenação do Programa Institucional “Arte na Escola Polo UFU”, voltado para a formação de professores de Arte de Uberlândia e região. O programa desenvolve diversas ações, como o projeto de extensão “Professor-Artista”, do qual ela também é coordenadora, que trabalha a produção da poética, a pesquisa e o ensino. Ela também é editora da revista “Olhares & Trilhas”, da Eseba.
O projeto de extensão “Professor-Artista” já promoveu a visitação a diversas exposições, como a mostra “Jornada das formas”, em 2015, no MUnA. Foto: Acervo pessoal.
Hoje, Mara é professora, artista e pesquisadora, atuando com exposições artísticas, fotografia, instalação e instalação performática. “Eu trabalho bastante com a questão da autorrepresentação e acabo levando as minhas experiências artísticas para dentro da sala de aula e, também, para dentro do processo formativo de professores”. Atualmente, um de seus trabalhos compõe o IX Festival Cultural do Brasil em Viena.
Mariza e Mara atuam juntas na área de Artes Visuais na Eseba: Mariza, nos anos iniciais da Educação Básica; Mara, nos anos finais. Recentemente, elas foram convidadas, pela professora do Instituto de Artes (Iarte) e coordenadora do MUnA, Tatiana Ferraz, a ocuparem um novo lugar: a coordenação do Setor Educativo do Museu. E as duas aceitaram.
Olhares e propostas
Mariza e Mara, a partir do Plano Museológico do MUnA trabalham na elaboração de novas propostas para o Setor Educativo do Museu.
Para Mariza, o MUnA desenvolve papel de grande importância não só para o curso de Artes Visuais, mas para as escolas e para a cidade, de maneira geral. Por isso, “é uma responsabilidade muito grande que a gente está assumindo, já que o Setor Educativo, em parceria com os outros, tem a função de pensar ações que dialoguem com a comunidade”.
Embora ainda não haja propostas delimitadas, um dos desejos das professoras é ampliar a percepção da presença do MUnA na comunidade. Nesse contexto, a pandemia de Covid-19, que impôs a presença exclusivamente virtual ao Museu, apresenta-se como um desafio e, ao mesmo tempo, abre possibilidades, já que, como aponta Mara, “o MUnA pode acessar pessoas que estão em outro espaço, que não estão em Uberlândia, rompendo fronteiras”.
“O Setor Educativo do MUnA tem o papel de promover, de provocar e de escutar quais são as necessidades do público em processo formativo, alcançando não somente professores de Arte, estudantes de graduação e pessoas que circulam em torno do museu, mas a comunidade de forma geral”, complementa Mara. Independentemente das propostas que virão, uma coisa é certa: para elas, o MUnA, muito mais do que um lugar de trabalho, é um lugar de formação e de afeto.
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Palavras-chave: Museu MUnA educação formação
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