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Cultura

Planetas e Amazônia são temas de exposições no Museu Universitário de Arte

Abertura dos trabalhos será realizada na noite de 27/10

Publicado em 25/10/2023 às 11:36 - Atualizado em 31/10/2023 às 10:23

O MUnA está situado na rua Coronel Manoel Alves, 309, no bairro Fundinho, em Uberlândia (artes: Rebecca Andrade / revisões gráficas: Douglas de Paula)

Mamirauá, no Fluxo das Canoas

A exposição “Mamirauá, no Fluxo das Canoas”, que reúne trabalhos dos artistas Hugo Fortes, Nivalda Assunção, Síssi Fonseca e Darlene Farris-Labar, será inaugurada no Museu Universitário de Arte (MUnA) no dia 27 de outubro. A mostra é um desdobramento da exposição Amazon F.L.O.W, já apresentada neste ano na East Stroudsburg University, nos Estados Unidos. 

As obras foram criadas a partir da Residência Artística Amazon F.L.O.W - Forest Life on Water, auto-organizada pelos artistas no interior da Floresta Amazônica em 2022. Após uma breve estadia em Manaus e arredores, os artistas rumaram para Tefé, no Alto Solimões, onde tomaram um barco para a Reserva Mamirauá, habitando uma pousada flutuante no meio da selva por uma semana. Quase sem pisar na terra, já que a floresta se encontrava totalmente alagada, os artistas realizaram trilhas a bordo de canoas, visitaram comunidades ribeirinhas e captaram imagens, sons e impressões da fauna e da flora amazônicas. 

A exposição reúne trabalhos coletivos e individuais que visam sensibilizar os espectadores para a importância da preservação da Amazônia, a beleza de sua fauna, flora e território geográfico, bem como a vida das comunidades que ali habitam. Trabalhando com linguagens diversas, que incluem pintura, instalação, fotografia, vídeo, performance, bordado, esculturas em cerâmica e impressão 3D, os artistas produziram trabalhos individuais e coletivos que apresentam diferentes abordagens sobre a floresta amazônica.

Após realizarem diversas colaborações em exposições e seminários internacionais, apresentando seus trabalhos em mostras conjuntas em diversos países, os artistas Darlene Farris-Labar, Nivalda Assunção, Síssi Fonseca e Hugo Fortes criaram, em 2022, o grupo Amazon F.L.O.W., afirmando-se como coletivo destinado a realizar residências e exposições voltadas para as relações entre arte e natureza. 

A exposição “Mamirauá, no Fluxo das Canoas” ficará em cartaz no MUnA até 14 de janeiro de 2024 e, posteriormente, seguirá para São Paulo, onde será apresentada na Galeria Gare. 

 

'Dança das Esferas'

Idealizado pela artista Carlota Mason, com pesquisa e produção localizadas no cruzamento de três temas principais: Luz, Experiência e Astronomia, DANÇA DAS ESFERAS é um projeto que lida com temas como a relação física entre os planetas e nossos corpos, a luminosidade fugidia, o tempo e a obsolescência das tecnologias. 

A obra é composta por um projetor de slides carrossel Kodak que dispara, de forma automática, tanto imagens confeccionadas no ateliê da artista, quanto imagens captadas pelos telescópios Hubble e James Webb encontradas na Internet. As imagens originais são digitais e são transferidas para película analógica. Ter imagens atuais dos corpos celestes, que necessitam da mais alta tecnologia para chegarem até nós, em película, mostra-se como uma tentativa de encurtar as distâncias. 

O trabalho será exibido na sala Lucimar Bello no Museu Universitário de Arte (MUnA), vinculado à Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O projetor de slides carrossel Kodak ficará apoiado sobre um módulo (mobiliário do Museu) posicionado de forma que a imagem do slide esteja bem definida e grande. O projetor disparará as imagens de forma automática . 

Segundo a artista, parte das imagens foi confeccionada em seu ateliê com diversos aparatos luminosos refletidos sobre uma placa de vidro. Os objetos escolhidos para compor os planos são um espirógrafo, bolas de gude e impressões em transparência de mandalas que representam os movimentos dos planetas. O trabalho é composto também por imagens encontradas na internet captadas por telescópios de última geração. 

Foram realizadas 80 fotografias e cada uma se tornou um slide. 

 

A relação física entre os planetas e nossos corpos 

“Vivemos em um momento em que a nossa relação com o planeta precisa ser repensada/reconsiderada, tanto na esfera coletiva quanto na esfera individual”, diz a artista, acrescentando que “nos distanciamos muito de maneiras simples de apreciação dos elementos naturais que estão à nossa volta”. DANÇA DAS ESFERAS busca “proporcionar uma experiência de encontro dos nossos corpos em relação aos movimentos dos planetas”, de acordo com Carlota. 

Ela cita o Livro da Coincidências - a misteriosa harmonia dos planetas, de John Martineau, que diz: “Vivemos entre o pequeno e o grande, em um tempo e lugar no universo onde as coisas se condensaram, cristalizaram, foram construídas, sintonizadas e estabelecidas”. E também aponta que: “Na Antiguidade, aqueles que estudavam tais coisas ponderavam sobre a música das esferas, os corpos celestes que cantavam suas harmonias perfeitas e sutis”. 

Segundo a artista, “a verdade é que existem muitos mistérios entre o céu e a Terra, e esse livro nos revela, através de imagens, os desenhos perfeitos que os percursos dos planetas realizam no espaço”. 

As imagens elaboradas por ela em seu ateliê foram baseadas nas ilustrações que representam a movimentação dos planetas. São figuras de mandalas que permitem ao público imaginar um ponto de vista de fora do planeta e, ao mesmo tempo, imaginar-se como parte dessa “dinâmica perfeita”, como define Carlota. 

 

A luminosidade fugida 

A Luz sempre esteve presente como interesse de pesquisa da artista. A partir de 2016, sua investigação se ampliou, chegando ao Sol, à Lua como projetor de Luz para a Terra e, por consequência, à Astronomia. O trabalho se expandiu e ela apresentou um Eclipse ao vivo no Cinema em 2017, como pode ser visto no site www.carlotamason.com

A efemeridade da Luz e os caminhos que ela percorre são aspectos de grande importância para o trabalho, segundo ela. O projetor de slides carrossel tem, em seu equipamento, aspectos interessantes para esse trabalho; a luz em constante movimento, o mecanismo circular e a marcação do tempo. 

 

O tempo e a obsolescência das tecnologias 

Um projeto como esse envolve uma série de desafios que estão, principalmente, relacionados a trazer à tona uma tecnologia obsoleta. 

A vontade de utilizar esse aparato, como observa Carlota, está relacionada com a questão do tempo que o trabalho permeia: “O tempo cronológico, que tentamos ‘contar’ por meio das engrenagens. O tempo da relação entre os movimentos dos planetas. E, também, o tempo de uma tecnologia em desuso”. O projetor de slides carrossel é um marcador do tempo, com seu ruído compassado e, simultaneamente, remete a um outro tempo. 

Ela destaca que, por estar desaparecendo, essa tecnologia se mostra extremamente custosa nos dias atuais. Os laboratórios estão cada vez mais escassos e os "químicos" para revelação de determinados filmes, como o caso do Cromo, pararam de ser fabricados pela Kodak. 

“Apesar dessa triste história, encontrei, em São Paulo, um único laboratório disposto a produzir os slides. E, justamente por sua escassez, é que esta forma de mostrar o trabalho me parece a única possível. A singularidade do aparato que se torna motor do trabalho traz em si elementos que condizem à natureza das temáticas envolvidas”, complementa. 

A abertura da exposição “DANÇA DAS ESFERAS” no MUnA acontece no dia 27 de outubro de 2023 e fica em cartaz até 14 de janeiro de 2024.

 

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