UFU no Cerrado Mineiro

Aprovado pelo Conselho Universitário em 2010 e inaugurado no primeiro semestre de 2011, Monte Carmelo é um dos campi mais novos da Universidade Federal de Uberlândia. Há 12anos, a unidade localizada no Alto Paranaíba abrigou inicialmente três cursos: Agronomia, Engenharia de Agrimensura e Cartográfica e Sistemas de Informação.  

“Tudo começou lá no Sesi, uma estrutura provisória”, relembra o professor e primeiro coordenador do curso de Agronomia em Monte Carmelo, Bruno Vieira. Ele conta que as salas e os laboratórios, naquela época, localizavam-se no Ginásio Esportivo, um espaço cedido pela prefeitura da cidade. “Em 2014 a reitoria construiu o primeiro bloco, o 1AMC, que foi essencial”, informa o docente. 

No bloco 1AMC, descreve Bruno, foi construída a “biblioteca, uma parte administrativa, com a PROGRAD (Pró-Reitoria de Graduação), Assessoria Administrativa, Prefeitura Universitária, gabinete dos professores e salas de aula”. Com o surgimento da unidade Araras, onde está o 1AMC, a universidade passou a ofertar mais dois cursos de ciências agrárias: Engenharia Florestal e Geologia. “Foi uma primeira conquista muito importante do campus”, completa ele. 

Araras foi inaugurada em dezembro de 2017 e, no próximo ano, o 1BMC, segundo bloco que faz parte do planejamento da construção do campus, foi finalizado, abrigando os laboratórios que ficavam na estrutura do SESI. Além disso, novas salas de aulas foram criadas além do anfiteatro de Monte Carmelo.  

Desde o início, a presença da UFU na cidade já estabelecia uma relação com o desenvolvimento regional. A criação de cursos relacionados às ciências da terra, em uma cidade referência agrícola no interior mineiro, desempenhava um grande papel tanto na formação dos alunos, quanto para os produtores e empresas da cidade. Segundo o professor Bruno, “a UFU foi muito feliz de escolher esse campus aqui.” 

Monte Carmelo é conhecida mundialmente pela cafeicultura, tendo produtores especializados em produção de café sustentável e de qualidade. A localização do município permite a cultivação da cultura durante todo o ano, pelo clima ameno e sem extremos de temperatura. Neste cenário, a UFU atende como suporte para pesquisas buscando melhorias nas lavouras e possibilita aos alunos a experiência do contato direto com fazendas produtoras de café. 

A localização do campus em Monte Carmelo é um atrativo para os estudantes que desejam estudar na área das ciências da terra. A graduanda no curso de Agronomia, Lívia Lico, conta que “durante toda a graduação nós alunos temos contato com as culturas mais cultivadas na região”. Para ela, as experiências adquiridas ainda na graduação são de extrema importância ao se inserir ao mercado de trabalho.  

O campo é a sala de aula 

O Campus Monte Carmelo dispõe do Campo Demonstrativo e Experimental (Cadex), que permite aos alunos o desenvolvimento de pesquisas em diferentes áreas. Além disso, a UFU é acolhida por produtores e cooperativas da região dispostos a receber os discentes em suas propriedades, permitindo a ampliação dos locais de estudo de cada curso. 

A coordenadora do Núcleo de Estudos em Cafeicultura do Cerrado (Necacer), Gleice de Assis, é docente na UFU há dez anos e ministra disciplinas especializadas na cultura do café na graduação e na pós-graduação. Segundo ela, a prioridade durante as aulas são visitas às fazendas. “Desta forma, os alunos têm a possibilidade de ter aulas práticas em viveiros de produção de mudas, além de conhecer todo o manejo adotado nas lavouras cafeeiras”, conta a docente.

Essas experiências permitem que os alunos conheçam a realidade da produção agrícola além das páginas dos livros e da sala de aula. A egressa do curso de Agronomia, Eduarda Vasconcelos, conta que teve contato com café durante toda a graduação, participando da empresa júnior do curso, ConCampo, e no estágio em uma cooperativa de café. “Sempre tivemos possibilidade de ir a campo, tanto no campus quanto em fazendas parceiras”, relembra Eduarda. 

“Todos os semestres os alunos do curso que estão cursando a disciplina de cafeicultura tem a oportunidade de conhecer uma cooperativa de café, desde a etapa de recebimento do café do produtor, até a classificação do produto e armazenamento”, explica Gleice. Além disso, os produtores da região abrem suas propriedades para os alunos conhecerem o manejo da cultura. Para a docente, “esta troca contínua de saberes e conhecimentos é muito importante para a formação dos discentes” , completa a docente. 

Ainda, a Unidade Araras fica há alguns quilômetros da cidade, permitindo ao aluno uma verdadeira extensão da sala de aula no campo. Um olhar pela janela do laboratório, possibilita ao discente a visualização de onde colocará em prática o que aprende diariamente nas aulas. “Na janela da sala de aula você vê passarinho voando. Esse é o diferencial”, conta o docente Bruno Vieira. 

A UFU e a cidade 

A Universidade Federal de Uberlândia, como as demais universidades brasileiras, é regida pelo princípio institucional do tripé universitário: ensino, pesquisa e extensão. Sendo assim, não basta formar um profissional, é preciso reverter o conhecimento adquirido para a sociedade. No Campus Monte Carmelo, é identificado, pela comunidade universitária, um contato direto com a sociedade carmelitana. “O produtor se orgulha ao receber visitantes em sua propriedade. E, por outro lado, a UFU e toda a comunidade se beneficia muito com essa relação de troca de conhecimentos.”, afirma Gleice de Assis.  

Em abril deste ano, o Necacer realizou um Dia de Campo no Campus Monte Carmelo com a participação de 117 produtores, que puderam conhecer os experimentos realizados na universidade. “O Dia de Campo ‘Tecnologias aplicadas à cafeicultura’ foi realizado com o objetivo de mostrar os resultados de pesquisas desenvolvidas. O público-alvo deste evento foi a comunidade externa, principalmente os cafeicultores e agrônomos que atuam na assistência técnica”, diz a coordenadora do núcleo de estudos. 

Há 10 anos, acontece no campus o Simpósio de Ciências Agrárias e Ambientais (SICAA), um evento que reúne discussões sobre diversos temas relevantes na área. “Esse ano nós vamos ter em outubro uma feira tecnológica, onde as empresas do setor agrícola irão fazer demonstrações. O foco é além da comunidade interna. Nós estamos estimando a participação de 200 a 300 produtores rurais”, diz Bruno Vieira. Ele ainda afirma que é uma preocupação dos técnicos e professores fazer essa integração. 

Segundo a professora Gleice, há também uma contribuição efetiva das empresas locais com a universidade. “Várias empresas que atuam no ramo da cafeicultura oferecem estágios para os discentes. Assim, vários egressos estão trabalhando atualmente nas próprias empresas onde fizeram estágio”, conta ela. Eduarda Vasconcelos, atualmente trabalha em uma cooperativa de cafeicultores da cidade, a COOXUPÉ, onde estagiou durante a graduação. 

O Campus Monte Carmelo desempenha um papel fundamental na região em que está localizado. Ao longo dos anos, os cursos de graduação e pós-graduação atraem centenas de pessoas para a cidade, impactando positivamente a economia local. “Durante o semestre letivo há uma grande diferença no movimento da cidade, demonstrando que a universidade traz consigo um crescimento da cidade”, declara Eduarda. 

A série "ESPECIALUFU45" reúne textos escritos por membros da equipe da Diretoria de Comunicação Social (Dirco), mas também está aberta à contribuição de outros integrantes da comunidade acadêmica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). As sugestões de temas a serem abordados, bem como o envio de materiais para avaliação e, em caso de aprovação, posterior publicação, podem ser realizados por meio do formulário eletrônico disponível em: www.comunica.ufu.br/divulgacao.

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