Pesquisa aponta piora na qualidade de vida de trabalhadores após infecção por coronavírus

A infecção por covid-19 afeta não só a saúde, mas a qualidade de vida do trabalhador, segundo os resultados da pesquisa “Aspectos da qualidade de vida no trabalho após infecção por Covid-19”, realizada por Juliana Sobreira da Cruz, pesquisadora do Programa de Pós-Graduação Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (PPGAT), da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Os  resultados mostraram que 80% dos participantes apresentaram algum sintoma persistente ou sequela, após a infecção por covid-19. Os impactos na qualidade de vida no trabalho ainda foram piores para o grupo de pessoas que tiveram maior tempo de internação hospitalar apresentando sintomas mais graves.

De acordo com Cruz, a pesquisa iniciou-se em janeiro de 2023 e teve duração de 60 dias, com o acesso de 121 pessoas. Desses, somente 46 voluntários apresentaram perfil para a pesquisa, sendo a maioria homens. Dentre os sintomas e sequelas relatados estão problemas respiratórios, cardíacos, dores de cabeça, perda de audição e de olfato e até Acidente Vascular Cerebral (AVC). 

Outro resultado refere-se aos impactos da doença na população negra. Os trabalhadores negros foram os mais atingidos pela covid-19 devido à privação aos serviços de saúde e as dificuldades socioeconômicas de seguirem as recomendações de isolamento, que afetou de maneira desigual os grupos sociais. 

Para a pesquisadora, que também é técnica em enfermagem e esteve na linha de frente do enfrentamento ao coronavírus, os resultados demonstram o colapso da saúde pública e privada brasileira. “Devemos implementar políticas e estratégias de mitigação de riscos, melhorar a equidade racial na saúde, reduzir as taxas de infecção e mortalidade entre os negros e abordar a negligência e as disparidades nos cuidados. É importante abordar esta questão e garantir a qualidade e democratização dos cuidados de saúde e da população”, afirma Cruz.

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