Publicado em 14/03/2024 às 12:42 - Atualizado em 20/03/2024 às 08:54
Para homenagear e reforçar a luta feminina, a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), por meio da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Proae), vai além da celebração da data do "Dia Internacional da Mulher", 8 de março, e está realizando eventos especiais durante todo o mês. Seguindo, então, a programação temática de ações de conscientização e debates da Proae, na quinta-feira passada, 7, aconteceu a abertura do "Mês do Respeito". O momento foi na Sala dos Conselhos, localiza no bloco da Reitoria, e contou com uma roda de conversa com várias mulheres da UFU - confira uma galeria especial, no final desta matéria.
A professora Débora Prado, do curso de Relações Internacionais; a professora Vanda Luchesi, do curso de Matemática (Campus Pontal); a professora Mara Rúbia Almeida, da Faculdade de Educação (Faced); a assessora da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc), Fabíola Dutra; a secretária-geral Elaine Magali; a discente do curso de Engenharia Ambiental e integrante do Diretório Central Estudantil (DCE) Roberta Rezende; e a ex-discente Elisabeth Rocha foram as convidadas especiais que fizeram parte da roda de conversa e compartilharam suas experiências pessoais, acadêmicas e profissionais com o público do evento.
Estiveram também presentes, compondo a mesa de autoridades, o reitor, Valder Steffen Jr.; a pró-reitora da Proae, Elaine Saraiva; o pró-reitor da Proexc, Helder Eterno da Silveira; a procuradora federal da UFU, Bianca Lobato; a representante da Comissão Permanente de Acompanhamento da Política Institucional de Valorização e Proteção das Mulheres, Eminéia Lima; a representante da Ouvidoria-Geral da UFU, Núbia Saad; as vereadoras Amanda Gondim e Claudia Guerra; a major da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, Michele Noronha; a defensora pública do Estado de Minas Gerais, Bárbara Bissochi; a representante da ONG S.O.S. Mulher, Claudia Cruz; e o procurador do Ministério Público Federal, Onésio Amaral.
Nós, mulheres
“Nós, quando vamos falar sobre a luta e espaços das mulheres, precisamos ter homens [ouvindo nossa fala] [...] porque é participando desses ambientes [de debate] que mudamos o nosso pensamento. Nós só vamos conseguir mudar os espaços e a sociedade com o apoio deles [homens]”, afirmou a estudante Roberta Rezende, uma das convidadas do evento - e que, antes de fazer essa consideração, mencionou a baixa quantidade de homens presentes no momento. Por isso, ela quis fazer a ressalva da importância dos homens presentes, mas que a causa ainda precisa de mais aliados do sexo oposto para que as mulheres consigam ocupar seus espaços.
Ela também ressaltou, em seu discurso, como as mulheres precisam se esforçar muito mais que os homens para se provarem aptas. “Os homens, se eles têm uma especialidade, já são capazes. Nós, mulheres, precisamos nos provar cinco ou dez vezes para provar que somos capazes”, concluiu Roberta.
A fala da estudante vai ao encontro de outras falas das convidadas, principalmente das docentes da mesa - Débora Prado, Mara Rúbia Almeida e Vanda Luchesi –, que ressaltaram a dificuldade de encontrar outras mulheres no campo da pesquisa, posições de coordenação e direção dos institutos. A professora Débora Prado, de Relações Internacionais, enfatizou isso: “Aumentou muito a quantidade de mulheres na RI desde que entrei, mas elas não conseguem ocupar espaços mais altos. Não se vê tanto na pós e nos conselhos.”
Outra questão levantada pelas docentes é a incompreensão dos colegas de academia e institutos quanto à maternidade. “Eu, de licença maternidade, me perguntaram [quando estive na UFU para a entrega de alguns documentos] se eu estava descansando bastante?!”, comentou Débora Prado, que se mostrou indignada com o questionamento do colega naquela ocasião, comparando os dias de afastamento por conta de maternidade com corriqueiros dias de férias.
Mara Rúbia também relatou as dificuldades de ser mãe, docente e discente ao mesmo tempo, uma vez que ela está cursando o doutorado. Frente a essas dificuldades, ela criou um projeto de extensão que fala justamente sobre a maternidade na ciência, mas de um modo diferente. “Eu não pesquiso a maternidade na ciência, eu sou a maternidade na ciência. [...] Eu mostro os desafios na ciência, a experiência do que é ser mulher enquanto Mara discente, docente, pesquisadora e mãe”, exclamou a professora da Faced.
O projeto é intitulado “Materniência - maternidade e ciência” e é um espaço de discussão que envolve o tema maternidade e ciência e busca refletir sobre os impactos no que tange à equidade de gênero. “É terapêutico compartilhar com outras mães da academia sobre os nossos desafios. [O Materniência] não faz a gente se sentir sozinha”, sublinhou Mara Rúbia.
A outra docente, Vanda Luchesi, também concordou e compartilhou sobre os desafios de ser mãe, docente e pesquisadora. Além disso, convidou o público presente a refletir sobre a presença das mulheres na pesquisa, principalmente nas áreas das Ciências Exatas. Ela trouxe o dado de uma pesquisa de 2019 que afirmava que apenas 21% dos ingressantes dos cursos de Matemática no país eram mulheres. “Você, enquanto mulher, o que está fazendo para mudar o cenário de poucas mulheres na ciência?”, indagou a professora, que também se queixou sobre outra dificuldade na carreira profissional: ser ouvida. “A fala do professor Helder ['Deixem as mulheres falarem'] me deixou esperançosa, porque eu nunca consegui me expressar muito bem no meu ambiente de trabalho como pesquisadora”, desabafou.
Continuação da programação
As atividades da Proae pelo "Mês do Respeito" continuam. Hoje, quinta-feira, 14, em parceria com a Diretoria de Cultura (Dicult), acontecerá o “Cine UFU: especial mulheres”. O evento contará com a exibição do documentário “Escrevendo com fogo” e um debate com as psicólogas Paula Carvalho e Giovanna Pizzo. O encontro será no auditório do Escritório de Assessoria Jurídica Popular (Esajup), no Bloco 5V do Campus Santa Mônica, às 18h30.
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Palavras-chave: Mulheres Proae mês do respeito
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