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Pertencimento

'Setembro Verde': a inclusão social de pessoas com deficiência na UFU

Universidade promove ambiente mais plural e acolhedor, por meio de divisões e projetos

Publicado em 13/09/2024 às 08:53 - Atualizado em 01/10/2024 às 10:55

Imagem: Pexels

 

O "Setembro Verde" é marcado pelas campanhas de inclusão social das pessoas com deficiência (PcD), por conta do "Dia Nacional da Luta da Pessoa Portadora de Deficiência", celebrado no próximo dia 21, sábado. A data, instituída pela Lei nº 11.133/2005, representa um marco de lutas pelos direitos desse grupo social.

Neste ano, o nono mês está sendo "verde e amarelo", pois, além da tradicional campanha “Setembro Amarelo” - focada na saúde mental -, a primeira semana foi marcada pelos Jogos Paralímpicos, em Paris (França) e pela grande campanha da delegação brasileira, que alcançou um inédito quinto lugar no quadro geral de medalhas.

A inclusão social de pessoas com deficiência ainda é uma questão pertinente para a sociedade. Dados do Censo da Educação Superior de 2022 apontam que 79.262 alunos de instituições superiores do Brasil declaram ter alguma deficiência e que há uma diferença significativa entre as universidades públicas e privadas. Por exemplo, 93% das instituições privadas oferecem ensino em Língua Brasileira de Sinais (Libras), contra 72% das públicas. A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) se encontra dentro desses 72%, com a oferta de disciplinas optativas da Libras, além do curso de Língua Portuguesa com Domínio em Libras (LPDL).

Saindo das salas de aula, projetos e divisões da universidade auxiliam na inclusão das pessoas com deficiência, buscando um ambiente mais plural e acolhedor para esse grupo social, assim como a sua permanência na instituição.

 

Divisão de Acessibilidade e Inclusão (Dacin)

Logomarca da Divisão de Acessibilidade e Inclusão da Universidade Federal de Uberlândia
Arte: Diretoria de Ensino (Diren/UFU)

A Divisão de Acessibilidade e Inclusão (Dacin) é uma das responsáveis por isso. Ligada à Diretoria de Ensino (Diren), órgão da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd/UFU), a divisão surgiu em 2004, como Centro de Ensino, Pesquisa, Extensão e Atendimento em Educação Especial e foi institucionalizada pela universidade em 2020.

De acordo com o site da Dacin, a divisão atua em diversas áreas, como no fortalecimento e valorização da inclusão de PcDs na universidade, por meio da implementação de políticas de acesso ao ensino e ao conhecimento, além da permanência e atendimento para estudantes, professores e servidores com deficiência.

Algumas dessas medidas envolvem tradução e interpretação em Libras para estudantes, professores e técnicos administrativos surdos; contato com as coordenações dos cursos para que as necessidades dos discentes sejam atendidas; além de monitorias para estudantes com deficiência, realizadas por outros estudantes de graduação na universidade.

A coordenadora da Dacin e técnica administrativa Anna Paula Martins Leite explica que, apesar das semelhanças com uma monitoria acadêmica, a assistência promovida pela divisão é diferente. “Às vezes, é um apoio dentro da sala de aula, que a gente chama de 'intraclasse'. Por exemplo, quando um aluno não consegue escrever, o monitor vai para a sala e faz anotações, acompanhando-o em suas atividades”, detalha. 

Ela também aponta que a monitoria pode ir além da sala de aula, já que não se trata de um estudo de disciplinas. “Se um aluno com deficiência visual precisa ir até a biblioteca pegar um livro, o monitor acompanha esse estudante e o auxilia na pesquisa, procurando artigos em sites que, geralmente, não têm recursos de acessibilidade”, destaca.

Outro ponto a ser ressaltado é a baixa inclusão de PcDs no ensino superior. Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de 2022 (PNAD Contínua 2022), divulgada no último dia 7 de julho, apenas 14,3% dos jovens de 18 a 24 anos com deficiência estão no ensino superior, contra 25,5% dos sem deficiência.

Iniciativas de inclusão e permanência são promovidas pelo Dacin para tentar minimizar essa desigualdade, como explica Leite: “As ações de permanência ainda estão muito voltadas para a monitoria, mesmo com a gente entendendo que precisam de mais ações. Somos uma divisão pequena, mas fazemos o possível. Temos planos para atendimentos específicos para alunos com autismo e um trabalho atitudinal com os docentes e discentes, por exemplo”, revela a coordenadora.

Para solicitar a monitoria da Dacin, é necessário entrar em contato com a coordenação do curso, que fará o primeiro atendimento para entender as demandas do estudante. Então, um ofício será enviado à divisão, que acolherá o discente e analisará qual será a melhor forma para realizar as medidas necessárias para a inclusão desse aluno no ambiente universitário. 

A Divisão de Acessibilidade e Inclusão está localizada na Av. João Naves de Ávila, 2121, Bloco 1A, Salas 3, 4 e 5 do Campus Santa Mônica, e pode ser contactada via Instagram, e-mail (dacin@prograd.ufu.br) ou pelo telefone (34) 3239-4577.

 

Programa de Atividades Físicas para Pessoas com Deficiência (PAPD)

Logomarca do Programa de Atividades Físicas para Pessoas com Deficiência
Arte: PAPD/UFU

O esporte paralímpico é uma das alternativas de inclusão para as pessoas com deficiência. Desde 2012, o Brasil se mantém consistentemente no "Top 10" do quadro de medalhas das Paralimpíadas, quebrando seu recorde em Paris-2024, com a quinta posição, conquistando 89 pódios. Este número é quatro vezes maior que o recorde em Olimpíadas, com as 21 medalhas de Tóquio-2020.

O Programa de Atividades Físicas para Pessoas com Deficiência (PAPD) é um projeto de extensão da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia (Faefi/UFU) que já dura mais de 40 anos. Criado em 1982, o PAPD busca “desenvolver ações com pessoas com deficiência, por meio de atividades físicas, esportivas, recreativas e de lazer, contribuindo no processo de reabilitação, interação social e melhoria de qualidade de vida dos participantes”, de acordo com o site do projeto.

Cerca de 180 alunos, com faixas etárias que vão dos recém-nascidos aos idosos, são estimulados em diferentes aspectos, como cognitivo, motor, social e afetivo. A iniciativa também está integrada à graduação, pela disciplina "Prática Pedagógica em Educação Física", onde os discentes planejam e desenvolvem métodos de ensino em áreas como hidroginástica, musculação, recreação e em esportes variados, como atletismo, futsal e futebol.

Para se tornar um aluno do PAPD, é necessário procurar a secretaria do projeto, localizada no Campus Educação Física e verificar a existência de vagas em aberto. Se houver disponibilidade, a pessoa passa a fazer parte do projeto. Em caso contrário, é recomendada a aguardar o surgimento de uma nova vaga. Um folder explicativo do projeto pode ser acessado em seu site.

 

Nova iniciativa

Um coletivo para pessoas com deficiência está sendo criado por estudantes da UFU. Rafael Alexandre Carneiro, do curso de Sistemas de Informação, é um dos acadêmicos que estão atuando na criação do coletivo, cujo nome ainda será escolhido em uma das reuniões iniciais com os membros.

“O objetivo do coletivo é criar um espaço seguro de integração e compartilhamento de experiências na universidade, para que possamos melhorar a acessibilidade e a inclusão. Queremos levar nossas demandas, críticas, queixas e elogios para que os órgãos institucionais possam tomar providências”, aponta Carneiro.

As medidas iniciais envolvem campanhas de inclusão para a valorização de pessoas com deficiência, acompanhamento desses alunos ´por meio das coordenações dos cursos e a promoção de ações de conscientização para o restante da sociedade.

“Por enquanto, o foco do coletivo é nos estudantes, mas estamos abertos para receber técnicos e professores também. A acessibilidade na universidade também precisa ser para eles”, completa o acadêmico de Sistemas de Informação.

Para entrar em contato com a organização e poder participar do coletivo, é preencher um formulário virtual. Finalizando, Carneiro esclarece que, a princípio, as inscrições estão abertas apenas para pessoas com deficiência.

 


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Palavras-chave: inclusão social PcD PAPD dacin coletivo

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