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Inovação

Como as ciências comportamentais podem auxiliar na gestão pública?

Mestrando da UFU participou de conferência sobre o tema no G20 Social

Publicado em 20/12/2024 às 17:37 - Atualizado em 20/12/2024 às 18:01

Conferência reuniu especialistas em ciências comportamentais. (Foto: Reprodução/Pedro Árias/NudgeRio)

Pequenas alterações no ambiente social podem levar a grandes mudanças comportamentais — esse é o princípio norteador das discussões promovidas na Conferência Latino-Americana de Ciências Comportamentais, que reuniu representantes da área em novembro de 2024, como uma das atividades paralelas à 19ª reunião de cúpula do G20, no Centro de Operações Rio (COR), no Rio de Janeiro (RJ).

O mestrando em Ciências Sociais da UFU Demian Sousa Costa e Silva foi selecionado para acompanhar essa conferência, exclusiva para convidados e especialistas no tema. “Eu sempre me interessei pela interface entre a psicologia e o comportamento social. Na época da pandemia, eu fiz algumas formações em psicologia econômica com a professora Vera Rita de Melo Ferreira e, agora, ela selecionou três pessoas que participaram desses cursos para estarem no evento e eu fui uma delas”, conta.

Ferreira é presidente da Associação Internacional de Psicologia Econômica (IAREP, na sigla em inglês) e atua com a teoria da tomada de decisão, elaborada no campo das ciências comportamentais por autores como os vencedores do Prêmio Nobel de Economia Daniel Kahneman (2002) e Richard Thaler (2007). Desenvolvidas nos Estados Unidos, as ideias de ambos para pensar as relações entre o comportamento individual e o ordenamento social e econômico inspiraram o movimento que, atualmente, busca contextualizar o tema na América Latina.

A conferência foi sediada pelo Instituto Fundação João Goulart, responsável pela iniciativa NudgeRio, que insere pressupostos comportamentais na elaboração de projetos e políticas públicas na Prefeitura do Rio de Janeiro desde 2013. Durante a conferência, na qual Demian era o único representante do interior brasileiro, a entidade apresentou alguns casos em que foram aplicados incentivos comportamentais (também chamados de petelecos ou cutucadas, como sugere a tradução do termo em inglês nudge) para que os cidadãos acessem melhor os serviços públicos.

“Algumas vezes, você pode resolver um problema enfrentado pelo Estado fazendo pequenas alterações comportamentais. Um dos casos mais clássicos, apresentado no evento, foi a cobrança de imposto. A prefeitura começou a enviar cartas de cobrança de IPTU já em dezembro e mudou a redação da carta, adotando o estilo de um saldão de supermercado, algo que parece simples, mas teve um grande efeito na arrecadação do município”, exemplifica Demian.

O mestrando também lembra de outro exemplo trabalhado pela NudgeRio: “Foi identificado um problema, que algumas pessoas estavam acessando certas vias perigosas para pedestres e acabavam provocando acidentes. Os especialistas estudaram o problema e tiveram a ideia de fazer um tapete vermelho na calçada com uma placa incentivando o acesso por lá, porque seria mais legal passar por um tapete vermelho. E isso já foi eficiente para reduzir o número de acidentes nesses locais.”

Também foram compartilhados exemplos de nudge no Reino Unido e nos Estados Unidos, mas o objetivo principal da conferência era debater e construir um documento multilateral de gestão do conhecimento e colaboração intersetorial, interdisciplinar e internacional com diretrizes sobre o tema, adaptadas ao contexto da América Latina.

Foto de Vera e Demian
O mestrando da UFU participou da conferência a convite da professora Vera Rita de Melo Ferreira, palestrante do evento. (Foto: Reprodução/Pedro Árias/NudgeRio)

Demian, que atualmente desenvolve uma dissertação na área da ciência política, já projeta seus próximos passos de pesquisa na UFU. “Ficou muito evidente, na conferência, a necessidade de criar linhas de pesquisa. Eles apresentaram alguns casos, algumas práticas, mas há uma carência de pesquisa sobre o tema no Brasil”, nota. 

Professor na rede privada de ensino, ele saiu do evento esboçando uma aplicação em sua área: “Eu pretendo estudar o impacto da arquitetura de escolha na educação, aplicar testes das ciências comportamentais aos modos de acessos dos estudantes a conteúdos pedagógicos, por exemplo, porque, essencialmente, eu sou professor.”

 

G20 Social

O G20 Social envolveu, neste ano, 271 atividades autogestionadas, com a participação de mais de 50 mil pessoas de diversos países ao redor de ideias e soluções para o enfrentamento de problemas globais. Os temas abordados nesses eventos, como foi o caso da Conferência Latino-Americana de Ciências Comportamentais, integram as agendas que, na sequência, pautaram a reunião dos líderes das 20 maiores economias do mundo.

 


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Palavras-chave: G20 Psicologia comportamental América Latina

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