Publicado em 16/01/2025 às 11:53 - Atualizado em 16/01/2025 às 13:18
O Nasa Space Apps Challenge é um desafio anual com duração de 48 horas que tem como objetivo criar recursos inovadores por meio do acesso aos dados livres e gratuitos da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa) e de seus parceiros. Em 2024, o evento contou com 93.520 participantes, incluindo os alunos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Gabriel Ribeiro Filice Chayb, Larissa Borges de Mello, Ana Carolina Miziara Sabino de Oliveira Borges, Gustavo Antonio Teixeira da Matos e os ex-alunos da instituição Gustavo Ferreira Tavares e Alailton José Alves Junior, que se uniram e formaram o time que veio a ser o primeiro grupo a trazer o prêmio de “Melhor Uso da Tecnologia” para a América do Sul, pelo projeto 42 Quake Heroes.
A competição é o maior hackathon do mundo, uma maratona de inovação tecnológica em que equipes multidisciplinares criam soluções para desafios formulados pela Nasa em busca de respostas para problemas existentes na Terra e no espaço. Os desafios variam em tema e complexidade e cada time é livre para escolher qual tarefa enfrentar. Os competidores disputaram um dos dez prêmios globais, sendo eles: Melhor Conceito de Missão, Mais Inspirador, Melhor Narrativa, Conexão Global, Melhor Uso da Ciência, Melhor Uso de Dados, Arte e Tecnologia, Impacto Local, Melhor Uso da Tecnologia e Impacto Galáctico.
O Projeto
O Nasa Space Apps Challenge 2024 aconteceu entre 5 e 6 de outubro e, durante esses dias, os participantes precisaram resolver um dos 20 desafios propostos pela companhia. A equipe oriunda da UFU criou o projeto 42 Quake Heroes como resposta ao desafio “Detecção sísmica em todo o sistema solar”. Caracterizado como o único desafio avançado entre as opções disponíveis, o grupo precisou desenvolver uma solução para aumentar a eficiência energética no envio para a Terra de sinais relacionados aos tremores que ocorrem em satélites naturais, como a Lua, e em outros planetas. “Na escolha do desafio a gente pensava: ‘com qual desafio a gente tem capacidade de contribuir mais para a ciência?'. Então, enxergamos muito potencial nesse desafio e por isso a gente escolheu ele”, acrescenta Mello.
O 42 Quake Heroes consegue observar de forma precisa os eventos sísmicos que acontecem em Marte e na Lua por meio de dados sobre a velocidade do solo. “Imagina que eles [a Nasa] queiram estudar os ‘terremotos’ em Marte e na Lua, então eles usam sondas gravando esses astros, por exemplo, por cinco dias, e às vezes um terremoto só começava a acontecer no final do quinto dia, então todos os outros quatro dias se tornam um desperdício de sinais que eles mandam pra Terra e isso gera muito [gasto de] dinheiro e energia também (...)”, explica Matos sobre o porquê foi importante criar uma solução para avaliar de forma exata os abalos sísmicos em outros corpos celestes.
A partir de dados de agências espaciais, liberados para a competição, o grupo se juntou naquele final de semana para resolver o problema proposto e em 48 horas conseguiram transformar uma rede neural profunda (deep neural network - DNN) – uma Inteligência Artificial (IA) vista por eles sendo utilizada na medicina para a detecção de tumores – para identificar de forma precisa o início de eventos sísmicos em Marte e na Lua. De acordo com Matos, eles conseguiram treinar do zero essa IA e desenvolver um algoritmo acessível, que qualquer pessoa com um computador consegue reproduzir em casa, facilitando o estudo dessas ocorrências no sistema solar. O projeto também auxilia na economia de recursos como dinheiro e energia.
O time também criou para 42 Quake Heroes um site onde é possível explorar alguns abalos sísmicos identificados por missões da Nasa. Além disso, também há uma explicação detalhada sobre os diferentes tipos de terremotos lunares e marcianos.
“No projeto entrava a questão também de criatividade, e tornar isso acessível para o público é uma pegada que a Nasa tem muito forte. Então, além de fazer um programa que às vezes não é compreendido por muitas pessoas, pensamos em uma forma de apresentar tudo aquilo. E foi onde surgiu a ideia de começar a idealizar um site que ensinasse, em que as pessoas pudessem ouvir os terremotos detectados e que as pessoas mais ‘técnicas’ pudessem ver o resultado do nosso programa", completa Mello.
O Time
Composto por integrantes oriundos da UFU, o time teve seu primeiro sinal de vida em 2023, quando Mello entrou em contato com Chayb – por saber que o estudante já havia participado da competição no ano anterior – porém, naquele momento, a ideia não foi para frente. No ano seguinte, Chayb procurou Mello para participar do Nasa Space Apps Challenge 2024 e, por indicações de amigos e conversas com conhecidos, conseguiram encontrar mais quatro pessoas dispostas a encarar o desafio.
“Em junho do ano passado, eu liguei pra Larissa e falei ‘vamos participar do Nasa Space Apps Challenge 2024, eu tenho certeza que a gente vai chegar pelo menos na final. Foi só para convencer ela, mas se tornou realidade. Então, a Larissa foi a primeira pessoa a voltar para o time, depois a gente chamou o Gustavo, de Belo Horizonte, depois entrou a Aninha, o Alailton e, por último, entrou o Gustavo", lembra Chayb a respeito da formação do time.
Cada integrante tinha uma responsabilidade na criação e elaboração do projeto, que seria a resposta do desafio escolhido. Chayb, líder da equipe e estudante de Sistemas de Informação, foi responsável principalmente pelo backend do sistema (código de programação invisível para o usuário final) e pela solução do problema em si. Mello, estudante de Engenharia Elétrica, mapeou os perfis de projetos vencedores como forma de contribuir para a criação da estratégia de desenvolvimento da ideia, de modo que ela se enquadrasse no esperado.
Matos, que também estuda Sistemas de Informação, trabalhou no treinamento da IA em conjunto com Junior, formado pela UFU em Engenharia Elétrica. Tavares, ex-aluno de Engenharia Biomédica, auxiliou em todas as etapas do projeto, principalmente na elaboração do site e do pré-projeto. A aluna de Engenharia Biomédica, Borges, foi a responsável pela parte visual e criativa do projeto, como o design e o storytelling.
“A gente entrou aqui com 17 e 18 anos, então a UFU nos criou cientificamente. Se a UFU não existisse, provavelmente isso não existiria. E o que faz a universidade são as pessoas, então eu consigo citar professores e colegas que me fizeram estar aqui hoje”, acrescenta Borges sobre o papel da universidade na conquista da equipe.
O Prêmio
Com o prêmio de “Melhor Uso de Tecnologia”, os integrantes da equipe se tornaram “Vencedores Globais” e participarão da Celebração dos Vencedores que acontece em uma das instalações da Nasa nos Estados Unidos em junho de 2025. Eles terão a oportunidade de interagir com líderes da instituição e aprender sobre processos científicos com profissionais da Nasa.
“Minha expectativa para a ida é a melhor possível e acredito que falo também por todos que a ficha ainda não caiu e acho que só vai cair quando entrar no avião. Mas até lá há muito trabalho a ser feito, nós podemos usar o nosso palanque para divulgar ciência, vemos tantos discursos negativos em relação à faculdade, ainda mais na nossa área de tecnologia, então estamos aqui justamente para promover o contrário e mostrar que vale a pena ser um estudante de uma universidade como a UFU”, adiciona o líder da equipe.
“Para a Faculdade de Computação (Facom), é um orgulho muito grande a gente ter dois alunos envolvidos no projeto. Para a UFU é praticamente a equipe inteira porque, ainda que você tenha dois alunos fora, são alunos que passaram por aqui e de alguma maneira a universidade impulsionou eles para alcançar esse resultado”, finaliza Mauricio Cunha Escarpinati, diretor da Facom. Você pode conferir a live da premiação da equipe no canal oficial do Nasa Space Apps Challenge no YouTube, que aconteceu em 16 de janeiro.
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Palavras-chave: #Ciência Campeonato Internacional Nasa equipe inovação tecnológica
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