Publicado em 24/02/2025 às 10:19 - Atualizado em 24/02/2025 às 14:56
Da Região Metropolitana de São Paulo, Guarulhos, foi no Alto Paranaíba, em Monte Carmelo (MG), que a jovem Ana Carolina Gomes Lisbôa concretizou seu sonho: “depois que descobri a área da Engenharia, sempre tive certeza que era isso que eu queria”. Aluna do sexto período do curso de Engenharia de Agrimensura e Cartográfica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Lisbôa já é cientista aos 23 anos de idade.
“O que eu considero mais lindo no conhecimento é o fato dele ser interconectado, ou seja, tudo dá e se pode relacionar, dificilmente aprendemos algo que seja tão restrito ao ponto que não possa ser ‘linkado’ com alguma coisa que já sabemos ou outro assunto paralelo”. Essa é a explicação sobre a Iniciação Científica que ela desenvolve: um projeto que abrange tanto a área da Geologia quanto da Agrimensura. Sua pesquisa envolve o geoprocessamento e o uso de aeronave remotamente pilotada.
O projeto usa drones para mapear terrenos. Primeiro, os dados coletados em campo são inseridos em um software e, depois, as imagens capturadas são alinhadas para formar uma nuvem de pontos, que permite criar um Modelo Digital do Terreno (MDT). Os voos são feitos em diferentes alturas e, no processo, é necessário separar o Modelo Digital de Elevação (MDE) do MDT, pois o MDE inclui tudo o que está na superfície, como árvores e construções.
A ideia principal do estudo é testar se um método chamado "Excesso de Verde" pode ajudar a melhorar essa separação, filtrando melhor os pontos do terreno em áreas com vegetação não muito densa. No final, o objetivo é criar um modelo preciso do relevo de uma área específica chamada corpo kimberlítico, usando um drone.
Lisbôa também contou um pouco sobre suas vivências para além da academia, em entrevista para a série Mulheres e Meninas na Ciência.
Quem é você na plataforma Lattes e fora dela?
Na plataforma Lattes eu sou mais uma aluna que faz parte da comunidade acadêmica/científica de alguma instituição de ensino superior do Brasil. Além do Lattes, eu sou filha, neta, sobrinha, prima, estudante e muitas outras coisas.
Como era a sua relação com a ciência quando você era criança?
Eu sempre fui muito curiosa e sou até hoje. Nunca senti vergonha em perguntar algo que não soubesse a alguém e nunca sofri qualquer tipo de represália por "inventar" algo novo na infância em casa. Certa vez, misturei vários tipos de perfumes para criar um completamente novo. Hoje, esse tipo de "invenção" se manifesta na cozinha. Então, com o avançar da idade, fui sendo direcionada à leitura e pesquisa por incentivo familiar, independente do assunto que fosse. Quando criança sempre gostei de sereias, zumbis, esse tipo de coisa, e me lembro de fazer diferentes estudos a respeito desses temas. Apesar de serem fictícios, sempre fui estimulada a ler e pesquisar. Em suma, minha relação com a ciência foi muito boa.
Qual foi a primeira vez que passou pela sua cabeça a ideia de ser uma pesquisadora científica?
Acredito que com sete ou oito anos. Eu assistia o programa "Vida Selvagem", que passava na TV aberta e era apresentado por um biólogo. Eu me apaixonei por aquilo que ele fazia: ir para campo, pesquisar e observar os animais. Acredito que essa foi a primeira vez que o desejo de ser cientista/pesquisadora passou pela minha cabeça.
Você tem alguma boa história que já vivenciou como cientista e que quando conta todo mundo acha interessante? Poderia nos contar também?
Certa vez, estávamos executando um plano de voo com o drone do meu orientador, Ricardo Luís Barbosa, aqui no campus da UFU. Éramos quatro, contando com o professor. O plano de voo fazia parte da metodologia para a nossa pesquisa. O custo de um Phantom 4 Pro não é algo que qualquer aluno de graduação possa arcar e esse drone já desapareceu uma vez por perda de sinal, indo parar no telhado de uma casa aqui em Monte Carmelo. Seis meses depois, ocasionalmente, foi feita uma manutenção no telhado dessa casa para verificação da antena e o drone estava lá são e salvo esperando seu resgate. Então, você se pergunta: será que um raio cai no mesmo lugar mais de uma vez? Nesse dia, a resposta quase foi um sim. O plano de voo deixava o drone em modo automático com todas as definições pré-definidas. Até então, tudo bem, mas quando o drone passou em cima do bloco B do nosso campus, ele perdeu o sinal, ficou planando sobre o bloco e nada, absolutamente nada, fez ele sair do lugar. O meu orientador, experiente de caso, não parou quieto e andou ao redor do bloco sem parar e nós, alunos, já estávamos dividindo quanto ia ficar para cada um do valor total do drone. Como Deus é bom o tempo todo, eu apertei o botão "return home" e o drone, dessa vez, depois de mais ou menos três minutos de aflição, retornou para nossos braços.
Na sua opinião, o que precisamos para ter mais mulheres e meninas na ciência?
Acredito que temos que incentivar as mulheres e meninas a serem pesquisadoras e cientistas na área em que elas quiserem seguir, independente de qual seja. A ciência em si não é intrínseca ao ramo das engenharias, matemática e biológicas, mas a qualquer vertente do conhecimento. Assim, teremos mais meninas e mulheres na ciência.
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Palavras-chave: Série Mulheres e Meninas na Ciência graduação Geografia
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