Publicado em 04/02/2025 às 09:55 - Atualizado em 04/02/2025 às 11:51
O professor Eduardo Osório Senra, do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia (Iciag/UFU), integrou a XLIII Operação Antártica (Operantar), organizada pelo Programa Antártico Brasileiro (Proantar), que aconteceu ao longo do mês de janeiro deste ano. Essa foi a quinta vez que o pesquisador, membro do grupo Terrantar, sediado na Universidade Federal de Viçosa (UFV), desembarcou no continente para estudar solos, mudanças climáticas e o permafrost, camada do subsolo da crosta terrestre que está permanentemente congelada.
A expedição foi composta por mais dois pesquisadores, Alexandre Ten Caten, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e Alex Pinheiro, da UFV, e teve como objetivo principal a manutenção da rede de monitoramento pedoclimático, processo que envolve a coleta, análise e interpretação de dados relacionados ao solo e ao clima, e a coleta de amostras para análises microbiológicas. Além disso, os pesquisadores utilizarão a missão para investigar a presença de microplásticos nos solos antárticos.
A viagem foi feita a bordo do Navio Polar Almirante Maximiano, da Marinha do Brasil. A travessia pelo estreito de Drake, conhecido por águas turbulentas, foi um dos desafios enfrentados pela equipe. Eles ficaram ao longo das ilhas Shetland do Sul, ao norte da Península Antártica, e estiveram presentes em um dos dias na Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira de pesquisas no continente.
As condições climáticas extremas foram um dos maiores obstáculos da missão. Com ventos fortes, chuva, neve e sensação térmica de até -25°C, os pesquisadores precisaram se adaptar ao ambiente para realizar as coletas. "Quando desembarcamos do navio há uma chance de não conseguirmos voltar caso as condições fiquem muito ruins. Então, temos que desembarcar preparados para nos abrigar caso surja uma emergência", explica Senra. O professor destaca que, nessas situações, o preparo psicológico é tão importante quanto o físico.
As amostras coletadas ainda não foram analisadas, mas estudos preliminares já indicam uma crescente contaminação dos solos e sedimentos marinhos por materiais gerados pelos humanos, incluindo microplásticos. A logística da expedição foi coordenada pelo Proantar, que conta com o apoio da Marinha do Brasil, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Força Aérea Brasileira e do Ministério do Meio Ambiente. O Brasil mantém a estação que foi reconstruída em 2020 após um incêndio em 2012. A estrutura inclui laboratórios, alojamentos, auditório e um ginásio de esportes, proporcionando suporte essencial para as pesquisas.
Os dados coletados durante a expedição serão fundamentais para monitorar as mudanças ambientais na Antártida e projetar impactos futuros. "Grande parte das nossas pesquisas depende de um monitoramento contínuo, portanto, é fundamental que possamos coletar com frequência os dados que, após o processamento, ajudam a interpretar com que intensidade estão ocorrendo as alterações e, principalmente, projetar os impactos futuros não só para o continente antártico, como áreas adjacentes", ressalta Senra.
O grupo Terrantar planeja continuar a instalação de placas solares e transmissores de dados por satélite para aumentar a eficiência e autonomia dos sensores. Além disso, novas áreas estão sendo prospectadas para a instalação de equipamentos e o mapeamento. A participação de Senra na operação reforça o papel dos pesquisadores da UFU e do Brasil no cenário científico internacional, destacando a importância das pesquisas nacionais para o entendimento das mudanças climáticas globais.
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Palavras-chave: antártida antártica pesquisa microplástico solo
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