Publicado em 10/07/2024 às 10:02 - Atualizado em 25/07/2024 às 10:25
Entre os dias 7 e 20 de junho, o Núcleo Terrantar realizou a primeira expedição ao Polo Norte, com a participação do professor Eduardo Senra, do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). A expedição é um marco na ciência polar brasileira que, além da Antártica, agora inclui o Ártico. O projeto é coordenado pelos professores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Carlos Schaefer e Márcio Francelino, que pesquisam as áreas frias da Antártica e Região Andina desde 2003.
A expedição, que contou com a parceria da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, instalou os primeiros sítios de monitoramento do permafrost, camada do subsolo da crosta terrestre que está permanentemente congelada, e da camada ativa, que é aquela capaz de se descongelar. O estudo está sendo feito na Groenlândia, com sensores de temperatura e umidade do solo, além de sensor de dióxido de carbono (CO2) e transmissor via satélite.
O grupo foi dividido em duas duplas: os professores Senra e Francelino focaram na região de Kangerlussuaq, estudando solos e o permafrost, enquanto o professor Schaefer e o discente da UFV, Alex Pinheiro, atuaram na região de Nuuk, parte mais ao sul da Groenlândia, estudando antropossolos Vikings que têm mais de mil anos.
Senra explica que os sensores coletam e armazenam dados com transmissão via satélite para acompanhamento remoto. “Permafrost é a camada que fica permanentemente congelada, ela tem grande importância porque ela está acoplada com a temperatura da atmosfera e tende a descongelar em cenários de aquecimento global. Consequentemente, irá emitir mais CO2 para a atmosfera, daí a importância de medir a emissão desse gás também”, completa o professor.
O projeto está em franca expansão para a região da Cordilheira dos Andes e áreas do Polo Norte, onde novas tecnologias vêm sendo testadas. “Os pesquisadores da UFU têm assumido cada vez mais importância na coordenação e execução dos trabalhos, além do envolvimento de alunos de pós-graduação da UFU”, destaca Senra. No final de julho, uma nova expedição irá desenvolver trabalhos na região de Cusco, no Peru.
Núcleo Terrantar
O Núcleo Terrantar se formou há 20 anos, buscando investigar o funcionamento e a complexidade dos ecossistemas terrestres da Antártica. Ele é formado por pesquisadores da UFV e instituições parceiras do Brasil, como a UFU, e do exterior.
O projeto tem como objetivo realizar estudos voltados à caracterização das propriedades físicas, químicas, biológicas e mineralógicas dos solos da Antártica, bem como as relações deles com os outros elementos, como geomorfologia, geologia, vegetação e fauna.
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