Quadrinhos com audiodescrição contam história do bairro Patrimônio de Uberlândia

“Patrimônio de Nossa Senhora da Abadia”: essa é a origem do nome do bairro Patrimônio, do município de Uberlândia (MG), pois foi à santa que um latifundiário doou os 12 alqueires que formam esse bairro, em 1883. Antes, a região já tinha sido habitada por indígenas e quilombolas. A Igreja Católica, de posse do bairro, passou a fazer contratos de enfiteuse com os primeiros habitantes oficiais, que deveriam pagar a ela uma renda anual. Essa população era formada, principalmente, por negros que haviam sido explorados pelo sistema escravista.

Esse e outros fatos são contados no livro ‘Patrimônio: Histórias de um bairro em quadrinhos’, organizado pelo técnico Luiz Rogério e pelo professor João Agreli, ambos vinculados ao curso de Artes Visuais do Instituto de Artes (Iarte) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Os quadrinistas são estudantes, também do curso de Artes Visuais: Natalia Rodovalho, Matheus Freitas, Lucas Esteves, João-Lucas Belo e Rafael Viana.

São histórias sobre pessoas, culturas, religiosidades e trabalhos que fizeram, e fazem, o município de Uberlândia ser como é. Os dados históricos foram apurados por Rogério, que atualmente cursa Mestrado Profissional em Formação Docente para a Educação Básica, na Uniube, em que desenvolve a pesquisa ‘Patrimônio: práticas culturais do bairro e sua contribuição para a efetividade da aplicação das leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008’. 

A partir das informações levantadas, os quadrinistas têm autonomia para elaborar seus roteiros e ilustrações, explica Agreli. O professor participa de outros projetos de divulgação científica por meio dos quadrinhos, como a coleção Bio HQ. Ele conta que sua formação é em design gráfico e que já trabalhou com ilustração científica, então, vem daí a sua preocupação, que difere um pouco da arte, de desenvolver uma comunicação com mais clareza e focada em um público-alvo.

As leis 10.639/2003 e 11.645/2008 estabelecem as diretrizes e as bases da educação nacional para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena. Por isso, Rogério acredita que a obra tenha potencial para ser adotada nas escolas. 

O técnico teve ainda o cuidado de incluir, no livro, o recurso de audiodescrição, que apresenta as imagens por meio da descrição oral, em arquivos que podem ser acessados com o escaneamento, pela câmera do celular, dos QR-codes disponíveis ao longo das páginas. O recurso auxilia, principalmente, pessoas com deficiência visual ou que não foram alfabetizadas.

‘Patrimônio: Histórias de um bairro em quadrinhos’ recebeu recursos do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC) da Prefeitura Municipal de Uberlândia e está disponível para compra na Editora da UFU.

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