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Dia do Trabalho

PGD abre caminho para o aprimoramento do serviço público

Gestão pautada no planejamento, monitoramento e avaliação muda paradigma do trabalho na UFU; servidores relatam experiência com novo formato

Publicado em 30/04/2025 às 11:58 - Atualizado em 30/04/2025 às 18:48

Atualmente, 742 servidores da Universidade Federal de Uberlândia estão no Programa de Gestão e Desempenho. (Imagem: Canva)

 

Ao celebrarmos o "Dia do Trabalho", observamos um cenário em profunda transformação. Como seria trabalhar em um modelo que valoriza resultados, em vez de controle de ponto? E se o serviço público federal, tradicionalmente visto como engessado, estivesse na vanguarda de uma revolução silenciosa na forma de trabalhar?

Na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), estas perguntas já têm resposta. Desde a implementação do Programa de Gestão e Desempenho (PGD), em 1º de agosto de 2023, a universidade tem proporcionado aos seus servidores mais autonomia, planejamento e monitoramento sistemático do trabalho.

Mas o que isso significa na prática? Quais histórias pessoais emergem desse novo modelo? Como essa mudança afeta o serviço prestado à sociedade e o equilíbrio entre vida profissional e pessoal de quem serve ao público?

 

O que é o PGD e como está sendo implementado na UFU

Esta é uma ferramenta de gestão regulamentada por lei federal, que busca melhorar o desempenho institucional vinculando o trabalho dos participantes às entregas das unidades e ao Plano Institucional de Desenvolvimento e Expansão (PIDE-UFU). Mais do que permitir trabalho remoto, o programa estabelece uma cultura de resultados, onde o planejamento, monitoramento e avaliação devem ser constantes.

Atualmente, a UFU conta com 742 servidores atuando sob o PGD — aproximadamente 44% dos servidores da instituição (não inclui servidores vinculados ao Hospital de Clínicas). As modalidades são distribuídas da seguinte forma:

 

PGD na UFU Modalidades Participantes

 

Segundo Sebastião Elias da Silveira, pró-reitor de Gestão de Pessoas, o programa foi implantado com uma estrutura descentralizada. "As adesões estão por conta das unidades, que definem se vão aderir ou não, quem vai entrar ou não. O que gera o dado geral da UFU é meramente a somatória das unidades e servidores que estão aderindo", explica.

 

Pessoas por trás dos números

Mas o PGD não pode ser resumido aos dados. Atrás desses números estão histórias de vidas transformadas. Servidores que antes enfrentavam horas no trânsito, viviam longe da família ou mesmo consideravam deixar seus cargos para buscar maior qualidade de vida, hoje encontram no PGD uma alternativa que preserva sua produtividade e melhora seu bem-estar.

 

Josiene no seu 'escritório'
Josiene no seu 'escritório', em Jaguariúna - SP. (Foto: Arquivo pessoal)

 

Josiene Rosa Maia Campos, administradora da Divisão de Pessoal (Dipes), exemplifica essa transformação. Antes do PGD, ela morava em Uberlândia com os dois filhos, enquanto o marido trabalhava em outra cidade. Os encontros familiares eram restritos a feriados e datas comemorativas, e Josiene já cogitava deixar a UFU devido a essa distância. Hoje, graças ao teletrabalho integral, ela reside com toda a família em Jaguariúna, interior de São Paulo. "O PGD me permite trabalhar remotamente, me permite inclusive morar em outra cidade", relata.

De forma semelhante, Heber Silveira Coimbra, desenhista técnico especializado da Editora da UFU (Edufu), também se beneficia do teletrabalho integral para estar mais próximo de seus familiares. Hoje, ele mora em Florianópolis (SC) e tem uma experiência positiva. "A produtividade até melhorou. O setor é organizado; tudo é muito planejado. A Edufu já tinha uma cultura de planejamento, o que facilitou o ingresso no PGD", afirma.

Sílvia Regina de Lima, auxiliar em administração da Faculdade de Medicina (Famed), também em teletrabalho integral, destaca: "A experiência tem sido positiva. Fatores como redução de custos de deslocamento para o local de trabalho e a proximidade da família contribuem para a melhora na qualidade de vida."

Para o pró-reitor Sebastião Elias da Silveira, o PGD representa mais do que flexibilidade de trabalho. "O grande mérito é forçar um processo de aperfeiçoamento institucional e dos processos de trabalho na instituição. É elementar mapear processos e organizá-los, o que seria o primeiro passo para qualquer planejamento institucional", avalia.

O pró-reitor também ressalta um importante rompimento de paradigma: "O PGD permite superar uma visão quantitativa do processo de trabalho do servidor. O sujeito que está 40 horas dentro da universidade não significa que efetivamente está contribuindo com o processo de trabalho na instituição. Ele pode estar remotamente e dando grandes contribuições."

 
Heber e familia em Florianópolis
Heber trabalha na UFU e mora em Florianópolis para ficar próximo da família. (Foto: Arquivo pessoal)
 
Comunicação é importante

Os benefícios relatados pelos servidores no PGD vão além da comodidade. Marcella Almeida Rubens, assistente em administração na Divisão de Carreira dos Técnicos Administrativos (DICAT), relata sua experiência. "Neste mês iniciei no PGD em teletrabalho parcial e, estando gestante, percebo ainda mais benefícios. Trabalhar em casa tem sido extremamente positivo: evito o trânsito, posso usar roupas mais confortáveis e consigo manter uma alimentação mais saudável", enumera.

"No meu setor, não percebo desvantagens relacionadas ao PGD. A comunicação com a gestora é excelente; ela sempre dá feedback para nos organizarmos com antecedência. Acredito que essa é a chave do sucesso para o PGD: comunicação", analisa Marcella.

Já a secretária executiva Fabiane de Deus Teixeira compartilha como o PGD na modalidade de teletrabalho parcial foi implementado em sua equipe, evidenciando uma estratégia cuidadosa de organização e comunicação. "Na Secretaria-Geral, o teletrabalho parcial é realizado em escala, a qual é elaborada de forma que sempre haverá ao menos uma servidora para atendimento presencial por dia. Em geral, cada servidora trabalha de forma presencial dois dias na semana", esclarece.

A preocupação com o alinhamento e a integração da equipe é um ponto central em sua abordagem. "Além disso, temos uma reunião mensal com a equipe toda para alinhamento, o que acho muito importante tanto para repasse de assuntos tratados quanto para maior entrosamento da equipe", acrescenta Fabiane. Essa metodologia demonstra como o teletrabalho pode ser estruturado de forma a manter a conexão e a produtividade da equipe.

Sobre a eficiência do modelo, ela aponta: "Como a maior parte do trabalho pode ser feita no computador, não há prejuízo nas entregas. A comunicação entre a equipe se fortaleceu, já que estabelecemos uma rotina de, todos os dias, conversar por meio de recursos de mensagens para dividir as atividades e para tirar dúvidas quanto a procedimentos."

Nathalia Scalabrine Rocha, tradutora e intérprete de língua de sinais na Divisão de Ensino, Pesquisa, Extensão e Atendimento em Educação Especial (Depae), participa do PGD na modalidade presencial e avalia o seu momento profissional: "O PDG me favoreceu muito, tanto como cumprimento das demandas específicas do meu setor, que é de acessibilidade, como também o facilitador de não bater ponto, efetivando minhas tarefas de forma mais transparente, visto que atuo em sala de aula junto do professor."

Aline de Souza Martins, administradora da Escola Técnica de Saúde (Estes), que atualmente participa do PGD na modalidade presencial, observa: "Já participava do PGD com teletrabalho parcial, mas estou recente na Estes; por isso, atualmente estou na modalidade presencial. Trabalhar com entregas é muito bom, pois conseguimos mensurar, de fato, o nosso trabalho e os benefícios para o público."

 

Visão do sindicato

Gilberta Maria Pires, coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições Federais de Ensino Superior de Uberlândia (Sintet-UFU), traz uma visão institucional sobre o programa. "A implementação do PGD na UFU é de extrema importância, principalmente porque estimula os servidores a melhorarem sua produção e organizarem melhor seu tempo de trabalho e o tempo particular, motivando-os à melhoria dos serviços públicos de um modo geral", argumenta.

Ela enfatiza que os benefícios têm sido notáveis: "Temos percebido um certo alívio nos participantes e equivocadamente como muitos pensam, esse programa não enfraquece e nem mesmo debilita o trabalho, visto que se notou um aumento na produtividade e na eficiência nas entregas. Além disso, não poderemos esquecer que o trabalho remoto pode reduzir sobremaneira os custos e desperdícios, resultando em economia para a instituição."

A coordenadora conclui: "O sindicato está de acordo com o programa, desde que este continue sendo benéfico, valorize o trabalhador e os motive para um trabalho mais positivo e gratificante."

 

Apoio institucional

Sebastião Elias da Silveira reafirma o compromisso da Universidade Federal de Uberlândia com o programa. "A gestão é favorável ao PGD. Isso foi assumido pela nova gestão desde o início, não só na manutenção do programa, como em seu aprimoramento. A primeira premissa é não criar obstáculos para a consolidação do programa. Não há nenhuma movimentação no sentido de revogar resoluções ou construir um ambiente institucional que coloque abaixo essa ação."

As áreas com maior adesão ao programa são o Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação (CTIC), a Diretoria de Qualidade de Vida e Saúde do Servidor (Dirqs) e a Diretoria de Administração e Controle Acadêmico (Dirac). Confira a distribuição de participantes por setor:

 

O pró-reitor enfatiza que "o PGD é uma política institucional. Não é de uma unidade específica ou de um servidor específico. Significa que estamos avançando para consolidar o PGD, o que representa um processo permanente de avaliação e aperfeiçoamento."

 

Desafios e pontos de atenção

Apesar dos benefícios evidentes, o PGD também apresenta desafios. A distância do convívio social com colegas pode ser um fator desafiador, especialmente para servidores em teletrabalho integral.

A comunicação eficiente entre gestores e equipes é apontada pelos entrevistados como fundamental para o sucesso do programa. É o que informa a servidora Marcella Almeida Rubens. "Sempre fazemos uma reunião por semana para todas ficarem cientes do que aconteceu em cada frente de trabalho e planejarmos a semana seguinte."

Outro desafio está na adaptação às novas tecnologias e na criação de uma rotina disciplinada de trabalho, especialmente para quem está em ambiente doméstico, onde distrações podem ser mais frequentes. Como bem observado por Josiene Rosa Maia Campos, é necessário "maturidade para entender que você está trabalhando", mesmo estando em casa.

Para os servidores em teletrabalho integral, o pró-reitor Sebastião Elias da Silveira deixa uma mensagem especial: "Reafirmar que vocês pertencem à Universidade Federal de Uberlândia. Não se desvinculem da universidade, cuidem de manter essa identidade institucional. O desafio para quem está em PGD integral é maior, no sentido das unidades acompanharem as métricas e a produção dessas pessoas."

Ele complementa: "Trabalhar na universidade não pode ser só uma relação com a tela do celular ou do computador. Você precisa interagir com os colegas, viver a unidade. A cultura é fruto da convivência."

 

Como participar do PGD?

O processo de adesão ao Programa de Gestão e Desempenho é estruturado em três etapas principais:

  1. Adesão pela UORG (Unidade de Gestão do Programa): a partir do diálogo com os servidores, é elaborada uma proposta de adesão que deve ser aprovada pelo Conselho da Unidade;

  2. Adesão pela Unidade Subordinada: uma vez que a UORG esteja autorizada, as chefias das unidades podem elaborar um plano de entregas, tornando-se unidades executoras do PGD;

  3. Adesão individual do servidor: o servidor deve estar em exercício em uma unidade executora (que possua um plano de entregas ativo) e cumprir os requisitos definidos na proposta de adesão apresentada pela UORG.

É importante ressaltar que a participação no PGD não é um direito adquirido, mas uma oportunidade condicionada às necessidades do serviço e ao cumprimento das metas estabelecidas.

 

Acompanhe os resultados do PGD

A transparência é um dos pilares do programa. Por isso, a UFU disponibiliza um painel de acompanhamento dos resultados onde é possível verificar dados atualizados sobre a implementação e o desempenho do PGD em toda a universidade.

"O objetivo do PGD é um objetivo nobre, que é o aperfeiçoamento da gestão. Nossa gestão, historicamente, precisa ser aperfeiçoada para termos equilíbrio entre os recursos disponíveis para a universidade", finaliza o pró-reitor Sebastião Elias da Silveira.

No Dia do Trabalho, celebramos não apenas a dedicação dos trabalhadores, mas também a evolução das formas de trabalho. O PGD na UFU exemplifica como o setor público pode ser pioneiro em transformações que beneficiam servidores, instituições e, em última análise, toda a sociedade que depende de serviços públicos de qualidade.

 

 

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