Publicado em 09/06/2025 às 10:52 - Atualizado em 11/06/2025 às 15:05
Nos últimos anos, a relação entre a saúde física e a saúde mental vem recebendo grande destaque. Especialistas já alertam sobre como o estresse pode afetar negativamente nosso corpo e mente, o que fez Eloah (@eloahxyz), seguidora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) no Instagram, questionar como o ato de reclamar pode afetar o cérebro.
Para responder a essa pergunta, conversamos com Matheus Ferreira Gomes, médico e membro da Academia Brasileira de Neurologia, que explicou como a reclamação está associada à expressão vocal. Do ponto de vista neurológico, o ato de reclamar envolve uma série de processos cerebrais que estão relacionados à expressão vocal de sofrimento e à percepção empática por parte dos ouvintes. “A percepção de sofrimento em queixas vocais aumenta a atividade em áreas emocionais da voz”, esclarece o neurologista.
Além disso, a maneira como o órgão central do sistema nervoso processa essas queixas envolve tanto aspectos da emoção quanto da cognição, pois está associada a alterações de conexão e ativação dos neurônios. Gomes comenta que o cérebro processa reclamações de maneira complexa e que o padrão de entonação e ritmo na fala desempenha um papel crucial na forma como as queixas são percebidas e processadas.
Gomes explica também que, baseado na literatura médica disponível, não há evidências que sustentem a ideia de que reclamar frequentemente, por si só, cause danos cerebrais. Isso sugere que as queixas podem refletir problemas afetivos, mas não indicam diretamente danos estruturais. No entanto, considerando um contexto de estresse contínuo, em que pessimismo e reclamações são também uma constante, pode haver liberação de cortisol, aumentando, por exemplo, o risco de pressão alta e redução da imunidade.
Quando há depressão e/ou transtorno de ansiedade envolvidos, queixas associadas a alterações na função cerebral podem ocorrer. Além disso, o consumo excessivo de álcool, tabagismo, sedentarismo e privação de sono são alguns exemplos de outras práticas comportamentais que podem ser prejudiciais ao cérebro.
Para rebater os possíveis danos que a reclamação pode causar, é recomendável ter hábitos saudáveis, como a prática de exercício físico, boa alimentação, e o neurologista acrescenta que manter a mente ativa e em constante aprendizado pode melhorar a cognição geral, a memória e a função mental em diversas faixas etárias.
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Palavras-chave: cabeça reclamar neurociência #Ciência
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