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Leia Cientistas

Onde estão os médicos de que o Brasil precisa?

Pesquisa revela descompasso entre sonhos e necessidade

Publicado em 25/07/2025 às 12:38 - Atualizado em 28/07/2025 às 15:41

Foto: Freepik

 

Para melhorar a efetividade dos serviços de saúde no Brasil, é essencial entender o que leva à escolha das especialidades médicas e como os especialistas estão distribuídos atualmente. Esse conhecimento é chave para combater a escassez e a má distribuição de profissionais de saúde.

O artigo científico Especialidades mais desejadas e fatores que influenciam essa escolha numa faculdade pública brasileira, publicado na Revista Brasileira de Educação Médica, investigou as preferências de especialidades médicas de estudantes de graduação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e os fatores que influenciam essas escolhas. 

 

Principais resultados

As especialidades mais procuradas pelos estudantes foram cirurgia geral (9,8%), ginecologia e obstetrícia (8,7%), cardiologia (8%), pediatria (6,4%), neurologia (6,4%), psiquiatria (6,1%) e clínica médica (5,5%).

A atuação na área de atenção primária à saúde (APS) foi a menos desejada, com apenas 4,5% das escolhas. Esse dado é preocupante, visto que a atenção básica é fundamental para as necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS) e o país enfrenta dificuldades na contratação de médicos para essa área, além de uma má distribuição geográfica de profissionais.

Os principais fatores que impactam a escolha das especialidades são a afinidade com a área, ambiente de trabalho, busca por conhecimento mais amplo ou específico e as oportunidades de emprego.

Outro dado interessante do estudo é que 40,4% dos estudantes entrevistados mudaram a especialidade desejada ao longo do curso, sendo pediatria a especialidade com maior taxa de desistência de interesse. Fatores como admiração por um docente, duração da residência e a importância de conhecimento amplo ou específico influenciam a decisão de mudar de especialidade. 

A maioria dos estudantes (38,4%) preferiria atuar na atenção secundária e atenção terciária (25,4%). A APS foi a menos escolhida (4,5%). Em relação à renda, 49,1% dos estudantes almejam uma renda familiar de mais de 20 salários mínimos.

 

Conclusão e implicações sociais

Os resultados deste estudo são importantes para orientar as políticas de formação médica e as decisões dos próprios estudantes. A baixa preferência pela atenção primária e a concentração em outras especialidades podem agravar a má distribuição de profissionais de saúde no Brasil, impactando diretamente o acesso e a qualidade do atendimento à população. Pesquisas futuras são necessárias para comparar esses resultados em diferentes contextos e currículos médicos, buscando adaptações curriculares que beneficiem a comunidade em geral.

 

*Stefan Vilges de Oliveira é professor do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia. Coordena o projeto de extensão Boletins Epidemiológicos de Uberlândia e é líder do grupo de pesquisa em Ecoepidemiologia de Zoonoses.


 

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