Contraponto, quadro do programa Trocando em Miúdos, comemora 10 anos

Em 2025, o quadro Contraponto, do programa Trocando em Miúdos, da Rádio Universitária FM, completa 10 anos. Criado pelo radialista e jornalista aposentado da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Márcio Alvarenga, o quadro tem como objetivo debater temas a partir de dois pontos de vista. Para a edição comemorativa, em consonância com a campanha Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla que ocorre anualmente entre os dias 21 e 28 de agosto, a deficiência foi o tema escolhido para o debate. A edição comemorativa foi gravada na noite da última quinta-feira, 21 de agosto, no auditório do bloco 5S, no campus Santa Mônica, e  vai ao ar neste sábado, 23 de agosto, pela Rádio Universitária FM.

Como debatedores da mesa, a secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Anna Paula Feminella, e o coordenador paralímpico do Praia Clube e professor aposentado da UFU, Alberto Martins da Costa.  A mediação foi de Carlos Henrique de Carvalho, reitor da UFU. Em sua fala, Carvalho  relembrou os anos de graduação em História, em que para ter acesso às aulas necessitou da ajuda dos colegas, já que o prédio não tinha acessibilidade. O mediador da noite, que é primeiro reitor cadeirante da UFU, também reforçou a importância da discussão sobre o tema. “Primeiramente é conscientizar a sociedade de que a deficiência não é uma limitadora. Quem coloca as limitações não é a pessoa com deficiência, é o preconceito estrutural. É claro que existem questões  infraestruturais, por exemplo, eu sou cadeirante, eu preciso de uma rampa, e para isso eu preciso das políticas públicas e, ao mesmo tempo, é preciso garantir oportunidades”, afirma.

Já Feminella destacou o conceito de deficiência. “A deficiência é o oposto de eficiência? Não! Deficiência, pela perspectiva de direitos humanos, é construção social em torno do corpo, do indivíduo, que apresenta algum impedimento ou alguma diversidade, que pode ser física, sensorial, auditiva, visual, intelectual ou psicossocial, mas isto não é o suficiente para definir o que é deficiência. São os nossos corpos extraordinários com as barreiras que a sociedade constroem em torno de nossa vida”, explicou.

E para quebrar estas barreiras, o esporte representa uma importante ferramenta, assim como apresentou Costa: “Eu tenho bastante convicção de que [esporte] é a  ferramenta mais eficiente para a inclusão da pessoa com deficiência, [...] porque ele traz não só a quebra de barreiras consigo, onde a pessoa consegue reconhecer os seus limites, mas reconhecer também, as suas capacidades, as suas potencialidades. Então o esporte para mim é uma das maiores ferramentas para inclusão social”.

Além da mesa de debate, a comemoração de aniversário contou com apresentações musicais dos integrantes do Instituto de Artes (Iarte/UFU). Daniel Lovisi, professor do curso de Música, e a aluna do curso, Carolina Emilia, realizaram um dueto com violão e voz; já os integrantes da Orquestra Popular do Cerrado, Lucas Joly, José Eduardo, Lucas Guarato e Matheus Freitas, fizeram uma apresentação de jazz.

A noite também contou com o lançamento do livro “Delicadamente Forte”, autoria de Lorraine Crozara, nutricionista do Hospital Universitário da UFU, e de Sarah Bueno, modelo. A obra traz as trajetórias das autoras como mulheres com deficiência já na fase adulta, Crozara, aos 25 anos, após uma doença autoimune, e Sarah, aos 22, após um tiroteio. “Nós conhecíamos o mundo antes e depois de adquirir uma deficiência. Este livro é uma manifestação nossa de amor à vida, é uma manifestação de continuidade”, refletiu Crozara.  

A produção apresenta as histórias por meio de uma analogia com o ciclo de vida das borboletas em quatro grandes momentos: lagartas, casulos, metamorfoses e borboletas. A obra pode ser adquirida diretamente com as autoras pelas redes sociais.

Confira, abaixo, as imagens do fotógrafo Milton Santos do evento:

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