Publicado em 04/08/2025 às 16:38 - Atualizado em 05/08/2025 às 14:45
A ciência e a inovação caminham cada vez mais lado a lado e a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) se destaca como exemplo dessa integração ao ter um projeto aprovado no edital “Cientista Empreendedor”, promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Voltada a pesquisadores interessados em transformar conhecimento acadêmico em soluções aplicáveis ao mercado, a iniciativa selecionou apenas 22 das 182 propostas submetidas, sendo a da UFU a única na área metalmecânica.
O projeto, intitulado Desenvolvimento Incremental da Tecnologia Manufatura Aditiva por Deposição a Arco (MADA) para Fabricação de Componentes Metálicos Funcionais para Reposição, conquistou o 10º lugar na chamada Fapemig 015/2024, refletindo o alto nível técnico e o potencial de impacto industrial.
O projeto, coordenado por Luciana Carvalho, diretora de Inovação e Transferência de Tecnologia da UFU, e subcoordenado pelo cientista empreendedor Vinicius Lemes Jorge, doutor em Engenharia Mecânica pela UFU e colaborador do Centro para Pesquisa e Desenvolvimento de Processos de Soldagem (Laprosolda), conta também com integrantes como o professor Américo Scotti, pesquisador 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e referência nacional em soldagem. A Fundação de Apoio Universitário (FAU) é responsável pela gestão dos recursos do projeto.
Lemes Jorge destaca o desejo de tornar a manufatura aditiva mais acessível e viável industrialmente: “É a realização desse sonho que todo mundo tem e que também é o nosso, de tentar fazer a manufatura aditiva por deposição a arco (MADA) chegar a um patamar de ser bastante utilizado industrialmente. Começamos a pensar em tecnologias que poderiam ser inovadas ou melhoradas dentro da cadeia de processamento.”
Conhecida como impressão 3D de metais por meio do processo de deposição a arco, essa é uma tecnologia promissora. Embora já utilizada em contextos acadêmicos, ainda não é explorada comercialmente no Brasil devido aos altos custos e à complexidade técnica.
A grande contribuição do projeto está em desenvolver soluções que tornem o processo mais eficiente, econômico e atrativo para o setor produtivo, permitindo a fabricação de peças metálicas sob demanda, especialmente para reposição com menor tempo de produção e maior sustentabilidade ambiental e financeira.
Com apoio do Centro de Incubação de Atividades Empreendedoras (Ciaem), a startup está em fase de estruturação e capacitação. Entre os objetivos imediatos estão a prospecção de empresas interessadas na tecnologia, o aprimoramento das inovações previstas e a consolidação de um plano de negócios sustentável para inserção no mercado.
Além disso, o grupo adota o conceito de “fábrica verde”, priorizando unidades menores, replicáveis, com impacto ambiental reduzido e alto potencial de inclusão social e educacional. Estudantes da graduação, pós-graduação e ensino médio estarão futuramente envolvidos no projeto como parte da formação de uma nova geração de pesquisadores e empreendedores tecnológicos.
O foco do projeto está em avanços progressivos dentro da cadeia de manufatura aditiva. O objetivo é resolver obstáculos já identificados no processo, como tempo excessivo de produção, necessidade de pós-tratamento térmico e falta de previsibilidade de custos.
Para isso, estão em desenvolvimento três soluções principais:
“Inteligência artificial é uma coisa muito popularizada e que nem sempre é o que a gente está escutando. Ela ajuda, mas tem que fazer parte do seu processo, não substituir o seu processo”, explica Scotti sobre a integração de novas tecnologias e complementa que: “Hoje tudo tende a andar muito rápido, mas não pode perder essa visão de que não é só fabricar. Tem que fabricar de forma economicamente sustentável.”
Embora ainda em fase inicial, a equipe já possui uma trajetória consolidada em pesquisas. A expectativa, especialmente com a recente inserção da UFU entre as universidades do bloco Brics, é que essa tecnologia também ganhe visibilidade internacional e se conecte a demandas globais por soluções sustentáveis e customizadas.
“Fazer parte dos Brics, para a universidade, é uma janela de oportunidade, à medida que, toda vez que a gente tem cooperação, a gente amplia o mercado potencial e agrega. Então, em algum momento, nós vamos apresentar as nossas pesquisas, as nossas startups, aquilo que a gente promove aqui dentro. Acho que isso dá mais visibilidade para a proposta. Eles estão em uma fase que eu acho que ainda vão definir qual é o mercado deles. Depois disso definido e estruturado, por que não o mercado internacional?”, enfatiza Carvalho.
O reconhecimento da Fapemig evidencia o protagonismo da UFU na interface entre ciência, mercado e inovação, e na formação de empreendedores científicos com impacto real na sociedade.
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Palavras-chave: Ciência inovação Propp
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