Publicado em 01/10/2024 às 10:09 - Atualizado em 02/10/2024 às 12:37
“Eu gosto de ir ao banco, pagar, pegar o recibo e colocar lá na minha gavetinha.” Este relato da Adelina Félix, mulher de 84 anos que participou do episódio #124 do “Ciência ao Pé do Ouvido”, revela uma preocupação que perpassa todas as idades: como cuidar de nossas transações financeiras quando o dinheiro é digital?
Pensando nisso, a produção do podcast convidou o economista Welber Tomás de Oliveira, do Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU) para tirar dúvidas sobre segurança no uso de tecnologias financeiras e analisar o cenário atual, em que o Estado brasileiro tem desenvolvido soluções de qualidade, como o Pix.
A equipe também foi até a Universidade Amiga do Idoso (Unai/UFU) para conversar com quatro mulheres que têm diferentes percepções e usos do dinheiro digital: Helena (85 anos), Marilene (70 anos), Valdete Roma (69 anos) e, a já citada, Adelina Félix.
A constatação foi que o dinheiro digital é para todas as idades. Fazemos compras e contratamos serviços pela internet, pedimos comida e transporte por meio de aplicativos instalados no celular e gerenciamos pagamentos, empréstimos e diversos outros recursos disponibilizados por bancos digitais.
Há exatos quatro anos, até mesmo quem não se arriscava tanto com essas tecnologias passou a utilizar o Pix, sistema do Banco Central do Brasil para transferências monetárias instantâneas, disponível 24 horas por dia, em substituição a outros meios de pagamento, como o TED e o DOC, que têm horário definido para realização, limite de valores, custos agregados e maior tempo de processamento.
Desde quando substituiu o escambo (troca direta de um produto por outro) na história da humanidade, o dinheiro teve seu valor baseado primeiro nas moedas feitas de ouro e prata. Com o tempo, o papel-moeda passou a expressar as reservas desses metais raros pelos países. O chamado “padrão ouro” só mudou na década de 1970, quando os Estados nacionais passaram a garantir que possuem riquezas equivalentes ao valor representado pelo dinheiro em papel. Atualmente, o papel passa a ser questionado pelas novas gerações como forma de guardar o valor do dinheiro, já que a informação como dígito registrada pelos bancos se torna mais perene, segura e acessível.
A conversa com Adelina, Helena, Marilene e Valdete, na Unai/UFU, revelou que, muito além de ter acesso e saber usar aplicativos de celular, existe uma preocupação com a segurança dos recursos digitais. Manter-se seguro e atualizado quanto às formas de gestão financeira pessoal é uma questão que perpassa todas as idades e contextos sociais.
Welber ressalta que as tecnologias desenvolvidas pelo Estado ampliam a segurança das transações financeiras. “É importante a gente notar que o Pix é um sistema ultra seguro. Eu não tenho notícia, por exemplo, de fraude no sistema Pix, de alguém ter conseguido corromper o sistema e desviar recursos dentro do sistema. O que a gente percebe são golpes ou transferências feitas sob ameaça, a mesma lógica de um roubo, a mesma coisa que a pessoa tomar seu celular na rua”, constata.
O economista também sugere que, “para ampliar a segurança, basta manter o celular com os aplicativos atualizados, senhas em segurança e, se possível, ativar a segurança em duas etapas, que dificulta bastante no caso de alguém roubar o celular”.
Capacidades estatais
Além do Pix, o Banco Central já está testando o Drex - versão digital do real brasileiro, que permitirá a compra e venda instantânea de produtos digitais e físicos, atrelando os pagamentos à transferência de bens. A previsão é que o sistema seja disponibilizado para a população até o final de 2024. Para o economista, “o Brasil está estruturando um sistema de propriedade que é digital, que vai ser unicamente identificado. Então, a gente passa por uma maior segurança jurídica na propriedade dos bens”.
Oliveira destaca que tanto o Pix quanto o Drex demonstram que o Brasil vem desenvolvendo sua capacidade estatal. “São políticas públicas de Estado, não de governo. O Pix começou a ser desenvolvido em um governo, foi lançado em outro governo e vem crescendo em outro governo. [...] O Pix é um desenvolvimento do Banco Central, instituição do Estado brasileiro, que tem tido capacidades estatais. Ele se propõe a criar um sistema de pagamentos instantâneos e, de fato, cria um sistema bom, seguro e que todo mundo utiliza. Essa eficiência é uma questão relevante em termos de desenvolvimento econômico”, conclui.
Confira esse bate-papo no episódio #124 do podcast “Ciência ao Pé do Ouvido”, disponível nas principais plataformas de podcast e em nossa página no portal Comunica UFU.
O podcast é produzido pela Divisão de Divulgação Científica da Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) e conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
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Palavras-chave: podcast Ciência ao Pé do Ouvido Divulgação Científica Economia dinheiro digital idosos
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