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Ciência

Método alternativo pode facilitar diagnóstico e tratamento da hepatite C

O estudo desenvolvido por cientistas da UFU mostra-se relevante para superar as limitações de processamento de amostras em várias partes do mundo

Publicado em 14/04/2022 às 09:10 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:39

Victória Groshe, à direita, realiza testes no Laboratório de Virologia da UFU. (Foto: Milton Santos)

Responsável por mais de 180 milhões de infecções em todo o mundo, o vírus da hepatite C (HCV) é caracterizado pelo processo inflamatório persistente do fígado. É transmitido através do compartilhamento de seringas, instrumentos de unha, lâminas ou qualquer forma de contato com sangue contaminado e majoritariamente identificado em países de baixa e média renda (PBMRs). Ao contrário do que se pode pensar, a transmissão sexual é pouco frequente e o risco de uma mãe contaminar o filho através da amamentação é cerca de 6%.

A dificuldade de diagnóstico e a falta de acesso ao tratamento adequado fazem com que o HCV continue se propagando nos PBMRs, de modo que aproximadamente 60% a 85% dos casos se tornam crônicos - com longa ou indefinida duração - e 20% evoluem para cirrose ao longo do tempo. 

Com o objetivo de estabelecer um protocolo de fácil acesso, foi proposto pela graduada em Biomedicina pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e atualmente doutoranda em Microbiologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Victória Grosche, o diagnóstico da hepatite C por meio de amostragens de manchas de soro seco - amostras de sangue coletado dos pacientes - (DSS).

 

Victória Grosche mostra o processo de diagnóstico proposto em seu estudo. (Foto: Milton Santos)

Em colaboração com o Instituto Adolfo Lutz, com o professor Diego Pandeló, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), e sob a orientação da professora Ana Carolina Jardim, do Laboratório de Virologia da UFU, o estudo avaliou a viabilidade da análise genotípica do HCV do DSS em um grupo de 80 pacientes do estado de São Paulo. A partir das amostras coletadas pelo método, foi possível identificar aminoácidos de resistência ao tratamento por meio do sequenciamento genético realizado na Universidade de Nottingham, Reino Unido.

A partir do diagnóstico é possível propor um tratamento adequado como forma de combater as moléculas resistentes, utilizando antivirais específicos de ação direta (DAAs) e que causem menos danos aos pacientes. Os principais benefícios do uso do DSS são o baixo custo e a pequena estrutura necessária para realizá-lo, permitindo que seja aplicado nos países de baixa e média renda, onde a incidência da hepatite C é maior.

Publicado na revista da maior sociedade de microbiologia da Europa, a Microbiology Society, o trabalho representa, para Grosche, a chave para acessar locais onde há uma epidemia muito grande da doença. “Quanto mais publicarmos este tipo de método, mais pessoas podem reproduzi-lo e estudá-lo, tornando-o cada vez mais acessível a diversas comunidades”, ressalta a doutoranda.

 

O método

A análise de amostragens de manchas de soro seco (DSS) funciona através de um tipo de papel filtro, comumente usado em outras técnicas laboratoriais como exames de sangue e urina. No trabalho, foram utilizados os soros dos pacientes, que, após serem colocados no papel e aguardado o tempo de espera, foram enviados para o Laboratório Adolf Lutz, onde foi possível realizar o sequenciamento genético.

A próxima etapa consiste em analisar a sequência genética e identificar os possíveis aminoácidos de resistência, que guiarão para o tratamento mais adequado. Todo processo dura em média uma semana.

 

Modelo do processo, desde a análise de amostragens de manchas de soro seco (DSS) até a análise do sequenciamento genético. (Imagem: Arquivo dos pesquisadores)

 

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Palavras-chave: Ciência hepatite c laboratório de virologia Umuarama biomedicina groshe

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