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ENTREVISTA

Novo diretor do Hospital Veterinário elenca as prioridades e metas de sua gestão

Informatização, melhorias na rede elétrica, elaboração do Regimento Interno do HVU e constituição de um conselho estão entre os primeiros objetivos de Diego Delfiol

Publicado em 30/05/2017 às 08:25 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:15

Deixar um projeto pronto e orçado para as novas instalações do HVU no Campus Glória é um dos principais planos da direção recém-empossada. (Foto: Milton Santos)

Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Anhanguera (Uniderp), em Campo Grande (MS), e com especialização, mestrado e doutorado conferidos pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), Diego José Zanzarini Delfiol é professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) desde 2014. Em votação realizada no dia 18 de abril, ele foi eleito para ser o diretor do Hospital Veterinário Universitário (HVU) ao longo do próximo quadriênio. Confira, na entrevista abaixo, as principais propostas de Delfiol para o mandato que começou no início de maio.

Na sua opinião, quais foram os principais motivos para a sua vitória na consulta eleitoral?

Desde o primeiro momento em que ingressei na UFU, em 2014, me envolvi diretamente no Hospital Veterinário, que é um local que gosto muito e onde me sinto extremamente à vontade para trabalhar. Vim com ideias novas e percebi algumas necessidades. Daí comecei a colocar estas ideias em prática, principalmente no Setor de Grandes Animais, onde atuo. Também trouxe uma filosofia um pouco diferente, buscando parcerias com os residentes e com os próprios alunos. Acredito que o conhecimento deste meu estilo e do meu modo de trabalho foram fatores decisivos para esta votação expressiva. Apesar de estar há apenas três anos na UFU, tenho 10 anos de Hospital Veterinário, em outras instituições em que trabalhei como veterinário ou residente. Esta experiência também pode ter influenciado bastante na opção pelo meu nome.

O plano de trabalho apresentado durante a sua campanha é extenso, com quatro laudas. Quais itens são prioritários e buscados desde o início da gestão?

Hoje temos duas situações extremamente delicadas e importantes para serem resolvidas. A primeira é a demanda de energia elétrica, pois temos alguns equipamentos que não podem ser instalados simplesmente porque a rede não comporta. A outra questão emergencial é a informatização do HVU. Estas são as prioridades iniciais. Mas também temos a necessidade de melhorias no atendimento, sobretudo diminuindo o tempo de espera. Nossa ideia é trabalhar com consultas agendadas; estamos nos programando e nos preparando para isso. Outra demanda importante é a implantação do ambulatório de especialidades; já estamos com o de endocrinologia funcionando e vamos começar a implantar os de outras áreas, conforme a possibilidade.

Em que pé está a elaboração do Regimento Interno do hospital?

Estes trabalhos tiveram início em 2014, mas estão parados e infelizmente até hoje ainda não temos este documento. Na semana passada encaminhamos à Reitoria uma nova comissão que formamos para retomar a elaboração deste documento. Estamos esperando a nomeação dela para darmos os próximos encaminhamentos necessários. Pretendemos, nos próximos 90 dias, já estar com esta situação resolvida.

Uma de suas propostas é a criação de um conselho para discussões e decisões sobre várias questões relacionadas ao HVU. Como ele seria constituído?

Temos alguns setores no hospital, como o de Grandes Animais, Clínica de Pequenos Animais, Cirurgia de Pequenos Animais, o Setor de Laboratório Clínico. A ideia é reunir neste conselho um representante de cada um desses setores, bem como um representante discente, um dos residentes, o diretor da Faculdade de Medicina Veterinária (Famev) e um membro externo para que possamos tomar as decisões em conjunto. Os componentes deste conselho seriam indicados pelos seus respectivos setores ou segmentos.

E com relação ao pleito pela extinção ou, ao menos, redução da taxa de 12% para o Fundo Institucional de Desenvolvimento da Universidade Federal de Uberlândia [instituído pela Resolução 05/2002, do Conselho Universitário]?

Sim, queremos que esta situação seja revista. De toda a nossa arrecadação, 12% vão para o Fundo Institucional, sendo que nós nos consideramos um laboratório gigante de ensino e esta taxa não é cobrada em laboratórios de ensino. É assim, por exemplo, nas fazendas experimentais. Essa é uma conversa que já vinha em andamento, antes mesmo de eu assumir a direção do hospital. Ao que parece, a Reitoria da UFU está sensibilizada com a ideia e a tendência é de que tenhamos êxito nesse pleito.

O que precisa ocorrer para que o atendimento do Hospital Veterinário em sistema de 24 horas seja viabilizado?

Existe uma normativa do Conselho Federal de Medicina Veterinária estipulando que todos os hospitais veterinários atendam neste regime de 24 horas. No início deste mês eu participei do XIV Fórum Nacional de Dirigentes de Hospitais Veterinários Universitários das Instituições Federais de Ensino Superior (Fordhov) – realizado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba (PR) –, e essa normativa foi discutida no evento. Precisaríamos de praticamente o dobro de funcionários em relação ao quadro atual. São muitas arestas que precisam ser aparadas para podermos ter este atendimento 24 horas. Não vamos desistir, apesar de ser um sonho difícil, devido à condição econômica, mas um passo muito importante que estamos caminhando para dar é ativar a internação desses animais. Hoje temos internações em dois setores: Grandes Animais e Animais Silvestres. Já os animais pequenos são atendidos e, às 18 horas, precisam ser encaminhados para uma clínica particular ou continuar a receber os cuidados em casa mesmo, a partir das instruções que damos aos donos. A ideia agora é implantar uma escala de revezamento com os nossos residentes. Também estamos fazendo umas adaptações pontuais na estrutura do HVU para conseguirmos ativar esta internação noturna e, ao menos, amenizar o problema.

O concurso para contratação de farmacêuticos, assistentes sociais e médicos veterinários é outro ponto apresentado no seu plano de trabalho e que seria importante para melhorar o atendimento...

Com certeza. Ainda vamos agendar uma reunião sobre este tema na Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas, mas o foco do hospital mudou muito em relação à clientela. O nosso serviço é cobrado, mas somos procurados por muitas pessoas carentes que precisam de serviço assistencial. Então nós também fazemos isso, porém, muitas vezes não conseguimos realizar uma triagem de quem realmente precisa, porque não contamos com nenhum assistente social. A presença deste profissional facilita muito o dia a dia dos hospitais veterinários. Quanto ao farmacêutico, também há uma normativa que estipula a necessidade deste profissional no HVU. Então, precisaríamos de pelo menos um assistente social e dois farmacêuticos. Quanto a médico veterinário, atualmente contamos apenas com os residentes, que são temporários e ficam aqui por dois anos. A cada ano, 18 dos 36 saem e são substituídos por novos residentes. Não temos nenhum veterinário contratado pela UFU; os dois que temos são contratados pela Fundação Desenvolvimento Agropecuário (Fundap) – responsável pela administração financeira do hospital. Somos um dos únicos hospitais veterinários do Brasil que não têm nenhum veterinário contratado. Isso acaba nos limitando bastante, pois os professores muitas vezes não podem ficar o tempo inteiro na rotina, devido às suas várias outras atribuições. Acaba sendo mais na questão de boa vontade. Precisaríamos de pelo menos 10 médicos veterinários contratados para darem o suporte adequado a todas as áreas.

Um dos seus compromissos de campanha é o apoio à implantação da jornada de trabalho de 30 horas semanais para os técnicos administrativos. Vai ser possível cumpri-lo?

Já conversamos com os técnicos para vermos a viabilidade desta questão. Está dependendo que se faça uma escala, de modo que andamento do nosso serviço não seja comprometido. Tendo esta garantia, não há motivos para negar este pleito. O que vejo de mais positivo com esta mudança seria o aumento do horário de funcionamento do hospital: hoje é das 7h às 17h e passaria a ser das 7h às 19h. Mas repito que é um assunto que ainda está sendo discutido; inclusive, temos uma representante do HVU participando da Comissão de Implantação das 30 horas na UFU.

Uma das novidades que a sua gestão pretende trazer para o hospital é a criação do Laboratório de Nutrição Clínica de Pequenos Animais. Qual seria o ganho com este novo espaço?

Este novo laboratório iria apoiar bastante o Laboratório de Endocrinologia, que já está funcionando. Temos uma professora na Zootecnia com especialidade em nutrição de carnívoros que já está acertada conosco. Então faltam apenas detalhes para podermos abrir este serviço. Recebemos muitos casos de cães obesos, com endocrinopatias e que precisam de uma nutrição adequada. Existem rações especiais para estes animais, mas nem todo proprietário tem condições de adquiri-las e nem todo animal se adapta bem a elas. Por isso seria importante a presença de um profissional que possa prescrever uma dieta equilibrada e específica para este tipo de animal. Com certeza, a melhora na qualidade destes atendimentos seria significativa.

Qual é a sua opinião sobre a transferência do HVU para o Campus Glória?

Toda a Faculdade de Medicina Veterinária já está migrando para o Glória, ou seja, tanto o curso de Veterinária como o de Zootecnia estão indo para lá. Há um tempo boa parte das aulas já está acontecendo no novo campus e a tendência é de que o nosso hospital também faça esta mudança. Nossa preocupação é de poder fazer um projeto das novas instalações, deixando este projeto pronto e orçado, com uma estrutura que tenha uma logística maior e ofereça mais espaço. A verdade é que o HVU cresceu muito nos últimos anos, principalmente em termos de atendimentos, e não temos mais estrutura para esta demanda. Precisamos pensar no futuro desde já; e ele será no Campus Glória.

Como a sua gestão pretende atuar quanto às parcerias com as associações protetoras?

Temos parcerias com algumas destas instituições, fazendo atendimentos para vários protetores de animais que nos procuram. A Polícia Ambiental também traz animais para o Setor de Animais Silvestres, cuidamos de cães da Polícia Militar e sempre tentamos ajudar de alguma forma a população carente que precisa dos nossos serviços. Fazemos tudo, de acordo com as nossas possibilidades e limitações. Vamos precisar rever todas estas parcerias para analisar a questão da viabilidade e até quando vamos poder ajudar. Infelizmente, a realidade é que o hospital está numa situação delicada, com contas a pagar à Fundap. Por isso que reitero a importância da vinda de uma assistente social que vai poder proporcionar uma melhora no processo de triagem. O que faço questão de ressaltar é que estamos aqui para atender a população de Uberlândia, porém também somos uma instituição de ensino e vamos sempre priorizar pela qualidade de ensino. O HVU é um local onde fazemos ensino, pesquisa e extensão. É importante que estes três pilares sejam cada vez mais fortalecidos para que o hospital possa ficar cada vez mais forte e consolidado.

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