Publicado em 15/05/2020 às 13:41 - Atualizado em 22/08/2023 às 20:29
Candidatos realizando a prova de 1ª fase do vestibular 2019/2 da UFU. (Foto: Marco Cavalcanti)
As salas de aulas das escolas brasileiras estão vazias por causa da pandemia de Covid-19. Por isso, muitos alunos têm dificuldades para estudar sem acompanhamento pedagógico em casa. Na rede pública, o ensino a distância é menos abrangente do que na rede privada. Para tentar resolver essa questão, os projetos ‘Aluno ensina’ e ‘Enemzando’ foram criados por discentes da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Também há iniciativas de alunos dos cursos de Letras.
O objetivo é auxiliar os estudantes que vão prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que já está com inscrições abertas. A prova foi adiada pelo Ministério de Educação (MEC) na última quarta-feira, 21, e ainda não possui datas confirmadas.
Enemzando
Esse cursinho on-line surgiu por ideia do estudante Edivaldo Carvalho, do curso de Jornalismo da UFU, e de outros universitários, inclusive de outras instituições. Carvalho leciona disciplinas de Ciências Humanas no projeto. O posicionamento do MEC, que inicialmente recusou o adiamento da edição 2020 do Enem, motivou a criação da plataforma de estudos.
As aulas são planejadas para acompanhamento via smartphone e estão sendo transmitidas pelo aplicativo Instagram desde 18 de maio. Não é necessário se inscrever. O tempo médio das aulas é de uma hora, a depender do conteúdo.
Os colaboradores querem atingir, principalmente, estudantes de escolas públicas. “Muitos alunos ainda não têm acesso aos notebooks, ou internet. Percebemos que há um uso grande de celular no Brasil e escolhemos o Instagram porque ele tem diversas formas de interação”, explica Carvalho. Os conteúdos das 13 disciplinas que compõem a prova do Enem foram priorizados pela ordem de incidência na prova, ou seja, o que mais foi abordado no exame nos últimos anos.
O fundador do projeto acredita que o ‘Enemzando’ é uma maneira de democratizar o conhecimento e a universidade. Ele estudou em escolas públicas durante os ensinos Fundamental e Médio e quer ajudar outros estudantes a ocupar as vagas nas universidades públicas, assim como ele foi ajudado. “Por causa da pandemia, a estrutura de aulas não está sendo boa. A rede só está sendo possível graças ao colaboradores. Nós prezamos pelo ensino público gratuito e universal”, finaliza.
Aluno Ensina
Marcio Henrique de Jesus Oliveira veio da cidade de São Paulo para estudar Medicina na UFU. Ele concluiu o Ensino Médio em uma escola pública e fez parte de cursinhos comunitários para ser aprovado na universidade. Para retribuir o investimento educacional que recebeu, o acadêmico fundou o projeto ‘Aluno Ensina’, junto com Deir Grassi, que também cursa Medicina.
O projeto tem colaboradores de diversas faculdades e as aulas são disponibilizadas pelo seu site. Para assisti-las, é necessário fazer matrícula. As inscrições podem ser feitas desde o final da transmissão inaugural, realizada pelo Instagram, no último dia 17. O grupo de Whatsapp da organização pode ser acessado AQUI.
O objetivo do cursinho é ir além das videoaulas: haverá grupos no aplicativo de mensagens Telegram para dar dicas das disciplinas, lives para sanar dúvidas e acompanhamento e correção de redações. “O ideal do curso é de democratizar o acesso ao Ensino Superior, por meio dos estudantes universitários que têm os estudos sustentados pelo povo. Concluí o Ensino Médio pela escola pública, sem muita perspectiva. Quero apresentar para as pessoas a possibilidade de que é possível ingressar no Ensino Superior”, diz Oliveira. De acordo com o fundador, há cerca de 1.200 pessoas interessadas em participar. A página do Instagram do cursinho já tem mais de 9 mil seguidores.
Lavínia Amaral Campos Alves é professora de Matemática do cursinho. Assim como Oliveira, ela estuda Medicina. Porém, o caminho até a aprovação foi muito diferente: “Durante a minha vida inteira tive a melhor educação possível, estudei nas melhores escolas particulares e cursinhos. Passei em Medicina na UFU e, há dois anos, tenho os meus estudos 'bancados' por todos os brasileiros. E isso criou uma dívida interna entre mim e a sociedade. Eu precisava de alguma forma retribuir tudo o que eu recebi durante esses anos.”
A futura médica entende que nem todos os alunos tiveram as oportunidades educacionais que ela teve, e busca ajudar as pessoas com o seu conhecimento. Ela explica que a ideia inicial era montar um cursinho presencial, mas, devido à pandemia de Covid-19, a iniciativa teve que ser adiada. “Claro que existe a dificuldade que nem todo mundo tem internet em casa, e o cursinho presencial diminuiria esse problema. Eu já dava aulas particulares de matemática; então, lecionar no cursinho seria mais um horário na minha agenda”, afirma. Oliveira espera que o projeto atinja as pessoas que mais precisam. “É claro que não estamos consertando toda a educação com um cursinho comunitário. Mas, ao mesmo tempo, um projeto como esse tem importância na vida das pessoas”, finaliza.
O estudante de Letras - Português da UFU João Vitor Santos Gondim preparou uma série de vídeos como uma maratona literária para o vestibular. Todas as análises estão disponíveis na plataforma IGTV, do Instagram. Vale lembrar que a data do vestibular da UFU foi suspensa, e ainda não foi remarcada. Confira as obras analisadas pelo estudante:
Retratos de Carolina - Lygia Bojunga
A rosa do povo - Drummond de Andrade
A moratória - Jorge Andrade
O cortiço - Aluísio Azevedo
Contos negreiros - Marcelino Freire
A cor púrpura - Alice Walker
O Programa Idiomas sem fronteiras, do Instituto de Letras e Linguística (ILEEL), está promovendo cursos on-line de línguas. A prova sobre uma língua estrangeira é obrigatória no Enem e no vestibular. Confira a programação dos cursos e o período de inscrições no Instagram do programa ou pelo site.
Palavras-chave: UFU vestibular cursinho literatura
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